Ingrid_mayara 10/10/2017
Minhas impressões de leitura
Sempre que eu ouvia falar desse livro, imaginava que fosse uma grande aventura marítima, um tipo de Moby Dick sem baleia; algo que não costumava me interessar. Resolvi sair um pouco da minha zona de conforto e fiquei curiosa quando, ao adicioná-lo como meta de leitura no Skoob, soube que ele é inspirado numa história real de um náufrago, tornando-se ficção com uma mistura de aventura, drama, geografia, história, suspense e mistério, e ainda menciona o Brasil diversas vezes. Ele é tudo isso e muito mais!
Narrado em primeira pessoa, Robinson Crusoé é uma história que se desenvolve com várias referências bíblicas, e lembra um pouco o personagem Riobaldo de “Grande Sertão: Veredas” em suas reflexões sobre a divindade. Boa parte do relato é apresentada como um diário, com uma escrita proposital para dialogar com quem o lê.
Destaco aqui uma parte em que Robinson faz uma lista com os benefícios e malefícios de estar naquela situação, assim concluindo: “(...) e que isso sirva como uma indicação de que, mesmo vivendo a mais desgraçada das condições deste mundo, sempre podemos encontrar alguma coisa que nos sirva de consolo e, no levantamento dos bens e dos males, possa ser lançada em nossa coluna de crédito”. E então ele decidiu que ao invés de ficar se lamentando por tudo o que passou, começaria a lutar pela sobrevivência com o intuito de um dia poder sair da ilha onde se encontrava.
Confesso que a narrativa estava ficando monótona quando de repente entra em cena um personagem a quem Robinson Crusoé nomeou Sexta-Feira, um nativo que permitiu ser escravizado após ter sua vida salva por ele. Robinson rejeita a vida selvagem a que levava seu companheiro Sexta-Feira, por isso tenta influenciá-lo a ser parecido com ele, um homem civilizado. Ensinou-lhe um pouco da língua inglesa, como deveria lidar com algumas ferramentas que não conhecia e também lhe transmitiu suas interpretações da Bíblia, desprezando os costumes de seu escravo.
Há um visível contraste nessa “amizade” entre Robinson e Sexta-Feira: enquanto o narrador nunca menciona se sente falta dos familiares ou o sonho de vê-los novamente, Sexta-feira salta e canta de alegria num reencontro com seu pai, o que muito impressiona seu amo/mestre e no decorrer da história, torna-se uma excelente companhia para Robinson Crusoé.
Só não dei cinco estrelas porque minha experiência de leitura foi um pouco arrastada no início, mas certamente recomendo a leitura da obra nessa mesma versão integral que eu li, da Penguin-Companhia. Não sou religiosa, mas gostei bastante do livro e pretendo reler essa história algum dia.
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