@tigloko 09/02/2023
A inquietação do espírito aventureiro
Acompanhamos a vida de Robinson Crusoé durante suas aventuras pelos mares até o dia em que ocorre um naufrágio em seu navio. Depois do incidente ele fica preso em uma ilha deserta tendo que sobreviver e encontrar um meio de escapar.
Gostei de como é mostrado a sobrevivência dele na ilha, as ?gambiarras? que teve que fazer pra viver ali com o pouco que tinha. Mas teria gostado mais se não tivesse tantos detalhes, a todo momento. Se tornou uma leitura cansativa por causa desse excesso.
Apesar de também ser excessivo, gostei dos momentos em que Robinson faz suas reflexões sobre a natureza da fé, os pecados que ele cometeu, são bem escritos. A fé funciona como um porto seguro mais do que o normal para ele. Ele relaciona passagens da Bíblia com situações do seu cotidiano na ilha que são interessantes como Saul, Elias e a parábola do rico e Lázaro, para citar alguns exemplos.
A principal temática do livro é a inquietação do espírito aventureiro de Robinson. Esse sentimento de querer mais, de sempre buscar um algo a mais mesmo que não necessite, o persegue durante sua jornada. O que acaba causando vários problemas para ele. É um dos pontos positivos do livro como um todo.
Foi um livro que tive grande dificuldade em separar o momento que foi escrito com o pensamento atual. A forma como Robinson enxerga outras religiões, a escravidão( que para ele, e toda sociedade da época, não era um pecado), foram difíceis de aceitar durante a leitura. Mesmo com esse esforço de reflexão, não consegui simpatizar com o personagem apesar de todo o isolamento que ele passou na ilha e o sofrimento dos acontecimentos. Geralmente consigo separar mas dessa vez foi complicado torcer para um personagem que enriqueceu as custas da escravidão.
Enfim, foi bom para conhecer, principalmente pelas passagens bíblicas e algumas batalhas que movimentaram o livro. Mas não diria que foi um livro marcante.