O pagador de promessas

O pagador de promessas Dias Gomes




Resenhas - O Pagador de Promessas


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Che 17/09/2017

SINCRETISMO VIRA-LATAS
Poucos anos antes da publicação da peça do soteropolitano Alfredo de Freitas Dias Gomes, Nelson Rodrigues criaria uma expressão que até hoje define o sentimento de inferioridade do brasileiro médio acerca dos valores que vem do dito 'Primeiro Mundo' (Europa ocidental, Estados Unidos, Japão, etc): o complexo de vira-latas.

A peça de Dias Gomes me parece versar fundamentalmente sobre esse sentimento, todavia enviesada não para o futebol (como Rodrigues contextualizava), mas para um aspecto mais amplo da cultura. A negação dos 'valores da senzala' (o candomblé) em favorecimento dos 'valores da casa grande' (o cristianismo) aparece aqui em uma de suas representações artísticas mais emblemáticas. E nos faz perguntar: será o vira-latismo, essa visão de nós mesmos como um 'senzalão' de 200 milhões de habitantes que deve estar à serviço da colonização (inclusive cultural) de Europa e EUA, infelizmente, é uma marca característica da brasilidade, a ponto de nos definir enquanto povo?

Li a tragédia de Zé-do-Burro propositalmente logo depois de encerrar outra peça icônica sobre a brasilidade: "O Auto da Compadecida", de Ariano Suassuna, entendendo que essa leitura dupla poderia me fazer pensar melhor justamente no tema do que caracteriza o nosso povo culturalmente. E a conclusão agridoce que chego após "O Pagador de Promessas" é que, sim, o nosso 'vira-latismo' é uma característica provavelmente irreversível e indissociável da nossa cultura.

Digo agridoce, porque há prós e contras: se por um lado há o já referido complexo de inferioridade descrito no termo rodrigueano, há também a beleza e riqueza de um povo miscigenado não só em genótipo e fenótipo, mas em hábitos culturais que mesclam o europeu com o africano, com o indígena, com o asiático. Esse sincretismo, na religião e fora dela, que é uma marca nossa, não aparece sem resistência e embates internos, bastante reveladores sobre quem são os dominadores e quem são os dominados.

Como na peça de Suassuna, publicada no mesmo período histórico de "O Pagador de Promessas" - o ínterim entre o suicídio de Getúlio Vargas para adiar o golpe militar e a efetivação deste em 1964 -, há uma série de elementos 'folclóricos' caros ao brasileiro: o malandro seguidor da "Lei de Gérson", a "prostituta maternal que gosta de sofrer" (Tim Maia dizia que só no Brasil elas gozam), a esposa infiel no limite da repressão sexual, os religiosos (do alto e baixo clero) de moral duvidosa e desligada dos próprios princípios da 'tolerância cristã', etc. São todos elementos presentes tanto em Suassuna, quanto em Dias Gomes. Se eles dois perceberam tudo isso, é porque são elementos de fato marcantes e profundos da brasilidade. E a desventura de Zé-do-Burro ainda acrescenta outro elemento: a cooptação de dramas aparentemente individuais pelo sensacionalismo da imprensa marrom, tema pra lá de atual visto à luz de 2017, quase sessenta anos depois da estreia da peça.

"O Pagador de Promessas" ainda foi adaptado pra cinema, numa versão que consegue a façanha de ser absolutamente fiel a todos os elementos do material original e ainda ir um pouquinho além: na peça, por exemplo, Marli e Rosa não chegam a partir pra briga de fato, diferente da cena memorável do filme. A meu ver, o longa-metragem de Anselmo Duarte, merecidamente laureado com a Palma de Ouro, é o segundo melhor filme nacional de todos os tempos, perdendo somente para o imbatível "Cidade de Deus". Pra quem já leu a peça, vale recomendar o filme e vice-versa. Ambos permanecem, no que tem de belo e principalmente de trágico, atualíssimos.
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Silvia.Leticia 16/04/2017

Intolerância, algo que precisa ser debatido
Esse livro contém inúmeros assuntos que merecem ser discutidos de forma reflexiva.

Apesar de a intolerância religiosa ser o conflito mais chocante presente na trama, há outros temas que podem gerar cerca reflexão, como por exemplo, a infidelidade, crença, inocência e a mídia manipuladora.
Por ser uma peça teatral, é possível realizar a leitura em apenas algumas horas bem agradáveis, pois apensar de toda a tragédia, há pequenos momentos cômicos.
Para quem for professor essa é uma boa opção para levar para a sala de aula com o intuito de discutir sobre os temas citados acima, pode ser um trabalho bem produtivo.
Indico mil vezes, já li três vezes e não me canso nunca.
Fiz uma pequena análise no meu blog:
https://lerparaqueblog.blogspot.com.br/2017/04/o-pagador-de-promessas-dias-gomes.html

Dê uma olhadinha caso queira saber mais sobre os assuntos apresentados na obra. Não é uma resenha, é uma análise.
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Jeniffer 11/02/2017

O pagador de promessas
Mais uma obra de Dias Gomes que tive a grande oportunidade de ler, graças à editora Bertrand. Como citei na resenha de O Bem-Amado, a editora está relançando os livros de Gomes com uma nova diagramação, linda por sinal, e com isso traz a oportunidade de novos leitores se interessarem pelo teatro brasileiro tão bem escrito de Dias Gomes.

O Pagador de Promessas é sobre Zé-do-Burro, que ao pedir à Santa Bárbara ou Iansan que seu burro se salvasse de uma grave doença, agora tenta cumprir a promessa que se pôs à realizar, carregando uma cruz até ao santo altar da igreja de Santa Bárbara mais próxima. Essa igreja localiza-se em Salvador, onde termina de chegar junto com sua esposa. Os dois andaram por muito tempo, porém, ao explicar como se ocorreu a promessa de Zé-do-Burro à Iansan, que ele acredita ser a mesma que Santa Bárbara, o padre da referida igreja não o entende e o proíbe de adentrá-la pois, o pobre moço não fez promessa pra Santa católica e sim para um orixá do 'demônio'.

A grande problemática está instaurada e agora o desenrolar da trama se passa a partir daí. Os personagens são, novamente, alegorias de cidadãos da sociedade brasileira, seja ela do interior nordestino ou não. Dias Gomes sabe como construir um enredo que prenda ao leitor sobre o que irá acontecer com eles, como essa estória irá terminar e quais críticas ele traz em sua estória?!

As críticas são muitas. Desde a promessa mal sucedida, as contradições da igreja católica e as traições que ocorrem ao decorrer da trama. O preconceito, a traição, o oportunismo e a cegueira religiosa são os temas presentes nessa obra.

Zé do Burro ainda ao cumprir promessa, divide suas terras com pobres, além de carregar a cruz pesada por sete léguas e é completamente mal interpretado pelo jornalista que se interessa por sua história. Aliás, o pobre cumpridor de promessas é mal interpretado por todos, sem exceção. Porém, o personagem carrega a persistência dita do verdadeiro brasileiro, indivíduo carregado de fé e esperança, Zé se manifesta como todo cristão verdadeiro, pelo menos deveria, ser: obstinado à ser honesto não só com a santa, mas consigo mesmo.

A leitura dessa peça se faz não só prazerosa por uma escrita tão singular e tão própria brasileira, mas também pelas reflexões sociais que ela traz, assim como O Bem-Amado, Dias Gomes consegue maravilhosamente nos surpreender com uma estória de teor reflexivo sobre questões sociais tão bem elaborada.

site: https://monautrecote.blogspot.com.br/2014/11/resenha-o-pagador-de-promessas.html
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Jonatha.Silva 02/01/2017

Belíssimo
Um belo livro, um das minhas primeiras aventuras no universo da literatura brasileira, Lembro-me até hoje de ler o livro com um sotaque, comecei assim e não parei. E foi tão instigante a história que se eu fosse ler novamente, faria do mesmo jeito.
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@Matcholo 22/11/2016

Do simples se faz o grande, Dias Gomes é ídolo, suas histórias são atemporais e suas obras milimetricamente perfeitas.
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Mari 23/10/2016

Burro ou ingênuo?
Este é um livro que aborda uma forte “crítica aos rígidos princípios de setores da Igreja e da sociedade que julga e condenam desconhecendo as raízes históricas e sociais dos próprios cultos”.

A história se passa na Bahia e possui um cenário típico da região. Todo enredo está ligada a uma promessa feita por Zé-do-burro a Santa Bárbara, este acompanhado de sua mulher, Rosa, com o intuito de pagar a promessas caminha 7 léguas carregando uma enorme e pesada cruz nos ombros a uma igreja dedicada a Santa Bárbara localizada em Salvador.
Ao contar ao pároco da igreja, Padre Olavo, as circunstâncias em que foi feita a promessa, este o proíbe de entrar na igreja. Zé-do-burro obstinado em cumprir sua promessa permanece no local o que chama atenção de todos na região.

O pagador de promessas trás fortes críticas a todas as instâncias de poder sendo elas culturais, politicas e econômicas, que automaticamente atuam de forma afastar cada vez mais das necessidades do povo diante um processo de modernização. Desta forma, Zé, sendo a representação do povo simples, possui dificuldade em compreender e comunicar com o padre que rejeita o sincretismo entre a Iansã e Santa Bárbara. Nota-se também, uma forte intolerância religiosa fato que se alastra por todo o livro. Além disso, existe uma crítica à corrupção dos meios de comunicação mostrando claramente como ocorre inversão dos fatos o que pode gerar uma manipulação social.

O pagador de promessas é um livro de leitura obrigatória que aborda um contexto da época, década de 50 e 60, trazendo vários conflitos entre o Brasil rural e o urbano presente na onda de modernização que assolava o país, principalmente, conflitos esses que no livro, são sintetizados pelo conservadorismo clerical. O livro é escrito como uma peça teatral de fácil leitura e compreensão. Recomendo. Busquei ser breve e sucinta ao abordar a história para não dar spoiler.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: GOMES, Dias. O pagador de promessas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010.
Ricardo 09/08/2019minha estante
O tema instiga a curiosidade de quem se interessa em conhecer os costumes e a forma de pensar do povo que vive no interior do país. E mais do que isso, convida à reflexão sobre os diversos Brasis dentro do mesmo país.
Valeu!




Rúbia 17/09/2016

Zé e sua ingenuidade
Hi, lovelies ; )

O livro é escrito como uma peça de teatro, o que de início pode parecer estranho, mas que na verdade torna a leitura mais fluida e rápida. O Pagador de Promessas se passa na cidade de Salvador, nos anos 60 e narra a sina de Zé-do-burro e Rosa, sua esposa.

Zé é um cara humildão que mora no interior da Bahia. Tudo corre bem na vida dele até no dia que Nicolau, seu burro e fiel escudeiro, adoece. O personagem principal vai à loucura procurando uma cura para seu burro-amigo, mas nada resolve, até o dia que ele faz a dramática promessa de que levaria uma cruz (em tamanho real e tão pesada quanto a de Jesus, diga-se de passagem) até a Igreja de Santa Bárbara em Salvador se o burro fosse curado.

Milagrosamente Nicolau melhora e é hora de cumprir a promessa.

Depois de andar 40 km para chegar à dita igreja, Zé não contaria com o fato de que o padre o impediria de cumprir sua promessa, já que foi feita em um terreiro de macumba para uma mãe de santo do candomblé.

O resto da resenha está no nosso blog. Dá uma passadinha lá pra checar o que achei desse livro. ; )

Bjinhos

site: http://tmlqa.com.br/resenha-o-pagador-de-promessas/
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Garotas de Pemberley 07/04/2016

O livro nos faz pensar diversas questões a fé das pessoas e a que ponto chegam, a persistência da igreja católica em não deixar o personagem entrar, por ter feito a promessa a um santo, que não é da própria igreja.
Por Josana Walter

Continue lendo no blog =D

site: http://asgarotasdepemberley.blogspot.com.br/2016/03/o-pagador-de-promessas.html
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Matheus 14/06/2015

O livro “o pagador de promessas” de Dias Gomes(publicado no ano de 1960).
Conta a história de um homem chamado Zé do burro que sai de sua cidade no sertão da baia com uma cruz para pagar sua promessa. A história já virou uma peça teatral e um filme que foi publicado no ano de 1962, Já em 1988 a rede globo fez uma minissérie com 12 capitulos dessa grande obra. O livro assim como o “O Auto da Compadecida” é escrito em forma de peça, a história faz você refletir e é bem interessante pois você conhece o contexto social daquela época em que zé do burro vivia.
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Nanda 08/06/2015

O livro O pagador de promessas de Dias Gomes ( Edições de Ouro, 1960, 240 páginas). Ele foi um romancista, dramaturgo, autor de telenovelas e membro da Academia Brasileira de Letras.
A obra conta a história de Zé-do-Burro, um homem de muita fé que fazia muitas promessas. Seu burro Nicolau sofreu um acidente e estava entre a vida e a morte. Zé-do-Burro querendo salvar seu amigo, faz uma promessa a Santa Bárbara. Nicolau melhora e Zé junto com sua mulher Rosa vão pagar a promessa. Eles andam sete légua até chegar a cidade. E lá acontece o inesperado. Zé-do-Burro é um bom ingênuo, religioso. Rosa é uma mulher aparentemente bonita e queria uma vida melhor.
É uma história de fácil compreensão, que dá para todos entenderem, é uma história muito boa.
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Maxwell 07/06/2015

A história de um homem simples e religioso
“O Pagador de Promessas” editora: Tecnoprint S.A, 97 páginas, autor: Dias Gomes, edição 30, Rio de Janeiro, que conta a história de Zé-do-Burro, um homem simples e religioso, que fez uma grande promessa para Santa Bárbara Por um Milagre ocorrido com o seu burro, certa vez o animal fora ferido por um galho, Zé já sem esperanças fez a tal promessa de dividir suas terras entre os mais necessitados e de carregar uma cruz tão pesada quanto á de Jesus Cristo, mas havia um pórem ele fez sua promessa em um terreiro de candomblé já que em sua cidade não havia a tal igreja, partiram então para a igreja de Santa Bárbara mais próxima que ficava em Salvador, lá chegando o padre ao saber do local onde tinha sido feita a promessa não permite a entrada do objeto o que para ele, seria considerado blasfêmia a partir daí a história começa a tomar novos rumos.
O livro nos mostra a disseminação das outras culturas religiosas pelo Brasil, e também a intolerância religiosa estabelecida pelo padre mesmo estando em uma das cidades mais miscigenadas do Brasil que é Salvador, e acima de tudo a fé de um homem simples e sua amizade para com o animal.
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Matheus 05/06/2015

Esse Livro conta a história de Zé do Burro que faz uma promessa por seu burro ter ficado bom de uma doença. essa promessa que ele fez era carregar uma cruz tão pesada quanto a de que Jesus carregou por 7 léguas. O percusso foi de sua casa que fica na zona rural até a igreja de santa Barbara. A caminhada foi feita por Zé do Burro e sua Mulher Rosa. Depois de percorrerem as 7 léguas chegando no seu destino em plena a madrugada eles encontram a igreja fechada. Mas o padre não queria que ele entrasse na igreja com a cruz pois tinha feito a promessa no centro de candomblé .
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