Silioni 13/02/2014
Sou bem ecletico em minhas leituras, leio de tudo, e dificilmente não gosto do livro, porque sempre consigo encontrar algum ponto positivo na leitura, mas se posso citar algumas preferencias, dentre elas, sempre estara drama (dramas verdadeiros, nada de sentimentalismo forçado) e literatura brasilieira, porque pra mim é como uma viagem no tempo, mostrando as diferenças sociais, que não são poucas, me levando atraves da historia do Brasil em suas diversas epocas. E esse livro meio que caiu em minha mão, porque já tinha assistido a peça (e adorado cada momento), mas não sabia que possuia o livro, e um belo dia, arrumando minha biblioteca o encontrei. E fiquei de le-lo assim que possivel. E hora chegou ^^
Se trata de uma peça de teatro, com cenarios, movimentações de palco e personagens pre-definidos, e é um tanto quanto diferente, para quem não esta acostumado com esse estilo. Mas com certeza, isso não desabona em nada a historia, que é perfeita.
Tudo começa, quando Zé-do-Burro, um homem simplório e bruto do interior da Bahia, acompanhado de sua esposa Rosa, chegam em frente a capela de santa Barbara com uma cruz nas costas depois de caminhar sessenta leguas, para pagar uma promessa, pois, seu amigo Nicolau, depois de quase morrer com um galho na cabeça, num dia de chuva, depois de varias rezas e tentativas em vão, voltou a viver, e ele, catolico e justo não queria ficar devendo nada pros santos, com medo de descumprir o que prometeu, voltar pro sitio e encontrar o amigo morto.
Entretanto, existe um problema que não quer deixa-lo cumprir a promessa, seu amigo, Nicolau, não é humano, e sim um burro, de quatro patas, com alma de gente (segundo Zé) e no auge do desespero, Zé acabou indo à um terreiro de Candomble e fez a promessa à Iansã, (santa orixá correspondente a Santa Barbará da religião africana), pois, em sua ingenuidade, julgou ser a mesma coisa. Mas que para o padre Olavo, somente significou que Zé pecou, procurou o milagre e não a Deus, e acabou caindo em tentação, e proibiu a entrada da cruz (consagrada a Santa Barbara) na igreja, impedindo a conclusão da promessa.
E com isso completa o dilema principal da estoria, outros personagens vão aparecendo, todos querendo ajudar, mas acima de tudo, querendo tirar algum proveito da situação. Seja financeiramente, socialmente ou politicamente, e com sua inocencia do sitio, não conseguiu ver a maldade por tras das “boas” pessoas. Um ou outro realmente quis ajudar, mas no meio da balburdia causada pela imprensa, e pelas distorções das conversas, não conseguiam exito.
Com certeza, uma das melhores tramas brasileira, tanto que ganhou o premio Palma de Ouro no festival de Canes, li o livro todo em 4 horas, com breves paradas e com uma necessidade incrivel de terminar (mesmo sabendo o final) pois é simplesmente angustiante acompanhar o desfile das falas sem poder intereferir, temendo pelo fim iminente. O que mais marcou pra mim, foi a firmeza de Zé, resistindo até o fim se vender pela aceitação, mantendo seus ideais e sua moral até o final e defendendo o que achava certo. E no final, no ritmo alucinante dos fatos, simplesmente fiquei todo arrepiado. Excelente. “Eparrei, minha mãe!” pag172