Dana Silva 21/03/2013
Bizarramente Engraçado
Um Anjo Burro, Christopher Moore (Bertrand Brasil, 265 páginas) é um livro de humor para épocas natalinas. Mas caro leitor, devo avisar-lhe que o humor de Christopher Moore é bastante peculiar, bem ácido e certamente não é para qualquer pessoa. Antes de começar a resenha, devo avisar que eu, particularmente gostei muito do livro pois já estou familiarizada com o estilo do autor , suas tiradas sarcásticas e suas piadas que fazem alusão às coisas do nosso cotidiano. Você pode não achar este livro tão engraçado quanto eu, mas vamos lá.
O livro começa com um Alerta do Autor:
Se você está comprando este livro como um presente para sua avó ou para uma criança, saiba que ele contém palavras de baixo calão, assim como descrições apetitosas de canibalismo e pessoas por volta dos 40 anos fazendo sexo. Não me culpe. Eu avisei.
Josh, um garotinho de sete anos que ao voltar para casa jura ter visto Papai Noel tomar uma pazada na cabeça e ser morto, e agora precisa realmente de um milagre para salvar o Natal. O anjo Raziel, recebe uma missão de encontrar uma criança e realizar um desejo de natal dela e então terá concluído sua missão e poderá voltar para o céu. A criança é Josh e ao interpretar o desejo deste, mas como o título mesmo já entrega, o anjo que não é lá muito esperto, desperta um monte de zumbis comedores de cérebro, então você ja consegue imaginar o absurdo da situação não é?
Bem, não quero dar spoiler sobre o livro então só para aguçar a sua curiosidade, leitor, vou apresentar-lhe algumas das personagens do livro.
Theophilus Crowe, o policial da cidade viciado em maconha e que tem uma plantação inteirinha delas. Molly Michon, esposa de Theo, mais conhecida como Kendra, a Guerreira Gostosa das Terras Distantes, cozinha nua e conversa consigo mesma quando não toma seus remédios. Fez um acordo com o marido, se ele parar de fumar maconha ela toma seus antipsicóticos.
Mavis Sand a dona do bar Cabeça de Lesma, que adora servir seu drinque especial de Natal: o Foda Lenta e Agradável na Traseira do Trenó do Papai Noel.
Dale Pearson, empreiteiro malvado, misógeno egocêntrico e projeto de Papai Noel. Lena Marquez, ex mulher de Dale, tem uma boa forma e um bom coração e tem uma pá que de vez em quando comete alguns assassinatos. O arcanjo Raziel, um sujeito loiro, alto que quando é atropelado se regenera no local e vai embora. Tem também um piloto da Agência de Combate às Drogas solitário e viciado em sexo e Roberto, um Morcego Frutívoro da Micronésia, que eventualmente fala em um sotaque espanhol (!) e usa um mini óculos ray-ban. Tá bom ou quer mais leitor?
Christopher Moore traz à este livro vários personagens de seus outros livros mas não é necessário que você tenha lido os outros para entender este aqui, mas se você já tiver lido, isso só tornará a leitura deste ainda mais engraçada. Por exemplo, o anjo Raziel, o mesmo loiro e burro que desenterrou Biff em “O Cordeiro”. Adoro essa intertextualidade, me sinto íntima dos personagens. Christopher Moore é um gênio e eu super indico os livros dele. A história é tão absurdamente bizarra que se torna quase impossível largar o livro. É realmente muito engraçado e me anima muito saber que o filme terá adaptação para o cinema e que está previsto para novembro de 2013, mal posso esperar! Se você gosta de zumbis, de um enredo pra lá de irreverente e tem o mínimo de senso de humor, leia este livro!
"- Molly, temos uma regra aqui. - Ele deu um tapinha na placa ao lado do balcão. - SEM CAMISA, SEM SAPATOS, SEM ATENDIMENTO.
Molly olhou para os pés.
- Ai, meu Deus! Esqueci!
- Tudo bem.
- Deixei os tênis no carro. Vou dar um pulo lá e calçá-los.
- Isso seria ótimo, Molly. Obrigado.
- Sem problema.
- Sei que não está escrito na placa, Molly, mas aproveita que você vai lá e coloca as calças também. Isso está meio que implícito na regra.
- Claro - concordou ela, passando de volta pelo balcão e saindo porta afora, sentindo de repente que, sim, parecia um pouco mais frio ali na rua agora do que lhe parecera ao sair de casa. E, sim, lá estava sua calcinha e a calça jeans no banco do carona, ao lado dos tênis.
- Eu te falei - disse o Narrador.
página 72.