Andre.Trovello 09/08/2021
Tsamina mina eh eh
Waka Waka eh eh
...
This time for Africa
Ei psiu, você aí! ?
Você mesmo, segurando o celular agora ?
NANANÃO PERAI, NÃO ROLA A PÁGINA PRA BAIXO AINDA ??
Calma, vamo conversar
Isso, abaixa esse polegar devagar ???
Seja lá pelo que você esteja passando, pular essa resenha NÃO é a solução pro seu problema
iiisssooo, respira
Pronto, ta mais calmo?? ?
Ótimo, porque vou te levar numa jornada sensorial repleta de conflito ?, amor ?, lendas ? e muita reflexão ?.
E ai, se interessou???
MARAVILHA
Então segure minha mão, suba nessa reluzente carruagem dourada e vamos de encontro à literatura de elevadíssima qualidade.
"Terra Sonâmbula" é uma obra do gênero realismo mágico (segundo eu mesmo, pois não consultei essa informação, só estou perpetuando meu achismo pelos 4 cantos do mundo), trazida a ele pelo continente que nos forneceu "Mayombe", de Pepetela, e a colossal Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, evento que iluminou a indústria musical com a maior canção da história, Waving Flag - K'NAAN, e culminou na gloriosa ascensão de Shakira, imperatriz-mor da dinastia dos Waka-Wakas.
Tal obra foi cunhada pela bela escritora negra Mia Couto a qual, ao longo de minha trajetória com seu livro, descobri que:
1. É um homem
2. É branco
3. É biólogo
Não que alguma dessas informações tenha impacto na experiência de leitura, mas acho importante mostrar como nomes e estereótipos podem nos fazer ter uma ideia completamente diferente das pessoas.
Enfim, moving on...
No enredo, acompanhamos de perto (bem perto mesmo, ao ponto de, em certos trechos você pensar "ok, eu realmente não precisava saber disso.") a jornada do jovem Muidinga e seu não tão jovem parceiro Tuahir, na luta pela sobrevivência em uma Moçambique tomada pela Guerra Civil.
Logo de início, os protagonistas encontram um "machimbombo", (também conhecido pela classe operária como busão, uma das maiores máquinas de tortura contemporâneas, quando adentrado em horário de pico) queimado e cercado por cadáveres. Ao vasculhar um deles, Muidinga se depara com os diários de Kindzu, aparentemente um dos homens cujo corpo jaz ali e, como um glorioso fofoqueiro, passa a lê-los e descobrir a história de vida do companheiro.
A partir daí, o livro passa a alternar entre capítulos sobre Kindzu e os apuros de Muidinga e Tuahir, misturando realidade com fantasia para revelar todo o passado e presente dos personagens, atando quaisquer pontas soltas que possam estar na cabeça do leitor (e são muitas), entregando um desfecho bastante impactante e bonito.
Mas a trama não se limita apenas aos indivíduos. De uma forma geral, Mia Couto consegue, com sua escrita poetica, descrever as dores da guerra e os gritos de sofrimento, não só de um povo, mas também de uma terra acostumada a sangue e violência, virgem de paz, dando ao leitor um panorama singelo de como é estar sujeito a essa realidade.
Dito tudo isso, leiam esse livro, acho q é uma boa forma de iniciar na literatura africana e conhecer mais sobre esse continente com uma cultura fenomenal, mas que foi tão explorado e marcado por conflitos ao longo do tempo.
VALE MUITO A PENA!
OBS: Na ultima página dessa edição que tá aí, existe um glossário das palavras em idioma africano presentes no livro. Só compartilhando a informação caso alguém não perceba e passe a leitura toda completamente aquém, rodeado pelos fantasmas da ignorância e pela consciência pesada de não ser um poliglota.
(Não que isso tenha acontecido comigo, claro, longe de mim.)
É isso, abraço ?