Lucio 04/08/2015
Faz jus à fama de um dos livros mais importantes já escritos na história da humanidade!
O livro é, como bem observou Will Durant, um compêndio da filosofia de Platão e, o melhor, escrito pelo próprio Platão. Sua ética, filosofia existencial, escatologia, antropologia filosófica, epistemologia, metafísica, política, filosofia da educação e filosofia da linguagem é contemplada no texto. De fato, se alguém não tem a pretensão de se especializar em Platão, a leitura atenta da República bastar-lhe-á. Aliás, não apenas a 'leitura', mas o estudo, o debruçar-se sobre o livro, pois esse é um daqueles livros 'gigantescos' no qual dr. Adler recomenda-nos a labuta e o empenho para dominá-los.
Lê-lo e olhar para os outros diálogos é como ter comentários e expansões da República. Pudemos ver o Górgias, Protágoras, Teeteto, Fédon, Banquete... etc., todos ali, presentes, em maior ou menor grau.
Vale dizer que não vimos a doutrina da reminiscência sendo explorada de forma substanciosa. Vimos, sim, a questão do esquecimento no final do livro, mas não, necessariamente, uma exposição da reminiscência.
E como Platão é atual! Sua filosofia encontra reflexos nas filosofias de vários outros pensadores, e suas ideias e argumentos servem para debater e refutar diversos pensadores contemporâneos. Colecionamos citações e lições que nos serão muito úteis em pesquisas posteriores e em compreensão da realidade e elaboração crítica e sempre contínua de nossa cosmovisão.
Por fim, Alfred North Whitehead pode, agora, ser compreendido com um pouco mais de simpatia quando afirmou que toda a filosofia é nota de rodapé de Platão. Realmente vimos várias ideias de pensadores posteriores serem praticamente descritas na íntegra. A começar por Aristóteles, perpassamos Plotino e Agostinho que não se furtavam em declarar a influência de Platão, e nos encontramos, nas páginas da República (e de outras obras) com Anselmo, Descartes, Freud, Sartre...
Para qualquer pessoa que queira uma vida intelectual digna, ler a República só fará bem!