O deus das pequenas coisas

O deus das pequenas coisas Arundhati Roy




Resenhas - O Deus das Pequenas Coisas


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Elisa 06/12/2021

Profundo e dolorido
"Talvez seja verdade que as coisas podem mudar em um dia. Que apenas doze horas podem alterar a trajetória de uma vida inteira."
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Bru 05/12/2021

A escrita é rica em detalhes, que leva o leitor a sentir de uma forma profunda. Tantas coisas descritas no livro, do sistema político ao amor.
Dolorido. Profundo.
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Ana Paula 09/10/2021

O deus da perda
O deus das pequenas coisas é um livro sensível e profundo que retrata, a nível social, a dificuldade da superação prática de um sistema de castas secular na Índia, o fervilhamento de grupos identitários comunistas e a disputa de poder (luta de classes x manutenção do status quo + a perversidade do poder), o pós-colonialismo e o enraizamento da suposta superioridade do colonizador sobre o colonizado, entre outros. A nível mais intimista, o drama familiar envolvendo as expectativas de gênero e classe e as manifestações hierárquicas de poder e submissão que levam a um profundo ressentimento dos membros desta família, se manifestando de diversas formas, pequenos atos vingativos e punitivos para dissipar a própria frustração e dor (como observados em Baby Kochamma), a violência física e psicológica de Pappachi com Mammachi por sua própria decepção que simboliza a matriz emocional da família (a mariposa de Pappachi) e por sua reiteração de poder. Ainda, a submissão de Chacko diante do seu amor colonizado e sua fúria manipulável como mecanismo de direcionar seu luto, a impossibilidade de felicidade e amor (o destino cruel e imperativo) que leva há uma tragédia tão dramática (the point of no return), o conflito entre ser mulher e ser mãe, envolvendo aqueles questionamentos impronunciáveis que desglorizam e materializam a maternidade a sua realidade crua e, por vezes, perversa, entre muitos outros.

A narrativa segue um tempo psicológico e entrega pequenas pistas do desenrolar da história num fluxo incialmente caótico: primeiro você mergulha de cabeça na mais profunda água turbulenta da história e depois você é tirado da água e colocado a margem - mas, já está encharcado- e vai entrando na água novamente, centímetro a centímetro até voltar ao início em que se está completamente submerso. O narrador onisciente é fenomenal, uma das mais belas construções narrativas que já tive o prazer de ler, tudo é construído a minúcias, com muita poesia, muita reflexão crítica sobre si e sem perder o grande fio da história (que não é, como mencionei, uma linha reta, mas um zique-zague, um labirinto incialmente confuso que vai se desvelando ao leitor).

Apreciei especialmente a forma como o pensamento imaginativo das crianças, dos gêmeos -os grandes protagonistas, Rahel e Estha-, é incorporado sutilmente a narrativa, dando um peso, uma leveza e sobriedade profundas, explicando todo o sofrimento sob a ótica das crianças, de forma tão pura e tão dolorosamente percebemos a inocência sendo arrancada a forças de suas psique.

Ao terminar a leitura, a sensação que predomina em mim é o luto melancólico da perda, do deus das pequenas coisas, do deus da perda. Há o luto de Sophie Mol (o mais óbvio), o luto da inocência (mostrado de maneiras muitas vezes cruéis e nauseantes), o luto do amor não vivido, o luto da nossa pequenez, o luto de tudo aquilo que sonhávamos para nós e nos foi tirado - simplesmente porque somos pequenos e insignificantes, o luto das ideologias que se esfarelam na prática, o luto da maternidade (uma vez mãe, para sempre mãe e há uma perda nesse novo "status"), o luto pela incompreensão e pelo que poderia ser se não fosse tudo aquilo que nos prende ao chão.

"Talvez seja verdade que as coisas podem mudar em um dia. Que apenas doze horas podem alterar a trajetória de uma vida inteira (...) Pequenos acontecimentos, coisas triviais, esmigalhados, reconstituídos. Revestidos de novos significados - de repente eles se tornam os descarnados de uma história."
Inaiara.Lobo 02/02/2022minha estante
ótima resenha, me senti contemplada.




natália rocha 13/09/2021

demorei mais do que esperava p ler esse livro. me perdi com os nomes e parentescos, estranhei o ambiente e as palavras usadas. achei que o enredo demora p se desenrolar.

apesar desses apesares, achei um livro muito poético, com frases lindas, bem sensíveis. inclusive eu ia dar 2,5 p esse livro, mas as últimas 5 páginas me convenceram a dar mais 0,5, foi uma das cenas mais bonitas que já li.

não é um livro que recomendaria p todo mundo, ele não tem um ritmo muito fluido, mas gostei de conhecer a literatura indiana contemporânea assim
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deborattins 31/08/2021

Despedaçada e confusa
Esse livro me trouxe a reflexão sobre hierarquia e submissão.

É notável isso em cada personagem, como cada um é submisso a algo ou alguém: as crianças aos adultos, as castas inferiores às mais nobres, as mulheres aos homens, as personagens mais velhas aos princípios, e até aquele homem visto como o todo-poderoso em uma sociedade predominante masculina é submisso a sua crença e aos líderes do partido.

E isso me fez refletir muito como a gente não tem controle de po*** nenhuma, a gente só acha que tem, e por isso a gente não pode julgar o outro e apontar o dedo pq a gente nunca sabe a luta que outro tá vivendo.

Sobre a narrativa é linda e cansativa ao mesmo tempo, pq vc tem que estar muito atento pra pegar e entender por completo.

Achei lindo demais como a autora trabalha a borboleta no enredo, toda a construção da história do avô e isso volta com outros personagens, que usam da história da borboleta como a representação do sentimento do avô, achei fofo.

A todo momento eu ficava tentando entender sobre o que seria o Deus das pequenas coisas, e no fim eu cheguei a conclusão que são os sentimentos, o livro todo retrata a vida dos personagens individualmente, sobre o que a vida fez com cada um, como pequenas coisas na vida da gente nos muda, nos transforma, nos mata.
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Júlia 30/08/2021

É um bom livro sem dúvida, só não é o meu tipo de livro. Ela escreve bem e tem ótimas descrições que realmente te botam dentro da história, mas eu não gostei da história.
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Letícia 21/08/2021

Publicado em 1997 e vencedor do Booker Prize do mesmo ano, o romance de estreia de Arundhati Roy narra a estória dos gêmeos bivitelinos Rahel e Estha, alternando entre a Índia do final da década de 1960, quando uma tragédia familiar muda suas vidas para sempre, e do início da década de 1990, quando ambos se reencontram na casa de sua infância.

A família em questão é a mais abastada e bem reputada da pequena cidade de Kottayam, formada por anglófilos que, em diversos momentos, enaltecem aspectos da cultura e da raça da antiga metrópole britânica, em detrimento das suas próprias. Nesse sentido, a leitura me lembrou bastante os romances da Chimamanda, que sempre exploram os efeitos da colonização sobre o pensamento dos colonizados.

Além de nos mostrar um pouco dos costumes locais, Roy menciona eventos políticos importantes, como a Guerra Sino-Indiana de 1962 e a Segunda Guerra da Caxemira de 1965, e descreve a proeminência do movimento comunista no Sul da Índia. Ela também aborda a herança do milenar sistema de castas no país, evidenciando que, embora oficialmente abolido desde a independência indiana, a rígida divisão social e o tratamento desumano dado aos chamados "intocáveis" foram mantidos na prática.

A autora enfoca, ainda, o patriarcalismo da sociedade indiana e a violência sofrida pelas mulheres. No romance, muitas delas são oprimidas por seus pais, maridos, irmãos ou filhos, e algumas, inclusive, reproduzem comportamentos machistas contra aquelas que não aceitam se submeter.

Ao tratar de temas tabus e dar liberdade sexual às suas personagens, Roy chegou a responder a acusações de obscenidade por um tribunal de seu estado natal, Kerala, cenário principal da trama.

Preciso admitir que não foi um livro que gostei logo de cara, mas sim foi crescendo pra mim aos poucos, conforme os mistérios da narrativa iam sendo desvelados. Nas últimas cem páginas, foi impossível largá-lo até chegar ao fim, e alguns trechos me deram um nó na garganta e até calafrios. Ao mesmo tempo, saí da leitura com a certeza de que são as pequenas coisas que realmente importam.

site: https://www.instagram.com/pulsaoliteraria/
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Selma 19/08/2021

Dolorosa, porém magnífica
Comecei a leitura achando a história muito confusa, porém terminei achando-a magnífica.
É uma história circular, em que a autora, através da estratégia da repetição e retomada dos fatos, vai nos situando na narrativa e nos apresentando a realidade da Índia no final da década de 60 e início de 70, através do olhar sensível, traumatizado e imaginativo dos gêmeos bivitelinos Rahel e Estha.
A história vai mesclando o presente com o passado para explicar a trajetória da família, a partir da morte da prima Sophie Mol, fato que marca e muda totalmente o destino de todos, levando-os ao declínio.
É uma história muito triste, de preconceito, abusos, separações, luto e intolerância, que faz o coração doer, mas que vale a pena ler por ser uma primorosa obra, de uma sensibilidade tão grande, que nos toca profundamente.
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Elizangela 16/08/2021

As leis do amor
Estha e Rahel são irmãos gêmeos. Bivitelinos. Crianças que vivem as alegrias de serem crianças: nadam no rio, brigam um com o outro, vão ao cinema. Mais tudo muda em um dia. E eles descobrem as Leis do Amor. Que decidem quem é amado. Quando. E quanto. Uma história que fica entranhada no nosso subconsciente... Dor. Amor.
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Day Gomes 11/08/2021

Um soco no estômago
Publicado em 1997, é um soco no estômago

“Ela ainda não tinha aprendido a controlar suas Esperanças. Estha disse que era um Mau Sinal.” (pág.67)

Com uma narrativa poética, cheia de metáforas é uma das escritas mais lindas com que já me deparei, é um texto forte, sensível, que destrói a nossa alma.

Em 360 páginas, temos contato com uma cultura, um mundo diferente do nosso, uma escrita diferente, onde o inicio, meio e fim se entrelaçam e vamos e voltamos na história, como a memória que às vezes nos prega peças, ficamos perdidos entre as diversas narrativas que param no meio e retornam vários capítulos depois.

É sobre política, religião, choques culturais, abusos, o sistema de castas da Índia que apesar de abolido legalmente, está enraizado no povo.

É a história de alguns dos excluídos na sociedade indiana, das mulheres, Dalits.

E a história de quem é amado e de quem pode ser amado.

Acompanhando 3 gerações nos deparamos com diversos tabus, e como um único momento pode mudar tudo e determinar toda a vida de diversas pessoas.

Não é um livro fácil de ler, possui muitos gatilhos como violência física, emocional e sexual, a escrita pode parecer confusa apesar de linda, é uma história circular.

“O segredo das grandes histórias é que elas não têm segredos” (pág.240)

Foi um livro que me fez conhecer uma das minhas personagens favoritas da vida, Ammu e chorar muito.


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David 09/08/2021

Romance histórico familiar não linear: ?
Aquele livro que quando você termina, você abraça. Um típico slow burn que vale a pena insistir. Uma escrita impecável, que nos traz poesia pura ao descrever cheiros, cores e sons de um mode único. Cada personagem tem uma importância vital pra trama e todos sofrem as consequências daquelas fatídicas horas...
Fiquei emocionado com a história de amor, revoltado com as injustiças e devastado com as tragédias. Uma família é como um terreno selvagem, se bem cuidada e for semeada dará frutos por muitas gerações, no entanto se sofrer abandono e descuido, poucas frutos irão germinar e os que conseguirem, serão ameaçados e contaminados pelo meio que estão.
Que experiência maravilhosa que eu tive.
A única coisa que me atrapalhou foi a menção às religiões e aos deuses que me deixavam perdido (mas isso é ignorância minha).
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L 05/07/2021

Estou em choque
Nem sei como começar a descrever este livro. Foi uma experiência completamente inesperada, entrei neste livro sem saber o que esperar, e terminei sem saber o que pensar. O livro acompanha a história dos gémeos Rahel e Estha, de Ammu sua mãe, do tio Chacko e a sua filha Sophie Mol, de Baby Kochamma, entre muitos outros.

Adorei os assuntos abordados, o livro relata-nos sobre as castas existentes na Índia (os tocáveis e os intocáveis) e as diferenças sociais entre estas. Também aborda o romance proibido entre elementos destas castas, bem como outros assuntos sérios como o incesto, a pedofilia, a religião e a política.

Além disto, o livro tem uma vertente de realismo mágico que se reflete nos gémeos quando estes eram pequenos, que me agradou bastante. A escrita também é linda e a autora fez um excelente trabalho em entrelaçar as diferentes linhas temporais dos vários personagens.
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glendsx 26/06/2021

show de bola
ali do meio por final virou um livro infinito ora pq a história não andava ora pq estava pesado demais e precisei deixar de lado. eu gostei bastante, as descrições são lindas falando de acontecimentos trágicos
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Gabriela Gonçalves 04/06/2021

Foi uma decepção! Não tanto pela história, mas pela execução
Eu realmente queria ter gostado desse livro! Fiquei triste pela experiência de leitura ter sido bem ruim.

Bom, eu preciso começar dizendo que, observando no geral, a história tem potencial e parece ser bastante interessante. O grande problema, para mim, é na execução. A maneira como a autora escolhe narrar a história e o seu estilo narrativo me incomodaram bastante. A história é narrada de maneira não-linear (não que isso seja um problema), mas aqui nesse livro essa escolha deixou o texto confuso. A escrita da autora utiliza muitas metáforas e sempre apresenta um caráter poético-filosófico. Eu amo textos com escritas poéticas (Zafón sabe utilizar essa escrita perfeitamente), mas aqui a autora exagera tanto no uso e em situações que não pedem esse tipo de escrita, que acaba deixando o texto chato e enrolado.

Demorei muito para avançar por causa da lentidão da narrativa. Só nas últimas páginas que a história é amarrada. Tive que fazer uma leitura dinâmica em algumas partes porque não estava mais aguentando tanta enrolação. Parece que a autora faz de propósito, enchendo linguiça sem nunca chegar ao ponto principal do que ela quer contar.

Uma coisa que acho que ficou faltando foi mostrar como os gêmeos lidam com as coisas do passado agora no presente, quando já estão adultos. Como eles estão? Se esse "Terror" do passado foi tão forte e tão marcante na infância das crianças, como eles reagem hoje ao voltar para o lugar onde tudo aconteceu? Eu queria ver uma conversa entre eles, mas não acontece. Eu não consegui capturar o propósito do livro, só consigo ver uma história triste, mas que não me entrega nada além disso. Foi uma experiência complicada, não via a hora de acabar a leitura. Não consegui me importar com nenhum dos personagens. Acabou sendo uma decepção.
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