Regiane 25/02/2013
Realmente é extraordinário!
Minha mãe me abraçou mais apertado, se inclinou e deu um beijo no alto da minha cabeça. - Eu que agradeço, Auggie - respondeu ela. - Pelo quê? - Por tudo o que nos deu. Por entrar nas nossas vidas. Por ser você. Inclinou-se de novo e sussurrou em meu ouvido: - Você é mesmo extraordinário, Auggie. Você é extraordinário.
Assim que coloquei meus olhos na sinopse desse livro, eu imaginei que iria me afeiçoar muito à história, só o que eu não imaginava, é que iria superar minhas expectativas em dobro, em triplo... enfim, que iria acabar com todas as minhas defesas ao ponto de me fazer chorar descontroladamente e de me marcar profundamente.
August Pullman, mais conhecido como Auggie, nasceu com uma doença rara. Trata-se de uma síndrome genética que lhe causou uma séria deformidade no rosto, ainda quando estava no útero de sua mãe. Por conta disso, desde muito pequeno, ele teve que ser submetido a várias cirurgias e cuidados médicos extremos.
Diante dessa situação, Auggie nunca havia frequentado uma escola antes. Sua mãe era a responsável por suas aulas... até agora. Quando chega o momento disso tudo mudar, ele tem plena consciência de que não será nada fácil começar o quinto ano em um colégio, onde terá que lidar com outras crianças. Auggie terá como tarefa, provar a todos, que apesar de possuir um rosto diferente, ele é um menino com sonhos, desejos, como qualquer outro.
Extraordinário é mais que um livro especial. Ele é um vendaval de emoções, repleto de muita beleza e sentimento. É praticamente impossível não se render a história criada por R. J. Palacio. Nota-se que foi escrito com muito amor e dedicação. As páginas gritam isso o tempo todo.
A narração é um dos pontos mais altos dessa obra, pois apesar dela seguir em 1° pessoa, ela é intercalada entre Auggie, seus familiares e amigos. Dessa maneira o livro passou uma visão bem ampla de tudo que acontecia ao redor. O interessante, é que toda vez que ocorria esse revezamento entre personagens e eu me acostumava com determinado narrador - quando eu menos esperava - a bola era passado para outro, e isso me matava de curiosidade para saber a conclusão de seus pensamentos. Essa fórmula resultou em manter a história bem instigante, prendendo totalmente minha atenção.
Foi impossível escrever essa resenha e não me acabar em lágrimas. Sinto-me incapaz de expressar tudo que eu senti com Extraordinário, pois o tema abordado é extremamente tocante, o que me deixa muito emocionada e até dificulta para escrever. A história de Auggie é mais comum na nossa realidade, do que imaginamos. A sociedade é cruel, as pessoas são cruéis. A "perfeição" é quase como uma regra. Se alguém não está dentro desse padrão, pode vir a sofrer muito.
Eu conheci um "Auggie" e ele foi - e sempre será - uma das pessoas mais especiais que conheci nessa vida. Eu o enxergava além de sua aparência (infelizmente nem todas as pessoas são capazes disso). Sua companhia, seus gestos para comigo ficarão para sempre guardados no meu coração. Ele foi um exemplo para mim e para muitas outras pessoas. A sua aparência jamais foi o limite para conquistar seus maiores sonhos. Então vocês podem imaginar o quanto esse livro ganhou minha estima.
E não é só o tema que cativa, mas a forma como a autora trabalhou a história. A escrita é simples, porém muito envolvente. Incapaz de dar espaço para monotonia, sem contar que a carga de emoção depositada no livro passa longe de ser apelativa, muito pelo contrário. Apesar de R. J. Palacio explorar muito bem o mundo de Auggie, ela não o coloca como coitadinho para causar pena ao leitor. A autora mostra suas dificuldades ao se deparar com o mundo, mas seu personagem não fica se depreciando. É claro, que como qualquer ser humano, ele acaba questionando sua condição, mas felizmente ele possui uma família amorosa e dedicada que lhe dá forças para lidar com qualquer dificuldade.
Os personagens são muito bem construídos e marcantes, com isso dificulta na hora de escolher quais são os meus preferidos. Auggie é com certeza um dos protagonistas mais encantadores. Ele é doce e carinhoso e dono de um humor contagiante, sem contar que é fã de Star Wars. E como eu também amo a série, esse detalhe fez com que me conquistasse de vez. A Daisy é a cachorrinha da família Pullman e uma das maiores alegrias de Auggie. Não há como não se render as suas brincadeiras e charme. Eu fiquei apaixonada por ela.
Puxei as cobertas até as orelhas e imaginei a Daisy se aninhando junto a mim, sua língua grande e molhada lambendo meu rosto inteiro, como se fosse seu rosto favorito em todo o mundo.
Os pais de Auggie são super protetores, tanto com ele, quanto com a sua irmã Via, mas isso não parece incomodá-los tanto. O pai não perde uma oportunidade para fazer uma piada, é tão engraçado quanto Auggie. A mãe é como a maioria delas, que sempre age como se estivesse fazendo a coisa certa para proteger os filhos, mas que muitas vezes acaba metendo os pés pelas mãos. Via é uma adolescente que enfrentar qualquer um que ouse a se meter com seu irmão. Apesar das mudanças que ela está passando por conta da idade, é uma boa e comportada garota, que se preocupa muito com seus estudos e amigos. Não é do tipo que se mete em encrencas. E essa é uma das coisas que mais me agradaram nela. Enche o saco de ler livros, onde a maioria dos adolescentes são taxados como irresponsáveis.
Não tem como conter a empolgação quando se trata dos personagens de Extraordinário. Além de ricos, cada um deles é demasiadamente importante. Summer e Jack desempenham um grande papel na vida de Auggie. Sou suspeita para falar deles, já que eles me cativam desde o início. Justin, o namorado de Via é um tanto peculiar, mas é amável e protetor. Miranda tem um lado estranho, mas no fundo ela tem um bom coração e adora a família Pullman. E eu não poderia deixar de citar o professor de inglês de Auggie: Sr. Browne. Ele ensinou muito aquelas crianças com seus preceitos durante o ano letivo. Foi indispensável na história.
Esse preceito significa que deveríamos ser lembrados pelas coisas que fazemos. Elas importam mais do que tudo. Mais do que aquilo que dizemos ou do que nossa aparência. As coisas que fazemos sobrevivem a nós. São como monumentos que as pessoas erguem em honra dos heróis depois que eles morrem. Como as pirâmides que os egípcios construíram para homenagear os faraós. Só que, em vez de pedra, são feitas das lembranças que as pessoas têm de você.
O livro de R. J. Palacio é condizente ao título: Extraordinário. Posso ficar aqui elogiando e falando, e ainda sim, não será suficiente. Tornou-se tão querido e especial para mim, que já sinto vontade em relê-lo. Eu não só recomendo, como aconselho que todos leiam. É uma história para todas as idades, que vai emocionar até o coração mais duro.