Trópico de Câncer

Trópico de Câncer Henry Miller




Resenhas - Trópico de Câncer


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Milena.Fratelli 16/11/2024

Crueza
Uma realidade crua de uma época e de uma Europa que nós, brasileiros, talvez só sabemos uma parte. Me lembrou a crueza do Bukowski. A sobrevivência, a fome, a vontade de viver no ínterim... Nem colocaria como um clássico erótico, mas entendo pq ele é classificado como tal.
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Waldemur 09/11/2024

Ótimo
Trópico de Câncer, de Henry Miller, é aquele tipo de livro que não tem medo de causar impacto. Publicado em 1934, é praticamente uma explosão literária, que mistura sexo, filosofia, poesia e a crueza de uma vida sem filtros. O livro é um retrato da vida boêmia em Paris, mas também uma jornada interna do autor, que usa seu alter ego, Henry, para despejar todas as suas reflexões sobre a arte, a existência e, claro, o prazer.

O protagonista, Henry, é um escritor americano vivendo nas ruas de Paris, sem grana e sem muitas perspectivas, mas cheio de ideias. Ele se relaciona com prostitutas, artistas e outros marginalizados, e sua vida é uma mistura de desespero e busca por algo que faça sentido. O cara se entrega a todos os excessos da vida, e a sexualidade é um dos grandes temas do livro, sempre retratada de forma explícita, mas não apenas pelo choque—ela é usada para explorar o vazio, a alienação e a liberdade do protagonista.

O estilo de Miller é bem único, alternando entre momentos poéticos e uma escrita bem direta, sem qualquer tipo de pudor. Ele é quase como um guia para quem quer entender a loucura de ser um artista fora do sistema, um escritor que se recusa a seguir as normas e que questiona tudo—moral, sociedade, religião, e até sua própria identidade. O livro não segue uma trama tradicional, mas sim um fluxo de consciência, com cenas soltas que, juntas, formam um retrato descomplicado da vida de um homem à margem.

Na época, Trópico de Câncer foi banido em vários lugares por causa de seu conteúdo explícito, mas o impacto que teve na literatura foi tremendo. Ele é uma espécie de manifesto para quem vive fora da caixa, uma ode à liberdade de expressão e ao caos criativo. Muitos escritores da geração beat, como Jack Kerouac, se inspiraram nesse livro para dar o pontapé em suas próprias obras.

Resumindo: Trópico de Câncer é uma leitura crua, provocativa e intensa. Não é um livro para quem quer algo suave ou politicamente correto, mas, se você gosta de literatura que faz você pensar e mexe com seus próprios limites, então é uma obra que vale a pena.
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Pablo Paz 15/10/2024

Depois dele, o senso comum
Depois dele, o senso comum...

‘Mesmo assim, não consigo tirar da cabeça a discrepância que existe entre pensamento e vida. Uma desarticulação permanente, embora tentemos encobrir ambas com um toldo lustroso. E não adianta. As ideias têm de combinar com a ação: se não há sexo, se não há vitalidade nelas, não há ação. As ideias não podem existir sozinhas no vácuo da mente. As ideias estão relacionadas com a vida: ideias hepáticas, ideias renais, ideias intestinais etc.’ (Miller, 2017, p. 224).

Boa parte das resenhas no Skoob sobre este livro o taxam de misógino; isso me lembra J.L. Borges que dizia que uma resenha de um de seus livros cem anos após sua publicação falaria mais sobre os leitores de cem anos após sua publicação do que sobre tal obra publicada cem anos antes.

E é impressionante como nós leitores podemos ser injustos com os livros, ainda que eles nos salvem de muitas crises e agonias. Penso que o livro de Henry Valentine Miller (1891-1980), atualmente, sofre de tal injustiça ao ser taxado de misoginia, pornografia e literatura menor, no sentido pejorativo da palavra 'menor'. Uma curiosidade sobre o livro: ele foi publicado em 1934, na França, mas censurado nos EUA até 1961 e na Grã-Bretanha até 1963. Os motivos eram sua linguagem obscena e excesso de palavrões (que curiosamente não ocupam tantas páginas assim, comparado aos livros eróticos atuais consumidos pelo público feminino). À exceção talvez de ‘O Príncipe’ de Maquiavel e ‘120 de Sodoma’ do Marquês de Sade, poucos livros ficaram tanto tempo - uma geração! - sob censura estatal como ‘Trópico de Câncer’, mas por motivos distintos. Maquiavel e Sade, embora este último tenha o sexo como tema, fazem uma verdadeira crítica às instituições políticas e religiosas, enquanto Miller, apolítico, está preocupado com a liberdade sexual em si mesma, nada mais. E é aí que os censores, principalmente os protestantes puritanos e as elites burguesas, viram perigo; para eles, assim como para a psicanálise, a liberação sexual poderia fazer ruir os valores da civilização ocidental: a ética do trabalho e a meritocracia, principalmente, mostrando a hipocrisia das elites que pregam, mas não vivem tais valores.

A primeira coisa a notar no livro é que o mundo que ele descreve - o submundo da prostituição, dos mendigos e dos artistas pobres - a ética do trabalho árduo da burguesia não tem valor. Todas as personagens, à exceção das prostitutas, são vagabundos e para os artistas não há distinção entre o que fazem (arte) e a vida que levam. É um paradoxo, pois justamente os vagabundos e as prostitutas, os 'alienados' enfim, são os únicos que não separam vida e obra, sendo mais cristãos do que muitos que o dizem ser, já que Jesus não só pregava, mas vivia o que pregava. Neste ponto não só revelam como escancaram a hipocrisia da sociedade e cultura burguesas, como neste belo trecho no qual a linguagem chula que tanto incomoda a uma mente conservadora, senão tacanha, é mais poética do que obscena:

‘Quando olho dentro dessa boceta de puta f*dida, sinto todo o mundo embaixo
de mim, um mundo vacilante e desmoronante, um mundo gasto e polido como
a pele de um leproso. Se algum homem ousasse dizer tudo o que pensa
desse mundo, não sobraria um metro quadrado de terra para ficar de pé.
Quando aparece um homem, o mundo cai em cima dele e quebra-lhe a
espinha. Restam sempre colunas apodrecidas demais, humanidade
pustulenta demais para que o homem possa florescer. A superestrutura é uma
mentira e o alicerce é um grande trêmulo medo. Se, a intervalos de séculos,
aparece um homem com um olhar faminto e desesperado, um homem que
poria o mundo de cabeça para baixo para criar uma nova raça, o amor que ele
traz ao mundo é transformado em fel e ele se torna um flagelo. Se, de vez em
quando, encontramos páginas que explodem, páginas que ferem e queimam,
que arrancam gemidos, lágrimas e pragas, sabemos que elas vêm de um
homem encurralado, cujas únicas defesas são as palavras, e suas palavras
são sempre mais fortes que o peso esmagador e falso do mundo, mais fortes
do que todos os flagelos e rodas de tortura que os covardes inventam para
esmagar o milagre da personalidade. Se algum homem ousasse traduzir tudo
o que tem em seu coração, expressar realmente a sua experiência, o que é
realmente a sua verdade, acho que o mundo se despedaçaria, explodiria em
pedaços e nenhum deus, nenhum acaso, nenhuma vontade poderia jamais
juntar os pedaços, os átomos, os elementos indestrutíveis incluídos na
formação dele.’ (Miller, 2017, pp. 229-30).

Não há como não notar ecos de Nietzsche aí, mas o que choca é o escritor tendo essas epifanias sublimes ao olhar para a vagina f*dida de uma p*ta num bordel qualquer, não numa instituição respeitável como a igreja ou a universidade.... É como se tais personagens dissessem o tempo todo: ‘Por que nos julgam burgueses e sacerdotes? Nós vivemos como vocês: não trabalhamos, somos parasitas, como vocês!, a única diferença é que não somos hipócritas, como vocês!, deixamos claros que somos parasitas, como vocês!’.

A importância e a originalidade do livro não estão na linguagem obscena ou na pornografia, mas em sua exposição e crítica franca ‘de ousar traduzir tudo o que tem em seu coração’. Depois de Miller, o romance autobiográfico produziu obras muito melhores, mas foi ele quem tornou este gênero literário um senso comum.
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thefalke 15/10/2024minha estante
Perfeito


JurúMontalvao 20/10/2024minha estante
mt interessante o ângulo sob o qual vc analisou essa obra???


Ana Sá 21/10/2024minha estante
Uau essa última citação... Não li, mas lamento por quem não conseguiu enxergar esse aspecto que vc destacou!


Pablo Paz 21/10/2024minha estante
Ana, saudades das suas resenhas...


Ana Sá 21/10/2024minha estante
Pablo, obrigada! :)

Saudades de quando eu era leitora! ... Ainda volto! rs


Pablo Paz 23/10/2024minha estante
Ana, filho pródigo sempre volta, ahahah, graças a deus!




diogada 03/10/2024

Um bom livro, apenas
Melhor representação de um livro MEDIANO. Mas é bom para quem quer ter uma perspectiva de como foi (ou é) Paris na sua totalidade, e a realidade de seus habitantes.
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ju 19/07/2024

Uma leitura para poucos
Resumidamente, um escritor miserável vive em uma Paris (nada romântica), nos anos 30. quando ele não está passando fome, está f*d*ndo com prostitutas a cada esquina. frequenta e dorme nos lugares mais insalubres possíveis, pula de cidade em cidade até encontrar um rumo nessa vida desditosa. e as aventuras do sujeito são descritas nos termos mais chulos e repulsivos que existem.

não é um livro ruim, mas também não é bom.

não é uma literatura convencional, não possui uma linha narrativa com começo, meio e fim. o conteúdo é autobiográfico e a narração é prolixa, puro fluxo de consciência do autor. têm momentos muito nojentos e outros bem engraçados. li pela curiosidade e gostei. por fim, não é daqueles livros que se avaliam. você apenas aceita o que ele tem a oferecer e abraça. (ou não)
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jonesygirl 17/05/2024

Bukowski inspirado pela frança
Bom? é um livro bem sujo. tanto de forma subjetiva quanto objetiva. henry era um homem do sentido esteriotipado, que ve mulheres apenas como buc3t4s e vive uma vida de alcoolismo. sua escrita nao é muito pensada, é jorrada tudo que ele pensa e sente, sempre inspirado por autores incríveis e discutindo ideias e dores do mundo. henry fala de paris de forma bruta e sem muita formalidade, mostra os becos, os prostíbulos, mostra a sujeira e a fome. gosto de imaginar as maos da Anaïs por essa obra, ela lendo e expressando seus pensamentos enigmáticos. foi uma leitura interessante.
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Romulo 15/04/2024

Bom
Antes da leitura assisti alguns vídeos sobre o livro e resenhas. Entendo a opção estética e tudo mais que cerca o livro. Mas, pessoalmente, achei a leitura cansativa. Valeu pela experiência, mas cansou rsrs
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wellpimentel 30/03/2024

Um livro que exige do leitor.
Trópico de Câncer é um romance escrito por Henry Miller e publicado em 1934. Uma obra conhecida por sua narrativa autobiográfica e um estilo de escrita ousado, provocativo e que o autor demonstra liberdade total, sem edição, ao expor seus pensamentos e sentimentos. Ambientado em Paris durante a década de 1930, Henry Miller retrata a vida boêmia e desregrada do protagonista, que é um escritor americano vivendo na cidade, explorando a atmosfera artística e cultural de Paris e descreve a cidade como um lugar de liberdade e decadência, onde artistas e escritores se reuniam em busca de inspiração e experiências intensas. O livro relata de uma forma muito franca e bem explícita a sexualidade humana, mostrando os encontros sexuais, os relacionamentos tumultuados e a busca por prazer sexual sem restrições e algumas descrições beiram ao pornográfico.

A obra descreve um protagonista que vive em condições precárias, enfrentando constantes dificuldades financeiras e assim o autor retrata, nesse período, a vida dos expatriados americanos em Paris, que muitas vezes viviam à margem da sociedade e se envolviam em algumas atividades marginais para sobreviver. O livro contribui para fazer uma crítica contundente à sociedade e à cultura dominante no período, expondo as injustiças e a hipocrisia de uma sociedade burguesa, bem como a sua alienação e a total falta de sentido dessa sociedade.

Um ponto que fica bem delineado no livro é sua constante busca por sua própria identidade como escritor e como ser humano, questionando o significado da existência e refletindo sobre o papel da arte e da escrita em sua vida.
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Avyla 22/03/2024

Finalmente acaboooouuuuu
Fiquei com muita esperança que fosse gostar dessa obra, mas não gostei.
Adorei que o autor é bem poético em certo ponto, mas a forma como ele retrata a mulher é totalmente repulsiva.
Enfim, indico a leitura para eu possa tornar sua s próprias opiniões. Mas pra mim essa obra não funcionou.
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ingridgomes 31/01/2024

Durante a leitura desse livro tive diversas mudanças de opinião. Compreendo que o autor estivesse tentando desmistificar, não só Paris como também diria, alguns aspectos da sociedade em geral; no entanto, isso não anula o fato de esta obra não ser nada prazerosa de ser lida.

Em alguns momentos a necessidade e o objetivo do autor de ser tão cru e agressivo se desencadeou em uma repetitividade que parecia nunca se desdobrar. É sim, uma história interessante, especialmente pelo fato de ele descorrer sobre muitos acontecimentos e circustâncias da própria vida e a muito custo refletir sobre isso. Contudo, não consideraria reler e nem mesmo ler caso tivesse tido alguma prescrição, visto que, existem tantos outros autores existencialistas que não precisam certas opiniões tão repulsivas para chegarem a mesma conclusão.
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Brina 28/10/2023

Tem q ter um pouco de estômago pra aguentar esse cara chato, machista, misógino, fútil e muito arrogante.
Entendo a intenção do autor em mostrar essa podridão que ninguém gosta de ver, principalmente em relação a França, dita a cidade mais romântica do mundo. O que ele faz é simplesmente nos rebaixar a animais que só pensam em sexo. O que eu quero dizer é, não existe mulheres e homens e sim pau e bucetas. O q me intriga pois apesar de tudo somos seres pensantes, o q indica que podemos ser mais do q isso. Sei la... não gostei do protagonista então tudo q ele fala me da nojo.
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alexortiwz 13/08/2023

Li por influência de George Orwell, e por ser uma escrita de época, tive um pouco de dificuldade em compreender, ainda mais as partes que Henry dá uma de filósofo, mas em geral eu gostei
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JoAo366 11/08/2023

Os seres humanos formam uma estranha fauna e flora.
Deixando de lado as polêmicas bastante debatidas, o livro traz histórias, aventuras e personagens interessantes. Confesso que alguns capítulos se sobressaem a outros, além de achar que diversas passagens somente com reflexões e devaneios sejam extremamente cansativas. Em alguns casos, o desgaste é por serem pensamentos que não desencadeiam nada, não acrescentam ao fio narrativo e também não me fizeram ter muito apego.

O texto é recheado de referências, muitas delas são sobre a cidade que é de difícil compreensão para quem nunca visitou, entretanto, por outro lado, o autor consegue nos situar em diversos pontos que nos fazem imaginar bem os locais. A classificação de status ?erótico? do livro não faz jus, já que não é o que move o enredo, muito menos a intenção. É importante saber diferenciar linguajar de erotismo. Também não é 100% aquele livro de ?carpe diem?, espero encontrar isso lendo ?Apanhador no campo de centeio? ou ?Na Estrada?, futuramente, acabei fiquei no meio do caminho. No final, o saldo é positivo. Tem cada situação que te prende e personagens que te chamam a atenção, quem sabe eu leia o resto da trilogia.
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Daniel Lucca 09/04/2023

Confuso e misógino
No fundo a culpa é minha... criei uma expectativa muito grande nesse livro no fundo vejo muito de Bukowski vivendo em Paris...o que mais me pega e a forma como ele retrata e fala das mulheres em geral e principalmente das francesas... história confusa e como ele diz retratando o que tem de pior no ser humano
Fabi 10/04/2023minha estante
Estou no início do livro e percebo o mesmo. Devo insistir?


Daniel Lucca 12/04/2023minha estante
Oi Fabi... eu achei ele bem misógino... talvez eu não tenha entendido a essência do livro mas pra mim foi uma experiência meio ruim... livro tem muito haver em como nos estamos no momento da leitura mas ele não me bateu legal


Fabi 13/04/2023minha estante
Obrigada ?




Osmar Weyh 08/02/2023

Então...
Fui conhecer esse livro após ler Henry e June de Anïs Nin. Fiquei curioso em conhecer o autor que abriu caminhos à sexualidade dela, fazendo mudar tão completamente a cabeça. Não só me decepcionei com a autora, mas com o autor também. Ela, por largar seu prestígio, seu status quo de mulher de banqueiro, para no fim, se envolver com um cara que é simplesmente um parasita social. Em seu livro, Anïs simplesmente se declara abertamente à Henry, ele por sua vez, nem chega a mencioná-la. Simplesmente, é um diário de um cara que passa a vida bebendo e fornicando, de uma linguagem chula, machista e misógina. Não há muito no livre de Henry, apenas um retrato de época de um autor que depende financeiramente de outras pessoas para manter sua vida desestabilizada.
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