naniedias 04/03/2013Garota Exemplar, de Gillian FlynnO casamento de Amy e Nick parecia maravilhoso - até que os dois perdem seus empregos em Nova York e acabaram se mudando para a cidade natal de Nick, para que ele pudesse cuidar dos pais doentes.
Aí o casamento começou a afundar.
Dois anos após a mudança, Nick parece estar pronto para pular fora enquanto Amy parece ainda lutar pelo seu casamento. Ou o que resta dele.
Até o dia do.
No dia em que o casal completa cinco anos de casamento, Amy desaparece.
A polícia é chamada e Nick não se parece exatamente com o marido triste porque a esposa desapareceu. Ele parece tranquilo demais, despreocupado demais, triste de menos. Ele coopera com a polícia, mas mente muito e as coisas não parecem nada bem para ele.
O que eu achei do livro:
Segundo livro que leio da Intrínseca esse ano que me tira do eixo.
Me tira do eixo MESMO. Porque esse livro é extremamente perfeito!
Comentei isso hoje mais cedo (ou será que foi ontem? O tempo é algo tão doido, não é?) com uma amiga e ela disse que tinha medo de livros "extremamente perfeitos". Então, quero só deixar claro que essa é a minha visão sobre esse livro.
Não só uma visão pessoal - que pode não combinar com o seu gosto -, mas também uma visão altamente influenciada pelo momento.
Talvez em uma próxima leitura, o livro não seja tão bom (embora, honestamente falando eu tenho certeza de que em uma segunda leitura esse livro será ainda melhor), mas dessa vez foi. Garota Exemplar é um dos melhores livros que já li na minha vida.
Primeiro pela originalidade. Quantas vezes eu já pude dizer isso?
Não muitas.
Porque eu leio muito. E leio desde pequena. Já vi várias pessoas dizendo que começaram a ler com Harry Potter ou com a saga Crepúsculo, mas eu já lia muito antes desses livros (e olha que nem sou tão velha assim). Comecei a ler com cinco anos e não parei desde então (claro que livros infantis e revistas em quadrinhos nessa época). Portanto, eu já li muito e sempre acabo me lembrando de um ou outro livro quando estou viajando em uma história.
Mas não foi assim com Garota Exemplar...
A única coisa que me lembrou algum outro livro foi que Nick é um babaca. Sabe, um babaca de marca maior. Daí eu lembrei do Dex (aquele de Um Dia) e lembro de ter pensando que o Nick conseguia ser ainda pior do que o Dex. E que a Amy deveria ser uma garota legal como a Em (com quem eu muito me identifiquei durante a leitura, embora, para minha felicidade, não haja um Dexter na minha vida. Só para deixar claro, eu me identifiquei com a Em, não com a Amy).
Com o passar da narrativa, eu conheci um pouco mais o Nick e pude perceber que ele é sim um babaca, mas de uma forma completamente diferente do protagonista de David Nicholls.
Aliás, tudo nesse livro é completamente diferente.
A história é narrada em primeira pessoa por Nick Dunne, no presente, e por Amy, em seu diário, em capítulos intercalados. O diário de Amy começa no dia em que ela e Nick se conheceram - ainda em Nova York - e vai pulando dias (e anos) até chegar ao presente.
É aí que acaba a primeira parte do livro. É aí que começa outro livro.
Outro livro? Praticamente!
É tão chocante. Tão surpreendente. Tão completamente inesperado, maravilhoso, brilhante e encantador que.
Pois é, que.
Não há o que dizer - você precisa ler para entender.
Quando o leitor começa na segunda parte da história (o livro é dividido em três partes), a sensação de choque, de irrealidade, de incredulidade é imensa e indescritível.
Eu queria poder dar uma ideia da total desconstrução que a autora faz. Vou tentar.
Visualize.
O livro é um thriller. O protagonista é o suspeito número um (o marido que estava em um casamento ruim, não tem um álibi para o momento em que a esposa sumiu, não aparenta estar triste com o sumiço) e você começa a construir - com base na história que está sendo contada - ideias. Você traça perfis imaginários, hipóteses, julga personagens, constrói teorias. Você tem mil possibilidades que podem ter acontecido. Pensa que está levando em conta todas as alternativas, pesa tudo, analisa cada detalhe.
Daí a autora joga um balde de água fria na sua cabeça, como se estivesse dizendo: "acorda, minha filha, quem manda nessa história sou eu e só por isso vou fazer algo que você nem poderia cogitar (ou cogitou, mas pensou que não poderia ser realmente possível)".
Não vou mentir. Fiquei CHOCADA com a reviravolta na história.
A narrativa de Gillian Flynn é viciante. Ela te envolve na história, contando detalhes, revelando segredos... tudo na medida certa para que você não consiga deixar o livro de lado. Ao menos, não antes que vire a última página.
Eu LITERALMENTE andei lendo (sério, literalmente mesmo!, do tipo descer do ônibus, atravessar a rua e depois continuar lendo o livro andando pela calçada porque eu não podia esperar os dois minutos que levaria para chegar em casa para poder ler o restante. Aliás, eu levei cinco minutos (e um quase tombo) para chegar em casa por culpa do livro).
No início da história, o protagonista cita que tal afirmação é a quinta mentira que conta para a polícia e eu tive vontade de tentar encontrar quais foram as demais. Ir juntando as mentiras. Mas a história era tão boa que eu não consegui fazer isso.
Ainda. Porque esse é definitivamente um livro que eu vou reler. E tenho certeza que a releitura será ainda mais gostosa do que foi essa primeira vez.
Ok, na primeira vez eu fui surpreendida de uma maneira maravilhosa, mas sei que nas próximas vezes (sim, eu me vejo relendo esse livro várias vezes) vou encontrar detalhes que vão me fazer exclamar: "como pude não ter percebido isso antes! Faz todo o sentido!". E, claro, vou fazer uma lista das mentiras de Nick.
É... empolgação pura. É isso aí - porque o livro é mesmo muito bom.
Minha recomendação é que você não leia muito sobre a história por aí. Tentei falar o mínimo possível sobre o que conta o livro - para que você possa ter uma leitura tão agradável quanto a minha: completamente às cegas e completamente manipulável pela autora.
Aliás, tenho medo da Gillian Flynn. Porque ela pensou nessa história.
Entretanto, agora eu tenho muita vontade de ler outras coisas da autora. Quero ler tudo dela! Porque é realmente brilhante.
[Existe uma parte de spoiler na resenha, mas ela está escondida com um botão de spoiler - recurso não disponível neste site. Portanto, essa parte foi suprimida.]
Um livro PERFEITO. Sem mais (ou mas).
Nota: 10
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