david andriotto 17/03/2024
Há lugares bem melhores do que nossa casa, na verdade.
Que história simpática. Uma pobre garota órfã do Kansas vive em situação de barril, numa pobre residência não regularizada pelos órgãos competentes e de construção certamente irregular. Deixo o alerta para possível envolvimento de grupos milicianos. Mas o mote é rápido e claro: um furacão arrasta Dorothy e Totó, seu cãozinho e único amigo, para um lugar distante e irreconhecido, o Reino de Oz.
Oz é dividido em quatro partes e um distrito federal. Cada zona é governada por uma bruxa. As do Norte e Sul são boas. A primeira é que temos contato logo no início e que protege Dorothy com a marca de seu beijo, um batom de certo muito caro. A segunda é Glinda (Ariana Grande), que surge somente na reta final. As do Leste e Oeste são más e escravizam seus governados a partir do medo e da magia. É uma visão simplesmente maniqueísta. No Centro, na Cidade das Esmeraldas, o Grande e Terrível homem-sem-nome-e-rosto, que é assumido como Mágico de Oz.
A pequena Dorothy, que deseja retornar ao seu lar, é aconselhada a buscar a intercessão do Mágico. Totó e ela saem nesta missão. E, nessa jornada fantasiosamente acolhedora, nos é apresentada a tão difundida ideia de Maktub, além da máxima de que o verdadeiro tesouro são os amigos que fazemos pelo caminho.
A história do hollywoodiano L. Frank Baum se apoia na ideia da boa índole cristã, de ser irremediavelmente bondoso e incorruptível. Somente assim há amor e admiração. A derrubada das ditaduras tirânicas acontece não pelo povo escravizado, mas pelo esforço individual materializado pela persistência e não-violência do oprimido externo e salvador estadunidense, que calhou de ser uma criança.