Marcos Nandi 07/12/2023
Eu pensava que o livro fosse algo mais infantil. Mas longe disso. É um livro bem adulto, com assuntos que exigem maturidade. E a autora, como demonstrado nos agradecimentos, fez muitos estudos em religião e teologia.
Como toda literatura fantástica, algo está afetando o mundo mágico e alguém vai ter a cruz para salvar o mundo mágico e seus moradores. Aqui, obviamente, não é diferente.
O livro é narrado em terceira pessoa, mas às vezes, aparece a voz da irmã do protagonista. A Morgana, a fada, que sempre teve o dom da visão.
Como todo mundo também já sabe, a história vai contar a lenda do rei Artur. E com isso, sabemos que se passará no Reino Unido entre a fictícia Avalon e territórios existentes, como Tintagel.
No plano principal, temos Igraine, casada com o Duque Gorlois. Ela, da ilha sagrada e pagã, ele de Roma e cristão.
Além da questão da religião, onde o cristianismo se considera a única religião correta (o que acontece até hoje), temos uma mulher cansada de ser submissa ao marido que não é bom para ela. Que a trata como se fosse apenas um pedaço de carne sem utilidade e fútil.
O casamento se deu, apenas e tão somente, como algo diplomático. Sem amor. Sem carinho.
E desse casamento, nasce a Morgana. Já mencionada aqui.
Num certo dia, a sacerdotisa (irmã da Igraine) e o mago Merlin (pai da Igraine), resolvem visitar a Igraine, e anunciam que os mundos (o real e o mágico), estão se separando. E portanto, era necessário o nascimento de um rei que uniria todos. O rei Artur.
Lembrando que no contexto da história, os romanos dominavam a Europa. E os saxões e os povos do norte, estão querendo seu espaço em detrimento do povo britânico. E quem seria a mulher que geraria o futuro rei que uniria os povos contra os saxões e pela proteção de uma Avalon cheia de brumas? A própria Igraine. Porém, com outro homem e não seu marido.
E então o entrevero começa! Não vou contar mais, pois pode ser spoiler hahaha
A história não é ruim, só às vezes é arrastada. É mais um drama familiar e real, do que fantasia. Digo que no primeiro livro, não há nada muito fora do comum. Gostei de toda a questão das mulheres fortes, mas me irritou os diálogos que se tinham com a Morgana, quando tinha quatro anos, não parece que uma criança falaria. Acho MUITO acho e esquisito todo o rolê do ritual. Misericórdia!
Outro ponto interessante, é a relação do poder de escolha da mulher. Será que ela tem mesmo poder de escolha? Ou será sempre submissa a um homem ou a uma dita, deusa...