Leonardo.H.Lopes 10/02/2023AngustianteFormado por entradas de diários, acompanhamos nessa pequena obra de Victor Hugo, pequena em seu sentido objetivo, os últimos dias, com grande foco no derradeiro último dia, e últimos pensamentos, de um condenado à morte na França da primeira metade do Século XIX.
O leitor não toma conhecimento do nome, idade certa ou qual crime o narrador cometeu. Na primeira entrada, já ficamos sabendo que há cinco semanas o condenado foi sentenciado à morte, estando o preso aguardando um recurso que sabe que não será provido. Assim, inicia-se pela escrita do personagem uma intrigante reflexão acerca da pena de morte; dos trabalhos forçados; do tratamento dos presos; da letargia de quem sabe o exato dia e hora que sua vida chegará ao fim; da burocracia judiciária; da frieza do estado Juiz; dentre outras. Sempre é necessário, claro, que situemos o tempo e o espaço dos acontecimentos e do estado de coisas que permeia o texto, mas muito facilmente conseguimos traçar paralelos entre o texto de Victor Hugo e a situação que vemos em nosso sistema de justiça criminal, apesar de não ser permitida, constitucionalemtne, a pena de morte no Brasil.
O condenado se vale da escrita como um escape do corredor da morte, uma válvula para drenar suas transformações psicológicas enquanto espera a confirmação e o cumprimento de sua pena. Victor Hugo era grandemente contra a pena de morte, mas sendo o leitor à favor ou contra a pena capital, este é um livro que dificilmente não te emocionará.