julya 10/07/2024
?eu vejo você?, eu disse.
Vou ser sincera que muito já tinha ouvido falar do filme com a winona ryder, pouco do livro. comprei no impulso, sem ter ideia da história, e me surpreendi quando, lá no início, descobri que se tratava de uma história real. e que história real.
sou uma pessoa com histórico longo de transtornos, faço acompanhamento psicólogo desde os onze anos, psiquiátrico desde os 15 (daqui um mês faço 22). e senti muito cada relato da susanna kaysen aqui; a sensação constante de que a vida para por momentos inteiros em que caminhamos entre a linha da insanidade e do ?normal?. susanna descreve com exatidão uma experiência tão comum para os que passam e tão distante daqueles que veem o mundo dos ?doidos? com um distanciamento.
é fascinante conhecer tantas vidas compartilhadas em um hospital psiquiátrico da década de 60, tantas mulheres com a vida em ?pause?. e, pra um livro tão curto e de relatos reais, me peguei torcendo com tanta força para cada uma que cheguei a ficar meio emocionada com um dos capítulos finais! é claro que a autora passa por momentos agridoces com sua memória.
a viscosidade e a velocidade foi o capítulo que mais ressonou comigo; a viscosidade de uma vida parada e a velocidade dos pensamentos de transtornos mentais, descritos com a naturalidade de alguém que já passou por eles. o tempo todo, li pensando: é isso mesmo, é desse jeito!
susanna parece ter passado por um momento catártico de lembranças e a maneira com que nota que seu transtorno e sua estadia no hospital também estão altamente atrelados com o fato de ser mulher, principalmente na época narrada. espero que ela tenha encontrado mais paz de espírito após o fim desse livro, principalmente ao ter a certeza de algo que duvidou tantas vezes: a máscara de sanidade está em um número muito mais alto de pessoas que ela imagina.
5 ??
?endógena ou exógena, natureza ou criação ? esse é o grande mistério da doença mental.?