Julia 11/05/2022
"Seu nome era Melvin. Por isso mesmo eu tinha pena dele."
tenho duas coisas principais pra falar sobre esse livro:
1. a escrita não deve ser o principal ponto de crítica do livro. livros autobiográficos são feitos pra serem autobiográficos, e não poéticos ou milimetricamente corretos. mesmo onde tem falhas de tempo, espaço, continuação, entre outros, isso denuncia a própria forma que a susanna vê essas coisas, o que na minha opinião só torna a história mais imersiva.
2. acho fascinante o desenvolvimento do livro. é muito interessante a forma como ela trata a loucura, a descrição dos episódios psicóticos dela, a forma como ela vê o mundo. é tão pessoal, e tão importante pra mim :/ uma das coisas que ela fala é que, o que separou ela de qualquer outro adolescente comum foi "cutucar demais a brecha entre o mundo real e a loucura" então ei. poderia ser eu. poderia ser eu flertando com um professor e tendo um episódio depressivo. um deslize e seria eu. essa percepção é assustadora. e a susanna sabia que não estava bem, e sabia que não era louca, mas ao invés de assumir qualquer extremo ela continuava "flertando com a loucura."
"Meu infortúnio ? ou minha salvação ? era ter perfeita consciência das minhas interpretações equivocadas da realidade."
dei 4 pra esse livro. acho que é um relato muito intenso sobre uma garota que teve sua vida interrompida. e a um nível crítico, é MUITO interessante ler um livro sobre esse tema justamente na época em que surgiram as discussões sobre a reforma psiquiátrica :)
edit: vi gente falando que não vê personalidade nos personagens. fico pensando se essa pessoa chegou a ler que o diagnóstico dela era justamente ter transtorno de personalidade e também, atribuir personalidade a coisas inanimados e ver em rostos "massas borradas."