Gustavo Simas 28/03/2014A Magnum Opus da GuerraA primeira vitória numa guerra é o controle dos próprios sentimentos.
Apesar de não haver vitórias numa luta, somente perdas para ambos os lados, o Homem insiste em perpetuá-la, refazendo-a.
E Euclides da Cunha perpetua-se na literatura brasileira com "Os Sertões"
Com um olhar de geólogo, botânico, engenheiro, militar, naturalista, jornalista, cidadão, homem, ele cria um dos melhores livros brasileiros de todos os tempos.
Com uma divisão bem definida ele discorre sobre A Terra, delineando excelentemente o ambiente, o clima, a topologia dos sertões; expondo o ser humano ao analisar O Homem, com críticas sociais, políticas, descrevendo o sertanejo, o jagunço, o cangaço, refletindo sobre a desigualdade e todos os fatores que resultaram no ápice da obra, o clímax, a divisão do livro que ocupa mais de dois terços do total, A Luta.
E Euclides nos apresenta tudo.
Os desafios, os problemas, as situações desesperadoras, as atrocidades, a ida, o plano, o recuo, a fuga, a tentativa, a nova tentativa; sempre com um olhar crítico e profundo.
Com dados verídicos, nomes de comandantes, generais de expedições, datas, quantidade de homens, de munições, de mantimentos, estado dos militares e dos rebeldes e do tempo em todos os momentos.
Euclides da Cunha ataca.
No fim, apenas revela. A Realidade.
Dos 20 mil combatentes da Guerra de Canudos, nenhum sobreviveu para contar história. Euclides conta no lugar deles, honrando-os.
Canudos foi totalmente exterminada.
Todos morreram.
O Governo venceu.
O Povo comemora.
A República vive.