1968: O Ano que Não Terminou

1968: O Ano que Não Terminou Zuenir Ventura




Resenhas - 1968


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Lista de Livros 24/12/2013

Lista de Livros: 1968 - O ano que não terminou, de Zuenir Ventura
Parte I:

“Apesar dos riscos que ofereciam, as passeatas são lembradas com doce nostalgia, talvez porque, quando a polícia deixava, elas correspondiam ao que havia de mais generoso naquela geração: a capacidade quase religiosa de comunhão, o impulso irrefreável para a doação. Se houve na história um movimento em que seus componentes não souberam o que era egoísmo, anulando-se como indivíduos para se encontrar como massa, esse movimento foi o da espetacular, pública e gregária geração de 68.”
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Parte II:

“– O senhor se lembra daquela foto do Vladimir na Passeata dos 100 Mil publicada pela revista O Cruzeiro, cercado de seguranças? – diverte-se agora o general no seu apartamento na Tijuca. – Pois bem, pelo menos três deles eram sargentos nossos.

O general lamenta não ter, para mostrar, um pôster que durante muito tempo ornamentou o departamento por ele dirigido na época.

– Se o senhor quiser, traz aqui uma revista que eu mostro. Agora não tem mais perigo porque os três já estão mortos.

Não é por falta de orgulho que esse general se mantém no anonimato, e sim por recato e segurança. Na época ele era um poderoso coronel que ajudou a implantar um dos órgãos de informação das Forças Armadas. Suas convicções ideológicas hoje provocam riso pela extravagância da radicalidade – e porque estão em recesso. Ele é um general da reserva.

– Dizem que eu sou de direita, mas isso é uma injustiça. Nunca fui e não sou de direita. O seu rosto, habitualmente sisudo, começa a esboçar um sorriso que promete mais do que sua boca acaba de dizer. Uma demorada tragada protela o desfecho. Ele já deve ter testado antes o efeito desse suspense. Finalmente diz:

– Eu sou de extrema-direita.

O número é de fato irresistível. Num país onde é raríssimo alguém se confessar de direita, dizer-se orgulhosamente de extrema-direita não deixa de ser um feito inédito. A gargalhada que se ouve agora vai na certa anunciar outra atração:

– Eu estou à direita de Hitler, eu estou à direita de Gengis Khan.

Em fevereiro de 1988 essas declarações, como não têm consequências práticas, produzem hilaridade. Mas em fins da década de 60, começos de 70, a cabeça que defende essas ideias ajudava a pensar a estratégia da repressão.”
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Parte III:

“Em dez anos de vigência, o AI-5 já tivera tempo de punir 1607 cidadãos, dos quais 321 cassados: seis senadores, 110 deputados federais e 161 estaduais, 22 prefeitos, 22 vereadores – mais de seis milhões de votos anulados. Além da cassação, todos os senadores e 100 deputados federais tiveram seus direitos políticos suspensos por 10 anos. Entre as punições a funcionários públicos, estavam o afastamento de três ministros do Supremo Tribunal Federal – Hermes Lima, Evandro Lins e Silva e Vítor Nunes Leal – e de professores universitários como Caio Prado Júnior – condenado a quatro anos e meio de prisão por uma entrevista a um jornal estudantil – Florestan Fernandes, Fernando Henrique Cardoso, Mário Schemberg, Vilanova Artigas, Hélio Lourenço de Oliveira e uma dezena de pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz, entre outros, muitos outros.

Paralelamente a essa caçada aos criadores, o AI-5 desenvolveu um implacável expurgo nas obras criadas. Em dez anos, cerca de 500 filmes, 450 peças de teatro, 200 livros, dezenas de programas de rádio, 100 revistas, mais de 500 letras de música e uma dúzia de capítulos e sinopses de telenovela foram censurados. Só Plínio Marcos teve 18 peças vetadas. O índex reunia um elenco variado, que ia de Chico Buarque, um dos artistas mais censurados e perseguidos da época, a Dercy Gonçalves e Clóvis Bornay. A violência, que o marechal Costa e Silva confessou ter sentido ao editar o AI-5, ia deixar de ser uma figura de retórica. A partir do dia 13 de dezembro de 1968, ela se abateria de fato sobre a alma e a carne de toda uma geração.”
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Marcelo 10/12/2010

Raio X da ditadura no Brasil
Todo brasileiro que se preze deveria ler. Só assim para entender o quão hedionda foi a ditadura militar. Esse negócio de falar que os militares no Brasil foram menos agressivos que os da Argentina e os do Chile é fala de gente mal informada e que não dá valor à História. Zuenir Ventura, genial como sempre, mostra o quão foi cruel e insidiosa o chamado "Golpe dentro do Golpe", do qual originou o AI-5, suprimindo todas as liberdades individuais e as manifestações da sociedade civil. Zuenir narra isso como se escreve uma boa reportagem. Dá voz e vez a todos os lados, checa os dados com exaustão e mostra, com seu texto que nos pega da primeira a última página, que certos fatos não devem ser esquecidos jamais para que não aconteçam novamente.
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Rafael1082 27/02/2024

Nunca mais
Um livro que todo Brasileiro deveria ler, através de memórias e fatos documentados, somos apresentados as diversas nuances que envolveram o ano de 1968, um livro muito bem escrito.
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Paula.Matni 09/06/2020

Um livro sobre os fatos históricos de um ano bem difícil e renovador da ditadura militar
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sevennationarmy 27/04/2021

DITADURA NUNCA MAIS!
o livro é tão fluído de ler, apesar de ser um assunto tão pesado, você lê que nem sente!

Zuenir é cirúrgico e detalhista em todos os episódios que relata. deveria ser leitura obrigatória nas escolas para NUNCA nos esquecermos os 20 anos de obscurantismo que assolaram nosso país.

episódios como o plano dos militares para explodir o gasoduto em plena segunda-feira na hora do rush somente para culpar os "comunistas" é dolorido de ler, mas faz você entender mais como a ditadura foi CRUEL! o próprio autor do livro foi uma vítima do AI-5 sem motivos.

DITADURA NUNCA MAIS!
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Rebeca.lousz 30/04/2021

A ditadura no Brasil teve nome e sobrenome
Zuenir Ventura nos presenteia com um exaustivo trabalho de jornalista, são fatos atrás de fatos pesquisados e comprovados até a última instância, é admirável esse compromisso que ele assume com o leitor.

1968 é um ano polêmico e de muitos conflitos no Brasil, é o ano do AI-5, do golpe dentro do golpe. Ventura consegue nos transmitir o sentimento que pairava no ar da época com maestria, é impossível não se revoltar com o que se lê, ainda mais por se tratar de um passado nada fictício da nossa história.

A sucessão de eventos narrados por Ventura culminam no AI-5. Apesar de serem fatos indiscutíveis, o autor tem uma enorme sensibilidade na escrita, a forma como ele nos conta a história é bem aquém da escrita de um mero jornalista.

A verdade é que tanto a ditadura quanto a resistência que existiram no Brasil têm nome e sobrenome, Ventura faz questão de explicitar cada um deles sem nenhum rodeio (pode ser cansativo ler tantos nomes, mas é uma exposição que acredito ser necessária).

Um livro essencial para todos os brasileiros entenderem que nossa ditadura não teve nada de ?tranquila? em relação a outros regimes ditatoriais no mesmo período... a censura, a tortura, a repressão, a crise e o golpe são fatos existentes na nossa história, e contra fatos não há argumentos. Obrigada Zuenir pelo exaustivo trabalho de pesquisa e por compartilha-lo conosco.
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Marcelo 15/07/2023

Este livro deveria ser leitura obrigatória nas escolas públicas para evitar com que aberrações como defensores da ditadura existissem no Brasil.
O livro traz relatos sobre os acontecimentos do fatídico ano de 1968, em que o ditador Costa é Silva editou o nefasto AI5 e deu o golpe final no ainda restava de democracia após o golpe militar de 64.
Talvez o fato mais interessante do livro seja mostrar como pessoas, muitas vezes, com visões ideológicas diferentes foram capaz de unir-se contra o autoritarismo.
Leitura obrigatória para qualquer brasileiro!
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Aline 28/12/2020

Ditadura relatada em texto leve e com bom humor
O livro conta os fatos relacionados à resistência à ditadura ocorridos no Brasil, em especial no Rio de Janeiro, em 1968. Começa narrando a festa de Réveillon na casa de Heloisa Buarque de Holanda e termina falando sobre a promulgação do AI-5 (o golpe dentro do golpe, como diz o autor). Traça um retrato do efervescente cenário cultural daquela época e dos protestos liderados pelos movimentos estudantis. Como todo livro que fala sobre a ditadura Brasileira, são citadas inúmeras pessoas, o que torna a narrativa confusa em alguns pontos. Mas no geral é uma leitura leve (a pesar do tema pesado), agradável, fluida e com uma boa dose de humor. O livro peca pela ausência de fotos, que ajudariam a abrilhantar o bom livro de Zuenir Ventura.
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Antony.Trindade 01/06/2020

Li esse livro já tem uns 4 anos.
1968 é um ano para ser estudado sempre. Ano de grandes manifestações estudantis. Teatro, cinema e principalmente a música denunciando a ditadura militar através de metáforas para fugir da censura.
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Rogério Xablau 06/01/2010

1968 - O Ano Que Não Terminou
"É muito bom o livro de Zuenir Ventura. A conversa sabida nos meios da elite jornalística era que Zu ia fazer um trabalho de carregação, com apenas dez meses de preparo. Picas. O texto é cuidadíssimo. Quem escreve sabe que aquilo que lá
está foi reescrito "n" vezes. É a melhor coisa que Zuenir já escreveu."

E com essa citação do jornalista Paulo Francis que começo o post/resenha que fala do livro 1968 - O Ano Que Não Terminou do também jornalista Zuenir Ventura.

Todos sabem que o ano de 1968 é cercado por vários fatos históricos no Brasil e no mundo, foi um ano em que muita coisa mudou, seja ideologicamente, seja politicamente e o livro de Zuenir é uma reflexão e uma recordação daquele período, com ênfase no que viveu o autor, o 1968 brasileiro.

Tudo começa em um reveillon da virada de 67 para 68 na casa do casal Luís e Heloisa Buarque de Holanda, uma festa que
reuniu boa parte dos intelectuais brasileiros daquela época, começar o ano daquela maneira já mostrava como aquele seria um ano que ficaria marcado.

Depois, cronologicamente, Zuenir vai relembrando cada momento importante do ano de 1968, situando o leitor naquele momento, com depoimentos e citações de quem viveu aquele período, como por exemplo Luís Carlos Lacerda, o Bigode, que disse:

"Você não pode imaginar o que sofria uma pessoa como eu, que era comunista,homossexual e transava droga."

Alguns episódios ocorridos no ano são essenciais para a história e para o livro, um deles é a morte do estudante Edson Luís Lima Souto, baleado no peito por um soldado da PM após um confronto no restaurante estudantil do Calabouço.

A repercussão do fato atingiu a todos naquele momento, a narrativa da missa de sétimo dia alguns capítulos adiante também é muito interessante.

Pouco tempo depois desse episódio veio outro muito importante, relatado no capítulo "E todos se sentaram", foi a famosa passeata dos cem mil, comandada pelo líder Vladimir Palmeira, o líder que fez, literalmente, todos se sentarem no meio-fio antes de começar a passeata e depois discursou coisas assim:

"A ditadura mais descarada adora leis, deixa eles fazerem leis. Façam uma, duas, três constituições, instalem e depois amordacem um, dois, três congressos. A gente deixa, pessoal. Mas, a gente sabe que não hoje, mas até o fim desta luta a gente derruba uma, duas, três constituições e faz nova lei e nova assembléia, porque esta assembléia não resolve problema de ninguém. Mas, minha gente, não pense que aplaudir e gritar "abaixo a ditadura" é uma vitória. Hoje a repressão não veio porque não pôde. E a nossa vitória é esta: ter saído na raça porque achava que tinha que sair. Mas a gente vai voltar pra casa, o estudante pra aula, operário pra fábrica, repórter pro jornal, artistas pro teatro. E é em casa, no trabalho, que a gente vai continuar a luta. Eu quero botar isso em votação: a gente vai continuar esta luta?"

Sim tudo isso é muito bonito, ficou para a história e merece muito respeito, mas aos poucos o Movimento Estudantil e as camadas comunistas, principais "combatentes" na luta contra a Ditadura foram se equivocando, rachas e desentendimentos nesses grupos também são narrados, outro episódio importante é narrado no capítulo "Que Juventude é essa?", quando Caetano Veloso, durante o III Festival Internacional da Canção escancarou e deixou claro pra juventude da plateia que muita coisa estava errada:

"Vocês tem coragem de aplaudir este ano uma música, um tipo de música, que vocês não teriam coragem de aplaudir no ano passado; são a mesma juventude que vai sempre, semre, matar amanhã o velhote inimigo que morreu ontem! Vocês não estão entendendo nada, nada, nada, absolutamente nada!"

Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho é outra personagem importante do livro, foi o homem que impediu que um diabólico plano do brigadeiro João Paulo Burnier se concretizasse.

Também é narrado um confronto entre os estudantes de direita da Mackenzie contra os estudantes de esquerda do curso de Filosofia da USP, a perseguição à peça Roda Viva, de Chico Buarque, em Porto Alegre e o fracassado XXX Congresso da UNE, num sítio em Ibiúna, São Paulo.

Este episódio em especial expõe muito da desorganização e desunião que existia dentro do Movimento Estudantil.

E depois de tudo isso, na parte final do livro Zuenir conta com muitos detalhes os dias que antecederam o decreto do AI-5, o que acabou sendo o grande fato do ano.

Como a aparente vitória do deputado Márcio Moreira Alves, na véspera do decreto do AI-5 se transformou em uma enorme derrota, o próprio Costa e Silva, então presidente do Brasil, na reunião que colocou em voto o AI-5 disse:

"Eu confesso que é com verdadeira violência aos meus princípios e idéias que adoto uma atitude como esta."

Mas mesmo assim o AI-5 se transformou em realidade e algumas de suas primeiras vítimas são lembradas no capítulo final do livro.

O livro termina, mas 1968 não, este ainda ressoa atualmente por tudo que aconteceu nele, e se tudo não aconteceu da melhor maneira possível lá, que os erros sirvam para a minha geração ou para gerações futuras como aprendizado.

Publicado originalmente no meu blog: http://unquimera.blogspot.com/
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Fabio Shiva 19/06/2018

Tempos de Violência
Neste ano de 2018, em meio a tantas turbulências e conflitos ideológicos em que vivemos, com discursos intolerantes de parte a parte, uma das frases que mais se ouve (ou se lê nas redes sociais) é: “Vá estudar!”

Resolvei seguir o conselho, mergulhando nesse livro do Zuenir Ventura, muito bem escrito e documentado. De cara já comecei a entender um pouco o esdrúxulo absurdo de ver tantas pessoas negando que sequer tenha ocorrido uma ditadura militar no Brasil. É que por aqui, como afirmou Ivan Lessa (citado no livro), “de quinze em quinze anos, esquecemos os últimos quinze anos”.

Procede. Só a amnésia total ou parcial explica tantas pessoas, hoje, clamando por uma intervenção militar e pela volta da ditadura (na verdade nunca pedem abertamente pela ditadura, o que seria indefensável sob qualquer ângulo. Por isso preferem utilizar eufemismos que pavorosamente são muito parecidos com os utilizados pelos ministros de Costa e Silva ao aprovar o famigerado AI-5, que instituiu dez anos de barbáries no país). Mas talvez possamos encontrar outros motivos para explicar um comportamento tão aberrante, que me faz querer me beliscar, para tentar acordar do pesadelo: ver tantas pessoas se expressando para pedir o fim da liberdade de expressão!

Um dos argumentos mais recorrentes dos que querem os militares no poder é o de que eles só prenderam e mataram “bandidos e comunistas” (o que na cabeça dessas pessoas é a mesma coisa). E que durante os anos da ditadura suas famílias passaram muito bem, obrigado, ninguém foi preso nem torturado, pelo contrário, por isso a ditadura foi uma coisa boa e deve voltar. E por aí vai.

A melhor resposta a esse tipo de argumento encontra-se no relato da prisão do ex-governador Carlos Lacerda, ocorrido logo após o decreto do AI-5. Se tem uma coisa que Lacerda nunca foi, é comunista. Ele foi, inclusive, uma das principais vozes a pedir a intervenção militar em 64. O que demonstra a obtusidade daqueles que pensam que, por quererem alimentar a besta-fera com o sangue dos outros, estarão livres de sua mordida. Pois então, ao ser preso de forma totalmente arbitrária, Lacerda resolveu protestar fazendo uma greve de fome, e chegou a ficar uma semana sem comer. Segue o texto de Ventura:

“O seu irmão Maurício o desestimulou com o convincente argumento de que os jornais não estavam noticiando a greve, o sol estava maravilhoso e as praias cheias de pessoas despreocupadas. Terminava com uma comparação que se tornaria famosa:
– Você vai morrer estupidamente. Você quer fazer Shakespeare na terra de Dercy Gonçalves.”

O fato de alienados desfrutarem a vida, indiferentes aos que sofrem, não justifica o sofrimento. E o mais apavorante é ter que dizer (e repetir) isso!

Se eu fosse falar tudo o que esse assunto me faz pensar, teria que escrever um livro. Por isso vou resumir o principal: algo que me confortou, e ao mesmo tempo me atemorizou, foi perceber o quanto o momento emocional do país e do mundo, em 1968, é semelhante ao que vivemos hoje, em 2018. Me confortou pela percepção de que não estamos vivendo uma aberração única no espaçotempo, mas algum tipo de ciclo recorrente da história. E me apavorou pela percepção de que 1968 deu ruim. Espero que tenhamos melhor sorte em 2018.

Por fim, existem aqueles que defendem a volta da ditadura (ou a eleição de seus mal disfarçados representantes “democráticos”) não por amnésia ou memória seletiva, mas pela apaixonada convicção de que a solução para os males do país é um coturno na cara dos “bandidos”. Pensando nessas pessoas, quero compartilhar nesta resenha a minha experiência pessoal com o glorioso Exército Brasileiro, do qual sou 2º Tenente R/2. Um dos maiores ensinamentos que tive no Exército e que trouxe para a vida foi o de que realmente o poder revela a verdadeira natureza das pessoas. Pois justamente aqueles que durante sua formação como oficiais foram os mais ineptos, os mais preguiçosos, os mais egoístas, os mais “mocorongos” e “bisonhos”, quando ganharam sua estrelinha de Aspirante se tornaram os mais cruéis e impiedosos torturadores da paz alheia. Um deles, que era um afável estudante de engenharia da UFRJ, me chocou ao narrar com deliciados detalhes a sessão de tortura a que submeteu um rapaz que ousou invadir o campo de Gericinó durante o seu turno de guarda. Tortura, aliás, era matéria ensinada (extra-oficialmente, é claro) em sala de aula, e olhe que estávamos em 1992. Ou seja, não será o coturno de heróis a esmagar a face deformada de vilões, mas apenas covardes fazendo uso de uma força bruta superior. Como sempre.

“A violência é o último refúgio do incompetente.” – Isaac Asimov

http://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2018/06/1968-o-ano-que-nao-terminou-zuenir.html


site: https://www.facebook.com/sincronicidio
Salomão N. 19/06/2018minha estante
Belíssima resenha, meu caro.


Juliana 19/06/2018minha estante
Shiva, tuas resenhas aquecem o coração!


Fabio Shiva 24/06/2018minha estante
Gratidão por essa energia boa, Juliana, fico muito feliz!


Fabio Shiva 24/06/2018minha estante
Gratidão, amigo Salomão!




Wallace17 30/07/2021

Um clássico da nossa historiografia
"O país acumulou uma considerável soma de crises que antigiram praticamente todas as áreas, fortalecendo as bases radicais. A marcha da insensatez parecia irreversível. À medida que a intolerância ia tomando conta do governo, a única resposta possível parecia ser o radicalismo, que se manifestava no movimento estudantil, na política, nas artes e no showbiz. Longe iam os tempos em que o diálogo ainda podia ser pelo menos uma esperança. Era a hora do enfrentamento. As esquerdas lutavam contra a ditadura e, preferencialmente, entre si. A INTOLERÂNCIA NÃO TINHA MAIS IDEOLOGIA".

Relato é do ano de 1968. Qualquer semelhança com o Brasil atual não é mera coincidência. Será que somos uma nação fadada a repetir os mesmos erros do passado? O único caminho par evitar ser "mais do mesmo" é estudar, debater com seus amigos, discutir no trabalho, na faculdade. Não é possível que sejamos tão avessos assim para o progresso da nossa nação.

Um belo livro pra analisarmos um ano que foi uma reviravolta no Brasil assim como foi no mundo inteiro. A leitura dessa obra de Zuenir Ventura é um mergulho há meio século atrás. As minhas considerações sobre livro só reforçam que a ditadura foi uma desgraça para a nação brasileira. E quem pensa o contrário, corrobora para a crueldade, torturas e MORTES. Não saber conviver com a oposição é o primeiro passo para a barbárie e o fascismo.

site: https://www.instagram.com/p/BlMgYzCBQma/
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van.cazarotto 27/12/2020

Recomendo
Zuenir faz uma viagem por 1968, começando na passagem do ano até seu final. Fala dos acontecimentos marcantes de um ano movimentadissimo. Mas traz também histórias de bastidores contadas com uma narrativa maravilhosa. É um livro que eu indicaria para quem quer conhecer um pouco mais sobre a elite intelectual carioca daquele ano, além, é claro, de quem gosta de história
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Wania Cris 23/09/2022

Conhecer o passado para não repeti-lo
Leitura atualíssima! Recomendo bastante principalmente pra quem prega a volta da ditadura, intervenção militar e outras sandices...
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Felipe.Migliani 15/10/2024

1968: Protestos, Repressão e Resiliência no Brasil
?1968: O Ano que não Terminou", escrito por Zuenir Ventura, é uma obra que explora um dos períodos mais tumultuados da história do Brasil e do mundo. O livro mergulha nas profundezas do ano de 1968, um momento de efervescência política e social, e analisa como os eventos desse ano continuaram a influenciar a sociedade de forma duradoura.

O livro começa contextualizando o ano de 1968, destacando os movimentos sociais, políticos e culturais que marcaram o período. Ventura apresenta o cenário global e nacional, mostrando como o Brasil estava imerso em um clima de mudanças e conflitos.

Zuenir Ventura foca na efervescência política e social do Brasil em 1968. Ventura descreve os protestos estudantis, as lutas sindicais e as manifestações populares que ocorreram durante o ano, destacando a insatisfação da juventude e das classes trabalhadoras com o regime militar que estava se consolidando.

O livro reportagem aborda a repressão e a censura imposta pelo governo militar. Ventura detalha as medidas de controle e a violência usada para silenciar os dissidentes, mostrando como a liberdade de expressão e os direitos civis foram severamente restringidos. O autor também explora as consequências dessas ações para a sociedade brasileira.

O autor foca na resistência e na luta pela democracia. Ventura narra as histórias de indivíduos e grupos que se opuseram ao regime militar, destacando suas estratégias de resistência e os desafios que enfrentaram. O livro também analisa como essas lutas influenciaram a redemocratização do Brasil nas décadas seguintes.

"1968: O Ano que não Terminou" é uma obra essencial para entender a complexidade e a profundidade dos eventos de 1968 e seu impacto duradouro na sociedade brasileira. A análise detalhada de Zuenir Ventura não só expõe os desafios e as lutas da época, mas também provoca uma reflexão sobre a importância da memória histórica e da resistência em tempos de opressão.
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