Anne (Duff) 06/10/2016
... ajudar a acabar com as injustiças socais. Essa ilusão terminou em 64; a inocência, em 68.
“Considerado um dos maiores clássicos da literatura contemporânea brasileira, 1968 – O ano que não terminou retorna, 20 anos depois de seu estrondoso sucesso, às livrarias totalmente revisado. O livro é um retrato fiel de todos os acontecimentos que fizeram do ano de 1968 um divisor de águas na história brasileira e mundial. Além de ser uma peça de excelente jornalismo, um exemplo de texto brilhante, 1968 – O ano que não terminou presta relevante serviço à revitalização da consciência democrática brasileira.”
O Ano que não terminou, é um livro riquíssimo sobre á historia do nosso país, onde são citados grandes ícones de sucesso da literatura ao musical Brasileiro, e como alguns desses intelectuais se engajam em uma luta com os jovens "vanguarda revolucionária" que respirava politica e tinham as cabeças basicamente formadas pelos livros, e segundo o filosofo Américo Passanha, “à última geração loquaz”. Eles eram os responsáveis por desencadear uma massa de protestos e passeatas, inclusive uma das mais famosas: A passeata dos 100 mil.
“ Se a geração de 68 teve uma mídia preferencial, está oscilava entre a música e o Cinema. Os ídolos da juventude da época não eram televisivos, mas musicais, ainda que ajudados pela TV: Roberto Carlos, para os alienados; Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, para a faixa participante; e, vindo avassaladoramente de fora, os Beatles.”
Para quem não sabe, o ano em questão ocorria em nosso país a Ditadura Militar (1964-1985). Apesar de ela ter durado vinte e um anos, o livro é exclusivamente sobre o ano de 1968. Zuenir inicia o livro falando sobre a “Revolução Sexual”, e o tão receoso modo de vida moderno. Seguido por grades influencias de países afora, a juventude de todo o mundo parecia iniciar uma revolução planetária.
Uma parte em destaque do livro é:
... ajudar a acabar com as injustiças socais.
Essa ilusão terminou em 64; a inocência, em 68.
Assim teremos então a nossa, “Esquerda Festiva”.
Em alguns capítulos adiante, temos o relato da morte do estudante Edson Luís Lima Souto, baleado no peito por um soldado da PM após um confronto no restaurante estudantil do Calabouço. Luís era, como muitos de seus colegas, um jovem do interior tentado estudar no Rio, sobrevivendo de alimentação barata do local onde foi morto, e ele acabou sendo um mártir. E como cinicamente lembrava a direita: “ Era o cadáver que faltava”.
Pouco tempo depois desse episódio veio outro muito importante, relatado no capítulo "E todos se sentaram", foi à famosa passeata dos cem mil, comandada pelo líder Vladimir Palmeira, o líder que fez, literalmente, todos se sentarem no meio-fio antes de começar a passeata e depois fez um grande discursou bonito ( kkkk como todo politico faz).
Também é narrado um confronto entre os estudantes de direita da Mackenzie contra os estudantes de esquerda do curso de Filosofia da USP, a perseguição à peça Roda Viva, de Chico Buarque, em Porto Alegre e o fracassado XXX Congresso da UNE, num sítio em Ibiúna, São Paulo.
Este episódio em especial expõe muito da desorganização e desunião que existia dentro do Movimento Estudantil.
A divisão ideológica desses jovens enfraquecia vários setores de militância, descrito por Leonardo Konder como um sintoma da imaturidade da consciência politica,
“ A falta de clareza e de articulação das ideias que constituem uma proposta politica levava à adoção de critérios empíricos: Estou com fulano contra Beltrano."
E depois de tudo isso, na parte final do livro Zuenir conta com muitos detalhes os dias que antecederam o decreto do AI-5, o que acabou sendo o grande fato do ano.
Costa e Silva, presidente do Brasil, na reunião que colocou em voto o AI-5 diz:
"Eu confesso que é com verdadeira violência aos meus princípios e ideias que adoto uma atitude como esta."
O livro é fabuloso, e como já disse riquíssimos em grades detalhes deste ano que ficou pra historia, com trechos de jornais publicano na época, assim como diálogos e discursos que ficaram pra historia. Trechos que mostram as influencias que outros países teve nas lutas desses jovens, ressaltado que não foi só os estudantes de esquerda que fez parte da luta, mas os de direitas Também. São expostas as tramóias dos militantes com o intuito de controlar a massa, muitos métodos e missões de infiltração, e mortes causadas não só pelos militares, mas também, pela própria esquerda armada.