Fê 01/12/2013“O Anjo da Morte vagou por esta terra; pode-se quase ouvir o bater de suas asas.”
John Bright, parlamentar britânico
ATENÇÃO! SPOILERS SE VOC~E NÃO LEU O RESTANTE DA TRILOGIA!
Uma das trilogias que eu aguardava ansiosamente o fechamento era justamente A Mão Esquerda de Deus, e sem muito alvoroço, o último volume saiu (sério, não sei se eu que não prestei muita atenção, mas eu só soube do lançamento quando vi o livro na livraria). Logo trouxe para casa para ver como terminava a história do menino que foi escolhido para ser o Anjo da Morte.
A narrativa começa bem chatinha, pra falar a verdade, num texto em estilo acadêmico tentando justificar a publicação dos outros dois. Tenho que admitir que está bem escrito, fazendo a gente se perguntar se aquilo é verdade, mas é cansativo demais. Pura enrolação, e eu sinceramente não vi motivo nenhum para isso. O último capítulo também é nesse mesmo estilo, mas falo do fim daqui a pouco.
Tudo que essa parte faz é relatar como Cale ficou doente, e se encontra numa espécie de asilo depois dos acontecimentos narrados em As Últimas Quatro Coisas. Ele agora sofre de dores crônicas, acessos de ânsia de vômito e nem consegue se mexer direito. E não pode se exaltar muito, que lá vem a crise. Uma coisa legal do começo são as sessões de terapia dele, com a Irmã Wray. Diálogos inteligentes e recheados de sarcasmo, deliciosos de ler. Mas Cale em si está muito diferente. Fora o sofrimento físico, ela também já não é o mesmo. Está mais maduro, e pensa mais antes de agir. Porém, continua amargurado com o mundo todo, principalmente com Arbell. Sinceramente, eu esperava mais do Anjo da Morte neste. Ainda é o personagem mais legal do livro, com sua dualidade entre o menino doce e de bom coração e o guerreiro implacável e estrategista fodástico. Para se ter uma ideia, ele nem chega perto de um campo de batalha mais. Por outro lado, sua fama continua, e crescendo, a ponto de só a ilusão de ele estar presente dá a motivação necessária para as tropas.
Outra coisa continua igual. Por mais que Cale insista que não tem amigos, quando dele descobre que Kleist e Henri Embromador caíram presa de Kitty das Lebres, ele não pensa duas vezes antes de vingar os amigos. Kleist está mais retraído, depois de perder sua esposa e filha no anterior. Quase não aparece, e quando o faz, quase não fala nada. Está totalmente apático, o que é de se esperar. Já Henri Embromador está mais ativo, e continua dando leveza à narrativa com sua personalidade leve. Mas ele também fica bem em segundo plano. O centro deste livro é mesmo Cale. IddrisPukke também não aparece tanto assim, e agora tem um cargo elevado. Mas ainda solta suas pérolas de sabedoria divertidas.
Tudo gira em torno de política e as preparações para a queda iminente do Santuário. E neste processo, claro que Cale acaba ganhando mais inimigos. sua popularidade ameaça os poderosos, como os Materazzi (mesmo enfraquecidos), que acabam formando alianças entre si para matar Cale, ou destruir sua reputação. E essas tramas na verdade não empolgam muito. É tramoia demais para ação de menos. Lutas mesmo, como no primeiro, são raras, mas acontecem. O autor também acabou por incluir muitos personagens novos, e a gente se perde facilmente no meio disso tudo. OK, eu não lembrava direito do segundo, mas mesmo assim, tem hora que eu não sabia se fulano era Redentor ou Purgadores. E falando em Redentores, Bosco também quase não aparece, e seu final não foi lá muito legal.
Aliás, para uma conclusão, eu achei que o livro deixou muito a desejar. Muitas pontas ficaram soltas, como por exemplo os novos inimigos que eu mencionei. O que aconteceu com eles? Mas o pior foi com Arbell. Ela aparece pouco, e acaba criando uma tensão com Thomas, mas faltou uma conclusão para ela. Vou dar um exemplo sem dar spoiler (deste livro. Mas cuidado, spoiler de Eragon): nem Eragon nem Murtagh acabam com seus respectivos pares, ambos ficam sozinhos, mas há uma conclusão entre os envolvidos. Faltou uma cena mais franca e um encontro final entre Cale e Arbell. E não falo isso por ser romântica ou não, mas porque realmente faltou. Acho que Paul Hoffman começou com uma proposta muito boa, um primeiro volume apaixonante e envolvente, mas não soube desenvolver à altura. O segundo volume é inferior em relação ao primeiro, e o terceiro é melhor que o anterior, mas ainda longe de ser como o primeiro. Isso é impressão minha. Não que seja ruim, também longe disso. A narrativa em vários momentos é boa, e passa rápido, mas outras é muito descritiva e confusa. Há também tiradas boas, bem irônicas e um senso de humor sutil delicioso, que valem a pena a leitura. Mas poderia ser bem melhor.
Trilha sonora
Hand of Sorrow, do Within Temptation combina com Cale (the child without a name grew up to be the hand, to watch you, to shield you, or kill on demand). Kings and Queens (sério, que tudo que é essa versão?), From Yesterday e The Kill, do 30 Seconds to Mars. Finalmente Send the pain below, do Chevelle.
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