guibre 20/02/2010
Trata-se de uma obra com intuitos biográficos-históricos em relação a Stalin, elaborada por um general da União Soviética que esteve envolvido com o setor de propaganda. Tal fato torna o livro interessante, diante da potencial existência de elementos inéditos a respeito do ditador georgiano.
A tradução gerou um texto bastante simples, e por isso mesmo facilmente compreensível, mesmo que não haja, justificadamente, detalhamento sobre a estrutura interna do Estado soviético, fato que não inviabiliza a percepção de seu enorme tamanho. Em relação ao protagonista, aborda-se seu envolvimento com o Partido Bolchevique, tanto antes quanto durante e depois das Revoluções de Fevereiro e Outubro e, em menor grau, sua história pessoal e familiar.
São detalhados seus métodos de ascensão e suas relações com outros membros do Partido e funcionários do Estado, de modo a estabelecer-se o desenvolvimento temporal de sua figura, dando maior ênfase, devidamente, a sua aparentemente inata capacidade de manipular e a sua crueldade, além de traçar, mais de uma vez, um perfil intelectual do déspota.
Dessa maneira, demonstra-se a construção do cenário para a “tragédia”, como o autor a designa contrapondo-a com o triunfo político de Stalin, que se abateu sobre o povo soviético. Tal acontecimento inicia-se com a suplantação da democracia social e partidária para culminar no extermínio de milhões, como devidamente planejado (e não simplesmente aceito) por Stalin.
Enfatiza-se, aliás, que tais políticas repressivas chegaram a desestruturar o próprio Estado soviético, sendo que muitas autoridades acabaram sendo exterminadas. Se destaca também a utilização sistemática da tortura e da ilegalidade, de modo a estender a “pena” aos “inimigos do povo” as suas famílias e conhecidos, mesmo que não houvesse qualquer culpa dos envolvidos.
Sem dúvida, trata-se de uma obra que suscita emoções, ou mesmo estarrecimento. No entanto, é perceptível que a sistemática adotada tornou-a consideravelmente repetitiva, com um mesmo caso sendo citado várias vezes, de modo a que poderia se supor como possível uma outra sistemática que possibilitasse que a obra se tornasse mais sucinta e ganhasse em consistência, inclusive para consolidar uma abordagem crítica sobre Stalin.