Vagner46 04/04/2013Desbravando AzincourtRecheado com todos os ingredientes necessários para se fazer um romance histórico, Azincourt está, a partir de hoje, na minha lista dos melhores livros de Bernard Cornwell. É simplesmente intrigante a facilidade que o autor tem em narrar os acontecimentos de épocas passadas e ao mesmo tempo nos transportar para dentro da narrativa.
O livro nos apresenta Nicholas Hook, arqueiro inglês especialista em criar problemas desde que nasceu. Hook, assim como vários outros arqueiros, é enviado por seu senhor para Londres a fim de acabar com uma rebelião. Lá, nosso protagonista se mete em uma briga e é declarado fora-da-lei, tendo que buscar refúgio na França. Em Soissons, cidade francesa guarnecida pelos ingleses, o arqueiro conhece como é uma guerra de verdade: mortes, estupro, violência descontrolada e traições que mudam o destino de pessoas.
Apesar de toda essa brutalidade mostrada na guerra, o livro também é recheado de passagens sarcásticas e conversas muito bem-humoradas entre os personagens:
"- Briga de família, garoto, é o pior tipo de briga que existe – dissera John Wilkinson."
Ao longo da narrativa, Nicholas se encontra com diversos personagens marcantes em sua vida, como a freira Melisande, outros bons arqueiros como ele e, principalmente, Sir John Cornwaille. O cavaleiro é imprescindível no desenvolvimento de Hook como pessoa e também como guerreiro, pois o ensina a lutar com outros tipos de arma além do arco longo e também lhe dá algumas lições de vida que ficarão para sempre em sua memória:
"... Mate ou seja morto, dizia sempre Sir John, e Hook correu para o homem, com a acha levantada, o cabo seguro com as duas mãos, ignorou o débil golpe defensivo de espada que o homem ofereceu e estocou com a ponta da lança contra a cintura do francês."
E eu também não posso esquecer de deixar aqui para vocês um quote com uma clara demonstração de como são as descrições minuciosas do autor:
"O marechal não usava elmo. Seu cabelo era castanho-escuro, cortado muito curto e ficando grisalho nas têmporas, e emoldurava um rosto de tamanha ferocidade que Hook ficou pasmo. Era um rosto quadrado, rijo, com cicatrizes e quebrado, sofrido em batalha e pela vida, mas não derrotado. Um rosto duro, rosto de homem, rosto de guerreiro, com olhos escuros penetrantes que examinavam homens e cavalos em busca de sinais de suas condições. Sua boca estava fixa numa linha séria, mas de repente ele sorriu ao ver o padre Christopher, e no sorriso Hook viu um homem capaz de inspirar outros homens a grande lealdade e vitórias."
Vocês irão gostar muito desse livro, tenho certeza! A rixa da família Hook com a família Perrill se estende por todas as páginas e rende vários momentos de apreensão. O prólogo é sensacional, digno de uma obra de Bernard Cornwell. A única coisa que eu "não gostei" foi da narrativa em terceira pessoa, mas isso é algo mínimo comparado com a grandiosidade do livro.
E só para constar: eu nunca me canso de ler os livros do Bernard Cornwell. São muitos detalhes, são tantas batalhas e reviravoltas que é muito difícil MESMO não gostar do estilo do autor e da sua narrativa. Azincourt é mais um livro na minha lista de favoritos!
Pontos fortes: batalhas, descrições dos cenários e dos acontecimentos, intrigas... Enfim, tudo que deve existir em um romance histórico.
Pontos fracos: o fato do leitor já saber que os ingleses venceriam essa batalha histórica.
site:
http://desbravandolivros.blogspot.com.br/2013/04/resenha-azincourt-bernard-cornwell.html