Sam 31/10/2022
Retrato da época
"Segundo Monteiro Lobato "um país se faz com homens e livros". Podemos extrapolar e dizer que os sonhos de uma nação se tecem em sua literatura. A cada nova literatura dessas obras, os sentidos ali registrados se renovam, iluminando o passado, contrastando-se com o presente e enriquecendo as aspirações para o futuro. Assim, mais que a história, a literatura é o testemunho palpitante de um povo."
Esse comentário que faz parte do prefácio do livro, escrito por Maurício Silva, nos faz entrar na narrativa já pensando no que o autor estava pensando ao escrever esse livro, que tipo de indagações e contexto de seu tempo podemos perceber através dessa narrativa. E, sobretudo essa obra, essas questões colocadas se encaixam perfeitamente, visto que se trata de um obra pertencente a época do romantismo, mas com características bem parecidas com o realismo, ou seja, uma manifestação antecipada do realismo. Pois, enquanto José de Alencar escrevia obras exaltando um herói nacional, Manuel Antônio de Almeida em Memórias de um sargento de milícias escreve um personagem malandro e tido como anti-herói, além de trazer personagens do povo para mostrar como eram as pessoas e os costumes na época em que a realeza estava no Brasil. Outro aspecto muito rico é perceber como o leitor é inserido na narrativa e com o cenário da época, conhecendo os costumes não de forma romântica, mas de forma realista, já que ao saber que a história se passava no Brasil Colônia a primeira ideia que me surgiu a mente é ver se teria personagens escravos ou se seria pelo menos citados e o autor coloca os escravo de forma a não dar tanto destaque, talvez por não ser o foco da sua narrativa, mas mostra como eles viviam e como eram tratados nesse período, como se fossem meros objetos pertencente aos seus donos. A obra também traz o adultério, um padre pecador, a cultura dos ciganos vindos de Portugal e a principal delas "o policiamento" tido nesse período e toda a corrupção em torno disso.