alexiaramalho 16/08/2020
carne-viva
"Não sei bem que nome você daria a isso. Bem, não importa muito, chame do que quiser. Eu chamo de amor."
A narrativa completamente envolta sob a percepção de Cauby nos permite conhecer sua história a partir de relatos saudosistas e ressabiados "mostrei-lhe o mundo, o meu mundo"... quase sempre nessa ordem. Me encantou logo na primeira página, logo no título.
Cauby narra sua trajetória e passagem pelo mundo de uma forma tão vulnerável e errônea que é difícil não se identificar -enquanto ser humano- em tantos momentos. Tudo sob um olhar poético e visceral, tudo sob um olhar de fotógrafo. Surgiu em mim um sentimento ambíguo ao perceber sua idolatria por Lavínia se transformar em amor genuíno, ao passo que ele ia desemaranhando cada detalhe de sua complexidade... ora Lavínia, ora Shirley, ora nem ela mesma poderia dizer. Segundo o professor Schianberg "uma febre, nossa única sequela divina".
Eu decido encerrar aqui, qualquer elogio a mais seria pleonasmo, recomendo fortemente a leitura.
"O que acontece é que, quando estou com você, eu me perdoo por todas as lutas que a vida venceu por pontos, e me esqueço completamente que gente como eu, no fim, acaba saindo mais cedo de bares, de brigas e de amores para não pagar a conta. Isso eu poderia ter dito a ela. Mas não disse."