spoiler visualizarimapaperguy 25/08/2023
Lábios tão doces como mel, mente tão extraordinária quanto a alma.
Me limito nesta resenha a falar apenas da minha experiência e do impacto que esse livro teve em mim, mergulhar nessa história com pouco conhecimento da narrativa é o que torna a experiência tão marcante e avassaladora. Desde que li o livro meses atrás não consigo parar de pensar nele. Confesso que até o momento é o melhor livro lido esse ano e temo não achar um candidato à altura, o que me deixa mais feliz por ser uma obra nacional.
Não consigo dizer de certeza se é pelo fato de ser nacional ou pela escrita do autor, mas, durante a leitura eu consegui me inserir no livro de uma maneira tão vívida e real, as características, o cotidiano, as emoções e acontecimentos tão brasileiros e tão comuns (pelo menos na minha realidade) que me deu uma sensação de nostalgia, ao mesmo tempo que pertencimento à algo que não se vive mais. O caos de uma realidade conturbada, com comportamentos intrigantes e uma história pedindo para ser ouvida.
Ao me identificar com a história deste exemplar, não vi apenas meu passado sendo representado, mas também o meu presente, onde sou inserido como protagonista. Eu consegui me colocar 100% no lugar do Cauby, e entender seu ardente amor por Lavínia, um amor tão real, tão válido e tão único. É o típico sentimento que não se desperta com mais ninguém, ninguém preenche daquela forma, ninguém ama tanto quanto.
Desisto por aqui de tentar me expressar sobre o livro, é frustrante sentir que nada que eu disser estará à altura. O amor que eu vi representado no casal, foi um amor louco, filosófico e surreal, que todos almejam sentir, mas que nunca entendem (eles nunca entendem). A avalanche de acontecimentos estraçalham o coração, mas não param o amor, não roubam a emoção. Irei deixar abaixo algumas partes do livro, para que talvez em uma tentativa (desesperada) eu consiga passar mais do sentimento e convença qualquer pessoa que esteja lendo essa resenha a ler o livro.
"Em seu livro, o professor Schianberg escreveu: 'A grande desgraça é que as lembranças não bastam para confortar os amantes. Nunca aplacam. Ao contrário: servem só para espicaçar as chagas daqueles que foram condenados à lepra do amor não correspondido' "
"A natureza do amor, de não nos permitir escolher por quem nos apaixonamos, é uma rota que pode conduzir à ruína."
"Improvisamos um espaguete, abri um vinho e coloquei música; Lavínia acendeu velas na mesa da cozinha. Depois de comer, deitamos no sofá e fumamos uma amostra da primeira safra que colhi no quintal. E ficamos ouvindo Mozart. Felizes e estúpidos. Se tudo acabasse naquela hora, eu não poderia dizer que tive uma vida ruim."
"Dias em que coisas extraordinárias aconteceram, dentro e fora do quarto, como era comum quando estávamos um perto do outro. Coisas que, de certo modo, não pude viver por inteiro. Faltou entrega da minha parte."
"Falamos, falamos, falamos. E mesmo assim faltou dizer tanta coisa. E escutar também. Ela nunca disse que me amava. Jamais ouvi de seus lindos lábios a sentença que pronunciei algumas vezes"
"Eu estava doente, mas não desejava me curar, eu tinha uma obsessão, mas não queria que ninguém a removesse de mim."
"Amo você. Entendeu agora por que eu fiquei?".
Como disse a pensadora Lana del Rey: I think I'll miss you forever, like the stars miss the sun in the morning skies.