Resenhas - Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios

Sarah L.T. 08/04/2020

Poesia em prosa
"Nos alimentamos tanto do bem quanto do mórbido. No meio disso, ele assunta, existe a poesia."

Muitas histórias de amor possuem um idealismo, que navega em pura poesia e beleza surreal.
Essa obra retrata, sem dúvida, uma história de amor. Entretanto, uma história de amor tão real, imperfeita, com personagens carregados de tão inúmeros defeitos, que a torna a mais poética de todas.
Nenhum nome seria tão perfeito para esse livro quanto o que ele possui, algo que mistura o doce e o amargo. É uma história agridoce.

Julyana. 03/09/2011

"Chame do que quiser. Eu chamo de amor."

Cinara... 18/06/2022

O amor e suas diversas faces.
"A esperança é o pior dos venenos, seu Gauby. O senhor não concorda?"

Obra prima brasileira onde nos mostra diferentes tipos de esperanças em diferentes tipos de amores.
O tempo dentro da esperança, o tempo dentro do amor.
Me peguei várias vezes lembrando da escrita de Philip Roth.

Beatriz 11/10/2020

A paixão na sua mais verdadeira definição de loucura
Esse livro é bastante poético, nos traz diversas reflexões sobre as desigualdades sociais desse mundo.
A paixão de Cauby por sua amada Lavínia/Shirley/Lúcia nos mostra que a paixão avassaladora pode ser tanto uma salvação como uma completa perdição.
A química dos dois é algo surreal, o autor fez um ótimo trabalho nesta narrativa por fluxo de pensamento que nos transporta para todos os momentos da narrativa.
Recomendo esse livro para todos os leitores que gostam de um bom romance e de reflexões sobre a vida.

Nicolly 31/03/2021

?No one forgets a hurricane?
Diferente de tudo o que já li. Cru, intenso, marcante. Uma experiência única acompanhar a história de Cauby e Lavínia.

?O trecho está grifado no livro. Nele, o professor Schianberg dá voz a Nietzsche ? ?Há sempre um pouco de loucura no amor, mas há sempre um pouco de razão na loucura? -, para depois contestá-lo, lembrando que na loucura dos amores contrariados não há espaço nenhum para a razão, apenas para mais loucura?.

Amanda 31/03/2023

Este livro é de uma beleza absurda, já começando pelo título.
Conta a história de uma paixão avassaladora vivida entre em um forasteiro e a esposa de um pastor, em uma pequena cidade do Pará.
É uma leitura envolvente, profunda e incrivelmente visual. Já vou em seguida assistir o filme, que espero que seja tão maravilhoso como o livro é.

Joy 27/06/2020

êxtase
Vou começar discorrer sobre esse livro afirmando piamente, leiam escritores nacionais! Valorizem a literatura brasileira, e muito além de bentinho ou Brás cubas que são enfiados guela a baixo no ensino médio(não estou dizendo que são ruins mas tudo imposto tem um gosto amargo), Marçal entrega-nos um romance maduro e muito cru.
Vemos o amor nascer num ambiente muito hostil e personagens com passados mais hostis ainda(com direito a prostituição, uso de drogas, abusos sexuais etc...). A história se passa em Vitória- ES, cercada por um enredo tenso e rixas entre mineradora e sindicato.
Temos o olhar de Cauby, com o olhar paralelo do careca(se passar daqui é spoiler).
É uma história de olhar realista, sem floreios ao amor, pé no chão e sem muita doçura mas não menos viciante. Me senti meio desorientada em poucos aspectos da leitura, raros mas por isso não posso dizer que foi uma experiência impecável.
Contudo recomendo muito se você está procurando um livro brasileiro de qualidade.

Bee 27/04/2015

Caixa de fotos, filmes e amores
É sempre um prazer ler os contos de Marçal Aquino, escritor de narrativa lacônica e estilo próprio de escrever, e agora um romance com essa sua marca ímpar. Eu já tinha visto o filme, de mesmo nome, com atuação de Camila Pitanga e direção de Beto Brant, antes de ler o livro. Lembrei de algumas partes, cenas desta história que eu diria principais.
Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios (Marçal ganha leitor já na escolha do título ─ O amor e outros objetos pontiagudos é outra ótima nomeação para um livro de contos) é uma narrativa de tramas bem amarradas, que vão se encaixando naturalmente no final, como se pelo destino. Um roteiro cinematográfico, como costumam ser suas histórias. Sempre de personagens típicos ─ do maquinário urbano para as mais longíquas terras do interior, das fronteiras do Brasil. Pessoas simples, forasteiros, andarilhos e outros errantes que já perderam contato com a família ou qualquer coisa que valha a pena. Marçal parece caçar os excluídos à margem da sociedade e apresentá-los de maneira natural, meio sem ênfase, meio sem indiferença, procurando alguma suposta normalidade no "anormal". O efeito chega a ser agradável. Imagem que se aproxima da natureza humana.

A história do fotógrafo que estacionou no interior do Pará, num lugarejo em que crescia tensão entre garimpeiros e mineradora durante uma corrida do ouro, e se apaixonou pela mulher de um pastor é quase toda contada pelo próprio ─ o Cauby, em primeira pessoa. Exceto no flashback de quando o Pastor Ernani conheceu sua mulher na capital Vitória ─ a ex-puta Lavínia (ou Shyrley? Essa Lavínia era dupla personalidade ─ uma dama recatada, esposa de um pastor, cheia de decoros, ou a devassa, a puta que "trepava feito uma cadela no cio" ─ parece que o autor quis fazer um retrato do que se conhece popularmente como a mulher perfeita ─ dama na sociedade, puta na cama). Então, é oportuno também citar as nuances sobre o amor citadas ao longo do livro, pelo professor freak Benjamim Schiamberg, o malucaço e mais obscuro dos filósofos do amor.

E fictício também, assim como seu livro O que vemos no mundo. Me pergunto se Konrad Lorenz e Pretty baby de Keith também são fictícios (leitor: averiguar por conta). Mas Aquino, com essa ideia criativa, recheou o livro de saberes e citações ─ eu diria vagamente influenciados por Schompenhauer/Nietzsche ─ exemplos que viram metáforas, e outras algaravias. No meio das duas narrativas, há um também a história de um amor platônico contada por um ex bancário, na varanda da pensão da dona Jane ─ cena que inicia o livro. No tratado nada ortodoxo do sábio Schiamberg, não poderia faltar um capítulo especial só para falar dos platônicos. Os apaixonados que, na falta de outro remédio para o vírus do amor, tomam para si o maior de todos os venenos: a esperança. Cauby é quem vai citando trechos, trazendo pra sua novela com Lavínia e entrelaçando flashbacks com muita competência.

O livro é assim, com conteúdo, personagens marcantes, detalhados naturalmente, e acontecimentos surpreendentes. Acima de tudo, com uma narrativa que mostra uma normalidade agradável na rotina de pessoas simples, de gente do Brasil, e de lugares precários, mas que escondem beleza e poesia se olhados novamente.

anabê @anabialeiroz 01/10/2018

Cru, sensual e apaixonante
Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios, Marçal Aquino 5/5+♥

Cauby é um fotógrafo profissional que está no interior do Pará para fazer um livro com as fotografias das prostitutas da região, como forma de relatar a dualidade de um lugar pobre apesar de ser cercado de riquezas e de uma mineradora. É nesse cenário hostil em que conhece Lavínia, a jovem esposa do pastor local. Dona de uma personalidade ora picante, ora pudica e também de olhos hipnotizantes, é inevitável que Cauby caia em uma espiral de devoção e amor por ela.

Contado em retrospectiva, durante uma conversa na varanda da pensão onde está morando enquanto convalesce de um incidente, o livro fala muito aos amores proibidos. É um relato pungente, cru e até o osso sobre a sensação de queimar-se de amor — o vivenciado e o platônico — e a loucura, e vivê-los até suas últimas consequências, por mais que isso custe sua integridade mental e física.

O narrador utiliza sua narrativa sincera e fluida para ir e voltar no tempo a fim de mostrar como Lavínia revirou suas convicções e sua vida, como ele foi profundamente modificado pela montanha-russa de desejo e adoração a essa mulher dona dos mais lindos lábios. Para isso, Marçal Aquino cria um filósofo do amor chamado Schianberg e o parafraseia por toda a história, a fim de dar algum sentido de autoridade àquilo que Cauby sente e que o liga a Lavínia de forma poética.

"Retomo o livro e leio mais um trecho grifado: o professor Schianberg diz que a natureza do amor, de não nos permitir escolher por quem nos apaixonamos, é uma rota que pode conduzir à ruína. Entendo por que Schianberg escreveu isso. E dou razão a ele. Alguns amores levam à ruína. Eu soube disso desde a primeira vez em que Lavínia entrou na minha casa."

"Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios" é um dos livros mais incrivelmente escritos que tive a chance de ler no último ano e com certeza tem potencial para figurar entre os melhores romances da literatura nacional. Ao abordar com seus personagens interioranos típicos a beleza e as vicissitudes amazônicas/brasileiras, Marçal é capaz de te deixar estupefato em pouco mais de duzentas páginas.

site: instagram.com/anatomialiteraria

Thaís.Pinheiro 19/03/2020

Bom... Mas não pra mim!!
A escrita do Maçal de Aquino é maravilhosa!! Mas eu não sou muito chegada a romances!!
Então o fato de eu ter lido o livro todo, é por si só, prova de que trata-se de um bom livro apesar de não ser o meu tipo... e por isso não aproveitei tanto a experiência!!

Licia Maria 27/05/2021

Todo amor é um pouco louco
É sobre amor, mas, acima de tudo, sobre vida real. A violência desse enredo super realista, que te prende do começo ao fim, faz essa história passar longe de uma clássica narrativa romântica. Intercalando as histórias de Cauby e Careca fica fácil entender porque quase sempre escolhemos os amores insanos. O amor platônico, morno, casto não é menos dolorido que a loucura de uma entrega completa.

trajanoamanda 15/04/2020

Incrível
Um romance forte e real em um cenário também forte e real. Leria mil vezes.

Pâm 24/09/2019

Disfarçadamente autêntico.
Justiça seja feita, é mesmo um livro bem escrito, dá pra devorar. Mas é uma leitura agridoce. Logo no início, o personagem principal já dá notas de uma homem com ar de superioridade. A quantidade de citações a autores (bem ao estilo ?erdutião?), a maneira com que se expressa sobre a comunidade local (o paulistano superior em uma cidade ?não civilizada?). São indíces que acionaram o meu alarme para um escritor pseudo-desconstruído. A relação com a Lavínia, por sua vez, só corrobora as suspeitas. Uma mulher totalmente relegada às vontades masculinas, e à visão estereotípica de um machista sobre uma mulher: louca e frágil. Lavínia não chega sequer a ser mais desenvolvida, ela existe em função desse amor e dessa tragédia, mesmo quando se fala sobre o passado dela, é em prol da construção dessa deformidade psíquica que o autor constrói pra ela. Não a toa, a Lavínia que ele mais descreve é a versão devassa. Embora diga que há também a Lavínia recatada, essa é pouco mostrada ? Cauby parece se interessar de fato, apenas pela primeira. A recatada faz parte de uma certa fetichização tosca. Aliás, a previsibilidade dos toques sexualizados é outro índice. Os bordéis, o fotógrafo que ama fazer nus femininos, a descoberta de que o pai também fotografava nus: uma série de clichês que o autor parece tratar como novidades. Para coroar, o final ainda santifica Cauby: injustiçado, cheio de chagas (quase um Cristo) mas totalmente dedicado à sua amada. Justiça seja feita, é mesmo um livro bem escrito, dá pra devorar. Em outros tempos, talvez eu leria de outra maneira, mas hoje é impossível não problematizar. E acho que isso é saudável, porque só assim pararemos de idolatrar autores/artistas que perpetuam o machismo romantizando-o. E, mais do que isso, só assim os autores homens serão impulsionados a escrever obras de fato mais significativas e autênticas, despaegando-se dos clichês típicos da visão patriarcal.

NathyFischer 18/07/2020

O título mais lindo que já vi na vida
Esse livro dilacerou o meu coração e eu pedi: continue.
Intenso, extremamente sensual, muito bem escrito e até mesmo filosófico. História linda e impactante de amor.

As primeiras 50 páginas não te prende muito. Mas continuar a leitura valerá muito a pena!

Miguel Araujo | @sobrenomemiguel 27/05/2020

"Não julgue um livro pela capa", eles dizem... mas e quando a gente julga um livro pelo título?
De imediato, o que mais me atraiu nesse livro foi o seu título. A reação que tive foi a de pensar: "que nome brilhante!". Em seguida, fiquei refletindo se esse título teria algum sentido dentro da história do livro ou se seria apenas uma "frase de efeito" para captar a atenção de leitores desatentos. Bem, se a ideia fosse apenas atrair essa atenção, com certeza teria dado certo. Mas a realidade se aplica mais ao primeiro caso: existe sentido. E, ao ler esse livro, tive a sensação de que o seu significado é mais profundo do que se imagina.

"Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios" já começa com Cauby (que vai ser o narrador-personagem) relatando que teve uma visão sobre o dia em que morria, e ele indica que a sua morte seria causada por uma mulher - não qualquer mulher, mas sim o grande amor da sua vida. A partir daí, ele passa a nos contar como a conheceu e quais foram os seus sentimentos quando a viu pela primeira vez. Sem dúvidas, essa mulher, que se chama Lavínia, marcaria para sempre a sua vida. Fosse pro bem... ou fosse pro mal.

O jeito como Cauby narra a sua história não é linear (no sentido de que segue uma marcação temporal retilínea); assim, ele está no tempo presente e relatando sobre eventos que aconteceram com ele no passado - e que foram responsáveis por fazê-lo chegar onde está hoje: morando numa pensão em uma cidade paraense marcada pelo garimpo e pela mineração. Ele está tentando super um grande trauma e relata isso durante a sua narração (inclusive, sabemos disso já a partir da sinopse), mas não conta de uma vez tudo que aconteceu com ele. Cauby intercala momentos vividos no presente com momentos vividos no passado e, ao ouvir os relatos das trajetórias de vida de outros moradores dessa pensão, reflete sobre situações que tenham similaridade com as que ele viveu.

O fato de ele não narrar logo tudo o que ele passou faz com que tenhamos mais curiosidade ainda para saber o que de fato aconteceu, como os eventos se sucederam. Cauby constantemente afirma que sabia dos riscos que corria, mas decidiu continuar como estava do mesmo jeito. Isso prende a nossa atenção por bastante tempo, porque queremos saber quais foram as repercussões dessas suas decisões. E, apesar de em certos momentos acharmos que temos certeza do que realmente aconteceu, quando viramos a página percebemos que, na verdade, o rumo da história era outro. Achei isso brilhante.

A linguagem do livro é muito acessível e a leitura é bem rápida de se fazer. Além disso, a obra traz reflexões muito marcantes e frases que causam bastante impacto. Em vários momentos, senti uma beleza poética nos diálogos e nas formas como os personagens se relacionavam. O final desse livro é incrível (assim como ele todo é); quando a história chega perto da conclusão, ficamos em êxtase e "no chão" com o encerramento. As últimas frases são arrebatadoras! Provavelmente você terá uma ressaca literária ao terminar de ler esse livro. E não vai se arrepender nem um pouco disso.

Ainda bem que julguei o livro pelo título. Assim como o título é brilhante, a obra também é.

Fiz uma resenha sobre esse livro no meu canal no YouTube:


site: https://www.youtube.com/watch?v=gwcruazbZAk&t=22s