Leone 29/05/2022
Triste, bonito, trágico, romântico e brasileiro.
"Ele menciona um maluco norueguês que afundou um navio como oferenda pela volta da amada. O problema é que o navio não era dele, e deu cadeia. Eu afundaria todos os navios nesta noite, Lavínia. Incendiaria o posto. Só para ver o brilho das chamas refletido nos seus olhos escuros."
Se fosse fazer uma lista de livros com títulos mais bonitos que já li, esse certamente faria parte. O título, aliás, foi o que me chamou a atenção a princípio.
Essa atenção pôde se manter ao longo da leitura por alguns detalhes como: um livro que exala brasilidade e pra além do habitual, se passa no interior do Pará. Descreve os modos de uma cidade do interior brasileiro, as questões religiosas arraigadas (descritas, as vezes, com certa criticidade).
A atenção perdura com Cauby, um personagem apaixonado que, a princípio, desenvolve essa paixão através do sexo.
Assumo que minha atenção se perdeu um pouco em determinado momento, por volta de 30% a 50% do livro, quando as questões me pareciam puramente sexual e senti falta de um desenvolvimento pra além disso.
Esse desenvolvimento foi muito bem vindo e, como o título sugere, Cauby se mostra um homem muito apaixonado, capaz de irracionalidades pra se manter perto de Lavínia, a quem destinava sua paixão.
Pra além da escrita, com passagens muito poéticas (tudo é poesia aqui, até os títulos das partes do livro. Leia com calma e admire), o desenvolvimento da história foi o que mais me chamou a atenção. Além da lista dos títulos mais bonitos, também colocaria na lista dos melhores e mais bonitos livros nacionais que já li.
"O que acontece é que, quando estou com você, eu me perdôo por todas as lutas que a vida venceu por pontos, e me esqueço completamente que gente como eu, no fim, acaba saindo mais cedo de bares, de brigas e de amores para não pagar a conta."