Jack Ketch 27/09/2023
Nunca mais...
E disse o corvo:
_Nunca mais.
Essa frase seria facilmente o meu epitáfio, quem sabe assim alguém publique isso em fotos bizarras minhas bebendo assim como fazem com Bukowski e seu icônico (e idiota) epitáfio "don't try".
Esse conto para mim é o melhor do Poe, a forma como ele desenvolve a eloquência e suas referências sobre o império romano e a mitologia grega, a obscuridade e o misticismo envolvido nesse evento específico é surpreendente.
Consigo ver a dor e o luto do referido, consigo sentir, é quase tangível... O sentimento de perda é sofrível, ainda mais se você já tiver passado por algo semelhante na sua realidade.
Acho que se um corvo entrasse voando porta a dentro, antes de ele falar qualquer coisa já teria levado uma vassourada, ainda mais com uma morte recém ocorrida, parece mesmo um mau presságio.
A repetição de "nunca mais" fixa bem em minha cabeça e me atormenta durante toda a leitura, uma angústia que sobe do peito a garganta até que exploda em um descarrego de palavras sem sentido, ou com muito sentido.
Uma leitura rápida que entrega uma insatisfação pessoal semelhante a um orgasmo interrompido abruptamente pela sua mãe entrando no seu quarto sem bater na porta, é satisfatório mas ao mesmo tempo traumático.
Para você que busca se incomodar com uma resolução insatisfatória (masoquista), recomendo fortemente esse conto.