Não preciso repetir que estava ansiosa por esse livro. Conheci Shannara anos atrás, foi um dos primeiros mundos da fantasia que conheci, mas não inteiramente já que não havia lido nenhum livro do mundo de Shannara. Foi em uma época que estava quase melancólica em busca de algo semelhante a Tolkien. Composto por diversas trilogias o mundo de Shannara teve origem com a trilogia que a Saída de Emergência Brasil lançou recentemente. O começo tímido e ao mesmo tempo audacioso do que viria a ser um dos maiores e mais complexos e originais mundo do gênero fantástico.
Flick Omsford estava voltando de mais um dia de trabalho quando foi abordado pela estranha e assustadora figura de negro no meio da floresta. O estranho queria ir para o vilarejo e sem opção Flick o guiou, mas com a impressão de que ele já conhecia o caminho. Quando um gigantesco vulto se assoma no céu o estranho o joga nos arbustos escondendo-os da visão da terrível criatura. O mais esquisito porém, é que chegando a hospedaria de seu pai, o estranho, que se apresenta como Allanon, um historiador que há muito viaja por toda a terra pesquisando o passado, diz ter vindo atrás de Shea. Apenas no dia seguinte ele esclarece sua vinda. Shea, o filho de uma humana e um elfo, é o último descendente da casa de Shannara e único herdeiro sobrevivente de um dos maiores reis que os elfos já tiveram, Jerle Shannara. Shea sempre soube que era adotado, e sempre teve dúvidas e curiosidade acerca de sua origem. Mesmo com a vantagem de ter o melhor das duas raças Shea se sente estranho com a notícia do estranho Allanon chega com terríveis e quase inacreditáveis notícias para Shea que fora criado em um vilarejo humano isolado, e sempre acreditou na História que aprendeu sobre as raças e suas guerras destrutivas. Segundo Allanon o Lorde Feiticeiro que manipulou a todos nas Guerras das Raças mais recentes está de volta, matando todos os descendentes de Jerle para evitar que a espada possa ser usada contra ele. A Espada de Shannara fora forjada com o poder e intuito de desarmar os poderes que o Feiticeiro tem sobre o reino dos espíritos e é a única esperança que Allanon tem de deter a guerra que vem sendo fomentada as escondidas.
Partindo com Flick, seu irmão, e Menion, do príncipe herdeiro do reino de Leah e grande amigo de Shea, os três irão rumo a Anar, fugindo dos caçadores enviados para matar Shea, e de lá com as novas informações coletadas por Allanon, os três, acompanhados de dois elfos, um anão, Balinor, herdeiro de Callahorn e Allanon partem rumo a Paranor, o lugar de descanso da espada de Shannara. Enfrentando perigos e correndo contra o tempo Shea terá de descobrir dentro de si a força para a tarefa que lhe aguarda.
É a partir dessa premissa que a história se desenvolve e muitos poderão dizer que é uma premissa bastante semelhante com a de O Senhor dos Anéis, mas aconselho-os a não julgar precipitadamente a obra de Terry Brooks. O mundo de Shannara, que está apenas começando a ser desvendado nessa história guarda surpresas incríveis para os desconfiados. Com uma origem única e bastante criativa para o mundo e para as raças, elementos e nuances próprias, que a cada capítulo fazem mais sentido e surpreendem o leitor desconfiado. Sem falar que eu não sei quem disse que ser semelhante a Tolkien é uma coisa ruim. Eu achei estranha no começo, mas pouco a pouco foi um alento para um coração que há muito sente saudade da Terra-Média, ao mesmo tempo que essas semelhanças nada mais são que provas do amor do próprio Brooks por Tolkien.
A narrativa é em terceira pessoa com toques de pensamento ora de um personagem ora de outro em momentos oportunos, sendo bastante fluída e ritmada a narrativa cativa o leitor desde os primeiros capítulos com naturalidade, instigando-nos tanto pela curiosidade quanto pelo fascínio diante do universo criado pelo autor. A ambientação é fabulosa, à medida que a trama evoluí conhecemos detalhes imprevisíveis do mundo de Shannara, que faz o leitor ficar embasbacado diante da origem desse mundo. Com passagens vívidas e lugares que vão do sombrio ao belo o autor mergulha o leitor no cenário, nos tornando espectadores da ação.
É incrível conhecer nesse primeiro momento Shannara e é inegável que a cada capítulo a curiosidade e a surpresa aumentam, curiosidade urgente de conhecer as demais trilogias e o que mais esse mundo guarda de novidades. Se Terry Brooks começa com alguma semelhanças ao universo, ao molde de Tolkien é apenas isso porque ao fim notamos o quanto o mundo cresceu dentro do próprio autor, com suas próprias criações e possibilidades. Não é por nada que após essa trilogia Brooks lançou tantas outras, que abrange desde o estouro que mudou o mundo como conhecemos até essa trilogias e depois dela, o futuro do mundo.
Os personagens são outro ponto que evolui muito desde o começo. É possível ver a história e os personagens se assentando, e o autor ganhando confiança na história. Shea é um personagem que ilustra esse crescimento, assim como ele cresce a história cresce. O melhor personagem da história em minha opinião é Menion. O príncipe de Leah foi uma surpresa atrás da outra até o fim. Desde sua tenacidade a sua teimosia, e sua amizade que se mostra mais forte do que supomos no final. O rumo que a história tomou também me surpreendeu e o fim foi diferente do esperava. Uma história fechada, que teve começo, meio e fim. Um final com ação, tensão, cenas bem construídas, uma conclusão a altura.
Leitura agradável, que flui em um ritmo tão natural que o passar da trama não é sentido, uma leitura rápida. Terry Brooks se mostra um ótimo escritor desde o começo, que não teve medo de ousar e nem das comparações. Um começo ótimo para o que viria a ser o grande mundo de Shannara, interligado por grandes histórias. A trilogia possui histórias fechadas, mas nesse primeiro livro um elemento do livro dois aparece já deixando o leitor curioso pelo próximo. A edição da (...)
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