Nathalia 24/12/2022
Androides sonham com ovelhas elétricas?, Philip K. Dick.
Em 'Androides sonham com ovelhas elétricas?', nos vemos em uma realidade distópica pós apocalíptica em que, depois da aniquilação quase total da vida decorrente de uma guerra nuclear generalizada - Guerra Mundial Terminus -, o planeta Terra acaba por se tornar praticamente inabitável, um gigante depósito de lixo e destroços - ou bagulhos;
aqueles impossibilitados de migrar para colônias intergalácticas sobrevivem em meio ao caos e uma poeira radioativa altamente contaminante.
Nesse mundo sujo e decadente, vive Rick Deckard, um 'caçador de recompensas' responsável por 'aposentar' androides - máquinas criadas para lutar na referida guerra, mas que acabaram por ser usadas como escravos a serviço dos colonos - que deixam clandestinamente seus donos para viver como humanos na Terra.
Ele é chamado à delegacia de polícia de São Francisco para caçar 6 exemplares de uma nova variedade de androides perigosamente semelhantes a humanos, os Nexus-6. Nessa sua jornada de um dia de trabalho, Deckard é constantemente confrontado com a própria desumanização da humanidade, que se mantém em uma terra arrasada por uma guerra causada pelo próprio avanço tecnológico que deveria garantir aos seres humanos o controle da natureza, mas acaba por torná-los ainda mais reféns ou fragilizados.
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'Androides sonham com ovelhas elétricas?" é certamente uma obra complexa, que se propõe, a partir da jornada de Rick, discutir uma série de questões filosóficas profundas. Nessa sociedade pós humana, o convívio com a destruição e a imitação daquilo que outrora fora vida, cria seres individualizados, incapazes de se conectar enquanto coletividade - ou de sentir empatia, como coloca o autor - a não ser a partir de uma experiência virtual.
Nesse sentido, Philip K. Dick nos desafia a pensar a respeito da ideia de 'HUMANIDADE', tanto em termos individuais - o que é ser "humano" ou o que nos torna humanos em contrapartida ao que é objeto inanimado -, quanto em termos coletivos - o que nos une enquanto seres que compartilham da mesma condição.