Lorrany Moura 03/07/2020
O livro do chá foi escrito quando o Japão vivia uma crise de identidade cultural - fruto do afluxo de ideias e instituições ocidentais - e contribuiu para consagrar Okakura como um dos grandes defensores da cultura tradicional japonesa. Escrito em inglês com o intuito de transcender as fronteiras de seu país, a obra cumpre seu objetivo ao construir uma ponte cultural entre o Ocidente e o Oriente. Aqui, Okakura nos convida a conhecer a chanoyu, a tradicional cerimônia japonesa do chá, mas vai além. O livro nos conta a trajetória da bebida ao longo dos séculos e a influência da filosofia do chá (ou chaísmo, termo utilizado pelo autor) no estilo de vida dos japoneses, seus lares, hábitos, costumes, cozinha, arte e literatura: (abre aspas)A cerimônia chanoyu oferece um abrangente modelo de vida. Serve como constante lembrete dos valores básicos de um povo através do tempo, valores esses que emergem da sabedoria e da expressão milenar das tradições asiáticas. (fecha aspas)
Com uma escrita poética e repleta de reflexões filosóficas, Okakura também apresenta ao Ocidente as escolas e os mestres do chá, as peculiaridades dos aposentos utilizados nas cerimônias, a relação da chanoyu:com o taoísmo e o zen, os quatro princípios que norteiam o tradicional ritual (harmonia, respeito, pureza e tranquilidade) e o poder contido na simplicidade, na disciplina e na repetição. Gostei bastante do prefácio e posfácio, que me conduziram ao entendimento mais amplo da obra e também adorei a arte escolhida para compor a capa. Mas apesar da relevância e dos ensinamentos do livro, senti a leitura um pouco arrastada em alguns trechos históricos e nas descrições técnicas sobre a preparação da chanoyu