Bruno.Rafael 27/10/2024“Cuidado, Giovanni Drogo!”Giovanni Drogo é o protagonista desse livro, um tenente recém formado que vai ocupar seu primeiro posto em um forte isolado entre montanhas e um deserto, melancólico e a primeira vista, sem muita utilidade. Ali ele vai passando o seu tempo, a princípio querendo fugir do destino no forte, e depois, à procura de algo glorioso que lhe faça preencher o sentido da sua vida. Mas claro, há muito mais do que isso.
Dito isso, que livro!!! Uma ideia central fascinante, e ao mesmo tempo, um soco no estômago para qualquer leitor. Resumidamente, uma discussão sobre o tempo e o que fazemos com ele para benefício na nossa vida. Estamos vivendo, ou apenas sobrevivendo? Fazendo algo de útil com nossas vidas, ou só esperando uma grande oportunidade para justificarmos ela? Correndo atrás, ou esperando cair do céu? Cômodos ou incomodados?
Uma leitura pesadíssima, não em relação à escrita, que é muito boa e fácil de entender, mas ao conteúdo, que é difícil de digerir. Me atrevo a comparar o teor desse livro ao “A morte de Ivan Ilitch” de Tolstói, dois livros para marcar a vida de qualquer leitor. Para alguns, durante a leitura, haverá sentimentos de depressão e angústia, para outros, uma chance de mudar os hábitos, de fazer a vida diferente. Ou tudo isso! Vai depender do ponto de vista de cada um e como essa pessoa está lidando com sua vida, com seus objetivos, com seus desejos. Creio que esse seja o maior legado desse livro, a autorreflexão sobre a vida, a sua vida, e o que está fazendo com o tempo dela.
Giovanni esperava por algo glorioso na sua carreira, mas sabia que naquele forte não o encontraria. Em um momento se desapegou mesmo da ideia de sair dali de uma vez. Porém, algo o fez retornar e ficar no forte. Uma especulação, uma lenda, uma exigência superior militar, uma grande guerra, uma inabilidade social adquirida por ficar longe da cidade, outra coisa, todos esses fatores juntos, o que exatamente? Enfim, depois que ficou, desejou a glória que o faria herói junto com seus companheiros soldados. Ficou no forte. Parecia fácil e cômodo esperar pela glória. E tinha outra alternativa? Mas sempre há um alerta, o narrador do livro diz: “Cuidado, Giovanni Drogo!”. E isso se repetia na minha mente sempre que Giovanni tomava uma decisão que o levaria a um caminho discutível. Mas não bastava só coragem para Drogo, havia muito mais fios de teia nessa armadilha que o detinha e o agarrava. E assim é nossas vidas, múltiplos empecilhos. E acabamos por nos acomodar, ao invés de tomar decisões bruscas para mudarmos algo.
Mas a batalha dura até o final, contra o último inimigo de todos nós, e Giovanni Drogo se libertou...
venceu sua própria batalha!