História do Cerco de Lisboa

História do Cerco de Lisboa José Saramago




Resenhas - História do Cerco de Lisboa


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Danieli75 19/04/2023

Sou muito fã da escrita de Saramago. Esse é um dos livros com enredo mais simples que li desse autor até agora, e mesmo assim a história é fluida e cativante. Sempre uma boa experiência ler uma obra tão bem escrita.
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Biblioteca Álvaro Guerra 22/02/2023

História do Cerco de Lisboa retoma um fato histórico de Portugal, misturando o evento real e a ficção. O livro, que trata do fato ocorrido em 1147, foi lançado em 1989. Raimundo Benvindo Silva, o personagem principal, altera um fato histórico de um livro que ele deveria apenas revisar e desencadeia uma reflexão sobre a proximidade do texto histórico e do texto literário, sendo esta a mais importante discussão trazida pela obra. A história se desenrola em diferentes planos: a história real do cerco de Lisboa; a história criada por Raimundo, gerada a partir da alteração; e a do narrador, a única a que temos acesso de fato.

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. Basta reservar! De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788535918755
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Laurenti 03/02/2023

Cada vez que leio esse Livro ?? me apaixono, leitura meio cansativa,mas sério não desiste dele não, é incrível ??, Saramago nunca decepciona ????????????
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Bruno 14/01/2023

Saramago e suas narrativas extraordinárias e envolventes. Neste livro, temos a chance de reviver um Capítulo importante na história de Portugal - a reconquista e expulsão dos Islamitas (Mouros) pelos portugueses. E tudo pela ótica de um editor que, de repente, decide alterar uma palavra - ao revisar um livro de história sobre esse episódio. A cena que leva a essa decisão é de uma grande maestria e nos faz sentir a angústia do editor. Daí, tudo que se segue são revisões e, um caso amoroso bem interessante. E, como é praxe com Saramago, o livro carrega, ainda, um humor inteligente e uma ironia refinada.
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Paula1735 11/12/2022

Tudo começa por causa de um simples erro. Em que um Raimundo decide corrigi este erro impresso no livro. Colocando uma errata no livro. E deste erro Raimundo é demitido da editora de livros e contratando uma jovem. Para revisar este trabalho e também estimulando a reescrita de Portugal.
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lucasfrk 15/11/2022

História do cerco de Lisboa ? Resenha
?A literatura é o que poderia ter sido; a história é o que foi.?
? Aristóteles

Neste romance, publicado em 1987, o escritor português José Saramago explora os meandros da paixão nos espaços históricos e literários, como viria fazer noutra obra tão ou mais notável como O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991). A obra divide-se em duas histórias paralelas: a real, do cerco de Lisboa; e a fictícia, que surge da mente do revisor Raimundo Silva. Na trama, Raimundo Benvindo Silva é um humilde revisor de textos. Ao trabalhar em uma obra sobre o cerco de Lisboa, comete, deliberadamente, um ?erro? alterar injustificadamente uma certa frase de um livro sobre o cerco de Lisboa, da potência de um simples ?não?.

O cerco de Lisboa foi o momento decisivo de retomada da Península Ibérica pelos cristãos (no ano 1147 d.C.), até então dominada pelos mouros. É com o auxílio dos Cruzados que se dirigiam para o Oriente Médio ? após a Segunda Cruzada ? que as forças lusitanas do rei D. Afonso Henriques (1109-1185) conseguem expulsar os mouros da fortaleza. O ato ?gratuito? de Silva ? aparentemente insatisfeito com os erros historiográficos do livro ?, compelido a inserir um termo que muda os termos da guerra. No lugar, ele reescreve a história com traços pessoais: o romance entre um soldado e a concubina de um cruzado alemão, que espelha a crônica de amor tardio entre o próprio revisor falsário e sua editora, Maria Sara.

?Corrigir, corrijo eu, mas as piores dificuldades resolvo-as à maneira expedita, escrevendo uma palavra por cima de outra?. (p. 5)

É por meio da metaficção, com uma narrativa ? em terceira pessoa ? com o tempo bifurcado entre 1147 d.C e os anos ?80, que Saramago discute varias questões, como o papel do escritor, o registro historiográfico, o direito ao ?não?, e, em certa medida, às notícias falsas que se proliferam na contemporaneidade. É por meio de uma constante tensão entre realidade e ficção que o autor discute a fabricação da história, numa espécie de narrativa-moldura que engendra várias camadas discursivas. Essas duas narrativas espelhadas são tecidas maneira brilhante, fazendo o leitor cativar-se com as possibilidades do romance como um meio de recriar o passado.

José Saramago nasceu em 1922, numa família de camponeses, em Ribatejo, Portugal. Exerceu diversas profissões, como serralheiro, funcionário público, editor e jornalista, antes de dedicar-se unicamente à escrita. Laureado com o Prêmio Camões (1995) e com o Nobel de Literatura (1998), Saramago foi consagrado ao adotar um estilo que quebra com os padrões clássicos de narração ao abolir o uso tradicional da pontuação. Seus diálogos não possuem travessão ou aspas que indiquem a troca de turno das falas; escreve longos períodos com escassa pontuação; apresenta capítulos inteiros sem uma quebra de parágrafo.

Seus diálogos orais parecem evocar um fluxo de consciência, que ativam a atenção do leitor, numa abordagem quase cinematográfica, que deixa as personagens falarem por elas mesmas, continuamente e sem muita cerimônia. Seu discurso está imbuído de ditados e expressões populares. Caracterizado pela metalinguagem, Saramago tem uma abordagem social, que dá voz e vez aos humildes, às classes mais baixas.

?[?] Um homem sempre deve ir completo aonde o chamem, não pode alegar, Trago aqui esta parte de quem sou, o resto atrasou-se no caminho?. (p. 46)

Militante político e perpétuo provocador, Saramago transmite uma postura política afiada. Ao inserir um ?não? ao texto histórico, que desvirtua o ocorrido, Raimundo Silva, um sujeito calmo, paciente e de classe média, tem sua vida completamente alterada, assumindo, com o ato de rebeldia (talvez incorporando a revolta camusiana), um outro sentido a sua vida. São dois cercos a serem derribados ao longo da narrativa: o histórico, aparentemente tangível; e o fictício, no imaginário do editor, que aos poucos consegue levar em frente seu romance pessoal (a metáfora do cerco seria a prisão do próprio ?eu? de Raimundo).

Como que para exaltar o papel do escritor, Saramago expõe a subjetividade humana, pondo em evidência personagens paralelas, que representam as classes populares da sociedade, frequentemente ausentes do texto historiográfico. Saramago deixa claro o poder da arte literária ao revelar um passado significativo da história. O autor invoca o mito fundador da nação portuguesa para fazer uma releitura sob a ótica de uma personagem deslocada, que, por sua vez, dá protagonismo às figuras menos favorecidas pela história hegemônica (em grande parte branca e anglófona). Esse processo resulta numa desmistificação de ícones e da própria história nacional, bem como numa proposta reflexiva pertinente sobre o futuro. Em suma, vários pontos de vista sobressaem-se à voz do onisciente narrador.

?[?] E é neste instante que ao espírito vazio lhe acode uma ideia para ocupar este seu dia livre, algo que afinal nunca fizera na vida, não têm razão aqueles que se queixam da brevidade dela, se não a aproveitaram como lhes foi dada?. (p. 51)

Além de ser uma estratégia feita a partir da ambiguidade da história ?real?, a negativa de Raimundo Silva ganha uma outra significação: a afirmação do ficcional. O revisor reconfigura sua nova história a partir de vestígios ficcionais, evidenciando seu olhar sensível e criativo ao trazer novas perspectivas históricas sob ponto de vista crítico. Vale lembrar ainda que, na própria epígrafe do livro, assim como noutros, Saramago inventa algo fictício.

?Enquanto não alcançares a verdade,
não poderás corrigi-la.
Porém, se a não corrigires,
não a alcançarás.
Entretanto, não te resignes.?
(Do Livro dos Conselhos)
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Lane 02/06/2022

consegui
esse livro é muito massa.
me interessou desde que li a sinopse.
um revisor, ao revisar um livro sobre a história do cerco de Lisboa, não concorda com algumas coisas que estão escritas lá e troca um "sim" por um "não", o que obviamente é descoberto na editora klkkk.
mas não é só isso, o livro é praticamente uma história dentro de outra história, Raimundo Silva, o revisor, é desafiado a escrever sua versão da história do cerco.

tem migalhas de romance. a escrita de Saramago é surreal, gente, ele não usa travessões para falas, nem aspas! não usa interrogações e mais um pouco, só lendo pra entender, lendo de verdade.


dei quantos estrelas pq passei quase 1 ano pra terminar :)
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Mimi 29/05/2022

Confesso que quando eu comecei a ler, me senti completamente perdida com a história e, principalmente, o modo de escrever de Saramago (por favor, não me matem, mas é a minha primeira experiência com o autor). Mas fiquei feliz em saber que essa confusão passou depois da página 50, que é quando de fato a história de Raimundo Silva começa a ser contada.
Eu sabia onde estava me metendo quando comecei a ler o livro, mas me surpreendi com a prosa do autor. Foi difícil, sim, no começo. Mas uma vez acostumada, me senti envolvida com o jeito que Saramago usa as palavras, as frases, os diálogos para narrar a história, criando uma poesia própria dele.
Não achei assim, o livro em si super revolucionário, mas foi um bom livro para um primeiro contato com o autor e agora anseio ler os seus mais famosos títulos :)
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Luis793 10/03/2022

Estilo de escrita muito diferente
No começo estranhei muito a escrita, mas com o tempo me acostumei e gostei muito! A história também é bastante interessante!
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Gerald.jerryrrj 18/02/2022

Ótima experiência para um primeiro livro de Saramago
O modo de escrever único de Saramago prende a atenção do leitor. A trama, rica, mais ainda. Um dos poucos que eu leria novamente...
Marcos.Azeredo 22/02/2022minha estante
Único livro do Saramago que não gostei!


Marcos.Azeredo 22/02/2022minha estante
Único livro do Saramago que não gostei!


Gerald.jerryrrj 24/02/2022minha estante
Poxa, Marcos... Que interessante. Aconteceu o mesmo comigo quando tentei 'O ensaio sobre a cegueira'. Sempre paro no mesmo ponto kkkk não desistamos




Rhuan Maciel 17/02/2022

A escrita de Saramago foi um dos alicerces que me prenderam ao livro por quase 200 páginas, entretanto não consegui continuar, uma vez que não possuo algum interesse sobre o cerco de Lisboa. A história de Raimundo e Maria Sara estava muito boa e preferia que o autor só focasse neles, mas sei que a premissa do livro não funcionaria. Acredito que pra quem já possua conhecimento desse fato da história portuguesa, o livro deve ser muito mais interessante. No fim, essa leitura ajudou-me para conhecer o estilo de Saramago.
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Jamyle Dionísio 06/01/2022

Isso não é uma resenha
Demorei para chegar até aqui. O livro ficou reverberando em mim, era como se ainda não tivesse me separado dele.
Acho que ainda não me separei. Como se eu fosse bebê recém-nascido que não sabe ainda que nasceu.

Coisa estranha e maravilhosa é ler o livro de um mago das letras!

Esse livro é do meu marido. Uma daquelas edições de banca, de quinze anos atrás. Perdeu até a jaqueta. Está ao meu alcance desde que juntamos as bibliotecas. Um tesouro desprezado!

Olha só: nem sei como começar. Raimundo Silva é um revisor de livros. Seu último trabalho é a História do Cerco de Lisboa, evento acontecido no século X. Trata-se da reconquista de Lisboa dos mouros por Dom Afonso Henriques, com a ajuda dos cruzados. Porém, por motivos desconhecidos pelo próprio Raimundo, decide mudar o texto do livro, inserindo um ?NÃO? que alteraria todo o rumo da história.

A Editora, ao descobrir o erro, coloca os revisores sob a supervisão de Maria Sara. Em vez de pegar no pé do pobre revisor, ela fica intrigada pelo ?não?, pelas possibilidades que aquela palavra pode criar nos mundos real e imaginários.

As duas narrativas, a do cerco de Lisboa e a de Raimundo Silva, se mesclam ao longo do livro todo.

Sim, os parágrafos são grandes, as frases imensas. Mais imenso é Saramago, meus amores. Vale a concentração, o esforço, os retornos para releitura quando a gente se perde no texto.

(E tem história de amor. Adoro.)

Há livros que não exigem resenha. Eles são o que são.
Devem ser lidos.
Isso não é uma resenha. É uma experiência.
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Renato 14/11/2021

Crônica de dois amores e Lisboa
Quem lê José Saramago conhece já seu particular estilo de (falta de) pontuação e parágrafos quilométricos que exigem uma leitura menos célere até que o leitor consiga dominá-lo. Vale muito a pena. Este livro exige um pouco mais, pois são dois romances intercalados e as alternâncias entre um e outro às vezes não passa de uma vírgula. Um é romance histórico medieval ambientado na verdadeira tomada de Lisboa pelos portugueses, o outro é o próprio personagem/escritor vivendo suas crises e seu maduro romance na Lisboa contemporânea. O narrador não economiza nas palavras e nem nas referências paralelas e a falta de pontuação é uma evidente deferência do magistral Saramago às antigas crônicas portuguesas. A ortografia de Portugal é saborosa e você é levado a ler com sotaque português, ora pois!
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