Thiago275 12/12/2023
Surpreendente
Quando foi lançado, em 1907, O Agente Secreto não foi muito bem recebido por parte da crítica devido ao fato de que, aparentemente, não se "encaixava" na literatura de Joseph Conrad, autor do célebre Coração das Trevas.
Este livro chegou a ser taxado de literatura rasa, vítima do preconceito de que sofre todo o gênero compreendido pela literatura policial, de suspense e, como é o caso aqui, de espionagem. No entanto, me perdoem os críticos, somente quem não leu o livro inteiro é que pode afirmar que ele não tem profundidade.
Em O Agente Secreto, acompanhamos a história do Sr. Verloc, um agente duplo vivendo em Londres, e que simultaneamente tem contato com anarquistas e é remunerado por uma embaixada de um país que não é nominado na história.
Certo dia, o Sr. Verloc é chamado à embaixada e encarregado de algo perigoso: ele precisa engendrar um ato terrorista - explodir um centro científico inglês - a fim de causar a comoção necessária aos propósitos de seus superiores. A partir daí, a história vai caminhar por trilhas surpreendentes e trágicas.
A missão do Sr. Verloc vai adentrar no seu próprio lar, composto por sua esposa, sua sogra e seu cunhado, um rapaz que tem deficiência intelectual e que o obedece sem questionamentos. E, aos poucos, o que era para ser um livro de espionagem se transforma em um tocante drama familiar.
Por meio de personagens construídos de forma excepcional, Joseph Conrad nos mostra como, em qualquer conflito, são os inocentes os que mais sofrem. Isso era uma verdade em 1907, e infelizmente, continua sendo verdade em 2023, em meio a guerras intermináveis.
Essa é uma lição que a humanidade precisa aprender e, enquanto isso não ocorre, livros como O Agente Secreto continuam a ser necessários.