Mandark 16/01/2024Charlie encontrou uma amiga...Quem me conhece sabe do amor indescritível que tenho por "As Vantagens de Ser Invisível", um livro que inclusive esteve presente no meu trabalho de final de curso da minha graduação em Letras. Charlie é uma presença viva em minha existência e suas cartas são releitura obrigatória pra mim.
Com isso em mente, me abrir pra outra obra parecida é um processo que encaro com certo preconceito. E esse título e a própria arte da capa nunca me atraíram ou me geraram empatia.
Mas, existem pessoas por quem tenho tamanho respeito que, quando me indicam algo, por maior que seja o meu preconceito, eu abro facilmente uma exceção. E esse foi o caso desse livro. E que bela exceção.
Novamente tenho uma série de cartas que agem como uma espécie de diário. Mais uma vez tenho um narrador traumatizado que acaba de entrar no que seria o nosso Ensino Médio, que enfrenta o luto recente de uma perda muito sentida, que se sente deslocado e que logo se identifica com um grupo empático de deslocados.
As mudanças começam com o narrador, que na verdade é uma narradora. Além disso, os destinatários passam a serem bem específicos. Os mortos do título não são quaisquer mortos, mas grandes e específicas personalidades do mundo das artes (em sua maioria), principalmente da música.
Quando descobrimos que a autora é amiga do Stephen Chbosky (autor de As Vantagens), o livro ganha um encanto ainda maior. Percebemos que as semelhanças entre Charlie e Laurel não são mera coincidência ou cópia, mas vemos que ambos são reflexos de uma amizade real e que criou duas obras belas, cheias de referências intensas e que nos apresentam um mundo sombrio e ao mesmo tempo esperançoso.
O livro pode ser acusado por trazer certos gatilhos, mas eu acho que ele lidou com tudo com extrema leveza.
Uma obra que já ganhou espaço no meu coração e que vai ganhar várias releituras, com absoluta certeza.