Rafael Nini 15/08/2023
Saga Nórdica, com elementos Greco-Latinos e Medievais
Escrita na Islândia do século XIII, é interessante notar a presença de diferentes tradições literárias coexistindo harmônicamente nessa obra. As Sagas Germânicas obviamente são a fonte primária da grande maioria do material e do estilo narrativo, mas além destas, percebi elementos das Gestas de Cavalaria e dos Romances de amor cortês medievais, que nessa época já haviam adentrado a Islândia via França e Inglaterra. Além destes, nota-se claramente elementos da tradição Greco-Latina, inclusive com cenas perfeitamente paralelas, por exemplo o desfecho dado aos filhos de Gudrun e a história de Procne, narrada no Livro VI das Metamorfoses de Ovídio, ou então o elemento de feitiçaria em personagens femininas e como isso é retratado, paralelismo claro entre personagens como Grimhild ou Brynhild e a Medéia dos gregos, por exemplo. Alguns diálogos também lembram bastante os das tragédias gregas clássicas.
Pra mim, o ponto alto do livro foram os capítulos XVIII a XX, e por si só já fizeram valer a leitura da obra - o diálogo entre Sigurd e Fafner no capítulo XVIII me remeteu ao melhor dos diálogos dos tragediógrafos gregos e bem no início do capítulo XX o autor utiliza momentaneamente um recurso narrativo que achei extremamente interessante, colocando-nos dentro da perspectiva do personagem principal, que é capaz de entender o que dizem os pássaros, e passa a desenvolver a história através dos diálogos entre estes.
Vale a pena a leitura!