Mari 25/04/2021
" - Mamãe! Mamãe!
- Que é minha filha?
- Não somos nada nesta vida."
Um livro pré-modernista, mas que ainda retrata o atual racismo e sexismo que cerca a mulher negra.
Achei super interessante a construção dos personagens, como o do Cassi Jones, um homem branco extremamente problemático e doente. Os pais de Clara dos Anjos, extremamente protetores e a própria Clara, uma menina ingênua. Mostrando as influências do naturalismo, que eu, inclusive, gosto muito.
"Escolhia bem a vítima, simulava amor, escrevia detestavelmente cartas langorosas, fingia sofrer, empregava, enfim todo o arsenal do amor antigo, que impressionava tanto a fraqueza de coração das pobres moças daquelas paragens, nas quais a pobreza, a estreiteza de inteligência e a reduzida instrução concentram a esperança de uma felicidade num Amor, num grande e eterno Amor, na paixão correspondida.
Sem ser psicólogo nem coisa parecida, inconscientemente, Cassi Jones sabia aproveitar o terreno propício desse mórbido estado d'alma de suas vítimas, para consumar os seus horripilantes e covardes crimes; e, quase sempre, o violão e a modinha eram seus cúmplices..."
O único traço negativo desse livro é que algumas partes eram cansativas de ler apenas porque o foco da história só é retratado no final.