Clara dos anjos

Clara dos anjos Lima Barreto




Resenhas - Clara dos anjos


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Yuririn 23/01/2021

A história que se passa em meio a sociedade do RJ no século XX trata de assuntos como preconceito, superproteção dos pais e como a mulher era vista nesse período. O tipo de restrição vivida por Clara e as decisões que ela toma com seu conhecimento de mundo limitado, somadas aos acontecimentos causados/sofridos por outros personagens (principalmente com Marramaque!!), instigam você a querer saber o que vai acontecer. Particularmente, gostaria que o que aconteceu com Cassi no fim fosse mais severo ou diferente, mas entendo a escolha que o autor faz em relação a essa personagem, pois desse modo consegue passar uma mensagem pesarosa, mas real, no final.
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Luiza 19/01/2021

Achei o livro bem fácil de acompanhar e bem acessível, mesmo sendo uma obra de quase 100 anos atrás. A mensagem principal busca criticar o desprezo e descuido que toda a sociedade, inclusive autoridades, tem para com as meninas e mulheres pobres mestiças e negras, ao passo que também serve como um alerta para essas mulheres não se deixarem enganar por homens que querem se aproveitar delas e também alerta para os pais não criarem suas filhas pobres, negras e mestiças, com proteção em demasia e isolamento da sociedade, uma vez que a ingenuidade fruto desse tipo de criação pode acabar com a vida e o futuro delas. É uma mensagem difícil de digerir, mas entendo que foi escolhida por Lima Barreto justamente por ter sido ele um homem negro que sofreu o racismo na pele e, portanto, penso que escreveu o livro de um lugar de preocupação com as mulheres negras e mestiças como ele, e não em um tom moralista. A intenção cuidadosa do autor ficou ainda mais clara pra mim pela forma com que ele trata a história, evidentemente criticando e condenando o preconceito com o qual as personagens pobres e negras são tratadas. As críticas sociais foram o que eu mais gostei no livro, desde a crítica principal, até as críticas sobre o descaso governamental com as partes mais pobres da cidade, a arrogância da classe média com pretensa origem europeia, a falta de perspectiva gerada pela pobreza e o alcoolismo vinculado à ela. Achei ótima a parte em que o autor faz Clara desconfiar da má-fama do cafajeste Cassi sob a justificativa de que ele não poderia ser tão ruim quando frequentava casas de doutores, coronéis e políticos. Essa parte explicita a ordem social na qual os homens que ferem mulheres pobres, negras e mestiças não só não são punidos, como continuam sendo acolhidos em todos os círculos sociais, enquanto a mulher é a única desonrada aos olhos de todos e excluída. Gostei também das descrições das vizinhanças do Rio de Janeiro, que proporcionou uma boa ambientação do local na época. Não achei fácil me conectar com as personagens, apesar de achá-los interessantes. Também houveram alguns pontos da trama que foram usados apenas para críticas circunstanciais, mas que não tiveram nenhum papel real para a história, como a mansão que abrigava uma igreja evangélica americana, que é apresentada no início mas nunca mais voltou a ser mencionada depois. Com certeza é um livro que continua atual, pois até hoje pode-se dizer que a sociedade brasileira se comove com a dor da mulher branca rica e ignora o sofrimento da mulher negra pobre, o que acaba sendo outra forma de vulnerabilizar esta mulher. [Livro lido em janeiro de 2021]
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Fernanda.Isabely 13/01/2021

Bem bom!
O livro faz uma denúncia racial e social da vida no subúrbio contando a história de Clara, uma menina ingênua, pobre e negra que é seduzida por Cassi. Apesar de ser bem curto e rápido, Lima Barreto consegue fazer você se envolver no drama dos personagens, eu gostei!!
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Matheus.Augusto 12/01/2021

Meh
Nada mais que um episódio de novela dos anos 90, tem alguns momentos muito bons, mas achei meio enrolado
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anaruiz 05/01/2021

Resenha Clara dos Anjos
“Clara dos Anjos”, foi o último livro escrito por Lima Barreto, em 1922, mesmo ano de sua morte; entretanto, a obra foi publicada somente em 1948.

Conta a história de Clara (dos Anjos), uma menina de 17 anos, negra e pobre, que vive no subúrbio do Rio de Janeiro com seus pais, Joaquim dos Anjos e Dona Engrácia. A vida da personagem muda de forma drástica quando é apresentada no dia de seu aniversário a Cassi Jones, um rapaz de pouco menos de 30 anos, branco e que possuía grande histórico de defloramentos e sedução, incluindo mulheres casadas.

Cassi se aproxima de Clara, que iludida com a promessa de amor eterno, se entrega a ele, mesmo com a reprovação de todos ao seu redor. Após um tempo, Clara descobre que está grávida e, ao saber disso, Cassi desaparece.

Clara, desesperada, acaba procurando sua vizinha, Dona Margarida Weber, para lhe pedir um remédio abortivo, mas a vizinha acaba encorajando a moça a contar para seus pais que está grávida. Clara, junto de Dona Margarida decide ir à casa dos pais de Cassi, onde foi recebida pela sua mãe com um discurso extremamente preconceituoso.

O livro conta com um final impactante, quando Clara volta para casa desolada pelo diálogo com a mãe de Cassi e diz a sua mãe "nós não somos nada nesta vida!" percebendo sua ingenuidade.

A obra aborda temas como o preconceito racial, a obrigação social do casamento e o papel das mulheres na sociedade fluminense durante o século XX, além do mau caratismo dos homens, a malandragem e o descaso com o subúrbio.

O romance é narrado em terceira pessoa, com um narrador onisciente. Faz parte do Pré-Modernismo, período de transição entre o Realismo e o Modernismo; mas também apresenta um nacionalismo exagerado e utópico, características do Romantismo.

Assim como outros autores do pré-modernismo, como Monteiro Lobato e Euclides da Cunha, Lima Barreto escreveu essa obra com um tom de denúncia, uma visão mais crítica do país.

Há quem diga que a obra é um tanto autobiográfica, por contar com personagens com vidas que podem ser facilmente associados com a vida do autor.

site: https://www.instagram.com/p/CDZxruKlmks/
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Caio 04/01/2021

Livro que conta a realidade Nua e Crua!
Outro livro que gostei bastante do grande Lima Barreto. Um livro bem elaborado (apesar de ter algumas partes repetitivas, enfadonhas no sentido de certos retratos da região ou um pouco dos personagens) mas isso não tira os méritos, importância da obra na literatura brasileira no movimento modernista. Segunda obra que conheço do Lima, a outra foi 'A Triste Fim de Policarpo Quaresma' que também de forma irônica, ácida e inteligente critica o patriotismo e detalha muito bem as características da sociedade, dos seus costumes. Aqui em 'Clara dos Anjos' tem características semelhantes como: Dados autobiográficos na sua obra. Se vimos em Policarpo, características de Lima Barreto, aqui também vemos em Leonardo Flores. Traços da vida pessoal sofrida do escritor está nesse personagem complexo, com estigma de fracassado e viciado como o Lima Barreto foi em vida. Além da peça fundamental que discorre sobre a obra: O racismo. Lima, por ser considerado 'mulato', ele sofreu muito preconceito racial. Isso foi na Escola Politécnica do Rj principalmente onde era dominado, frequentado por alunos ricos, brancos e que desrespeitaram o Lima pela sua cor, pobreza, pelo seu nome por considerarem nome de rei de Portugal, que negro não deveria ter nome de reis - de acordo com esses estudantes racistas, imbecis. Enfim, aqui cita como é difícil a vida da mulher (por ser mulher), por ser negra, pobre e simples. Pq difícil? Porque há aproveitadores que usam o próximo para benefício próprio. Gente interesseira, aproveitadora. Quem? Cassi Jones de Azevedo. Mas falando da protagonista, Clara dos Anjos: Muito bem construida, pois, Lima de forma clara, mostra a sua personalidade, sonhos, vida de uma moça do interior. Sonhadora, pobre, simples e cheia de dificuldades, pois ela e sua família, apesar de não passarem fome, tinham outras dificuldades que não tinham acesso por questões financeiras, sociais da época. Aqui cita a característica dos seus pais: Pessoas simples, com pouco estudo, pouco críticos, muito ingênuos. Sim, os três são ingênuos: Clara, Engrácia, Joaquim dos Anjos, mais a Clara. Aqui Lima Barreto, faz uma crítica inteligente e perspicaz sobre a educação dos pais que a Clara recebeu. Uma educação frágil, equivocada e ineficaz. Leia que essas partes são bem pontuais e o escritor nos emerge muito bem no universo dos personagens. Falando agora dos outros personagens: Marramaque, um grande homem, simples, honesto, com muito empatia, que era a voz sensata e precavida em meio da história. Menezes, honesto, fracassado, bem retratado em meio as suas dificuldades, humilhações. Agora falando dos vilões onde tem peso na história por escancarar a realidade: Cassi Jones de Azevedo, Sebastiana de Azevedo, mãe desse sujeito. Para elaboração do Cassi, Lima Barreto pegou como referência, a obra do Eça de Queiróz chamada Primo Basílio. Para quem leu, lá temos o Basílio, sua história envolvendo com Luísa. Então o Cassi Jones tem as características do Basilio de conquistador, manipulador. Mas lá em Basílio, o Eça retratava a hipocrisia da sociedade burguesa portuguesa, aqui Lima critica a sociedade simples, surburbana, suas características do Rio de Janeiro. Uma região cheia de dificuldades estruturais. Outro ponto muito interessante mesmo achando (meio cansativo) mas enfim, o retrato das dificuldades do povo, a falta de necessidades básicas que toda população precisa na estrutura da região onde vive: falta de saneamento básico, falta de pavimentação nas ruas, falta de emprego, moradia de qualidade, a citação do descaso do governo. Partes bem realistas, bem cruas que continuam acontecendo hoje em dia em vários lugares no Brasil, em específico no Rio de Janeiro onde há muita miséria, dificuldades. Ponto positivo esse retrato social. Falando do Cassi novamente, ele é um cara desprezível, tipo de homem que trata a mulher como chiclete - usa e descarta após 'mascar'. (Desculpas pela comparação, moças leitoras). Só quis dizer que ele usava as mulheres e não pensava nas consequências, nem na vida que está manipulando. Enfim, gostei da abordagem e da construção desse vilão, pois sentimos o asco, nojo, desprezo que é esse personagem perante a sociedade e principalmente o que faz com as moças ingênuas. Moças que não tinham liberdade para estudarem, trabalharem, onde eram educadas desde de pequenas que para serem felizes na vida, tem que casar, ter filho, viver sujeita ao marido como uma dona de casa, mãe de vários filhos, onde a vida da mulher se resume a reproduzir, cuida do marido e dos filhos, vida controlada pelos homens geralmente machistas, por costumes sociais dificeis para a mulher na época, que isso acontece até hoje em dia. Então Cassi tem o seu caráter muito bem retratado, além do seu histórico de 'atitudes', de 'atividades curriculares'. Foi um personagem bem construído. Além do Cassi, a sua família é também retratada, especificamente a sua mãe, a Sebastiana Azevedo. Uma mulher que igualmente é desprezível, consegue ser pior que o canalha do livro. Aqui podemos fazer uma associação de como, forma de cuidar dos filhos influencia na sua personalidade, no seu comportamento. Engrácia era uma mulher controladora, sufocante e neurótica, Sebastiana era uma mulher relaxada, não se preocupava em cuidar do filho, em orientá-lo e ser linha dura quando precisava perante ao filho. Os pais neste caso do Cassi, tem culpa sim, pois as caracteristicas começam a surgir na infância, educação é importante desde de sempre. Passa mão na cabeça é o que o Lima crítica inteligentemente. Aqui não só a mãe tem culpa, como pai também, mas cada um tem a sua parcela de culpa. 30% a 35% da culpa talvez? Enfim, Sebastiana é um tipo de personagem que sentimos nojo pois a sua personalidade é de uma pessoa soberba, que se acha superior que os outros por achar que antepassados familiares é sinônimo de ser melhor que os outros, por ser racista, preconceituosa perante as moças. Não só preconceito com a cor de pele, como outras características, ou dificuldades que as moças viviam na época. Enfim, ela e seu filho, toda a história, é o retrato diário de como as moças sempre sofreram, sofrem perante as dificuldades de ser mulher, estar grávidas e abandonadas pelos seus companheiros covardes que não assumem a responsabilidade. Tenho exemplos até na familia. Isso é muita covardia. Um grande retrato social que Lima fez, se preocupando em denunciar as mazelas da nossa sociedade, do governo. Por isso Lima, é uma referência na literatura, uma pena ter sido tardia, pós-morte do escritor. Aqui na obra cita outros personagens como Margarida que é uma grande personagem que tem personalidade, sabe enfrentar as dificuldades, por ser forte por conta da sua cultura, história, personalidade, nos mostra que nunca devemos ficar quietos perante a certas situações, não ter medo de nada, buscar a justiça. Temos muito que aprender com pessoas assim. Sangue europeu justo, pessoas com educação diferente. Cada personagem nessa obra tem as suas desgraças, dificuldades muito bem detalhadas, muitos tem seus sofrimentos para carregar, suportar. É triste sim grande parte das histórias enquanto os vilões vivem no bem-bom, mas é uma obra necessária para entendermos um pouco o contexto da época, como já nesses tempos, o Brasil passava por tempos difíceis principalmente para pessoas mais simples. Grande livro atemporal sem dúvidas. Só a escrita enfadonha em pequenas partes que citei, o resto é ótimo.
Nota: 4/5.
Caio 04/01/2021minha estante
TEM ALGUNS SPOILERS NO TEXTO - CITO A MINHA OPINIÃO COM SPOILERS DA OBRA ---




Gigi 01/01/2021

Quase dormi...
Clara dos anjos, um clássico da literatura brasileira, que após ter ouvido muito, muito e muito sobra a história, mergulhei com tudo no mundo do Lima Barreto, e bati com tudo a cabeça no chão, que não era muito fundo.
Clara dos anjos foi responsável pela minha demora eterna para ler esse ano. Acredito que fiquei (tentando) ler esse livro por uns 2 meses. Leitura arrastada, que o clímax só vai acontecer faltando umas poucas páginas para acabar. Até ele acontecer, a historia se resume a descrições de personagens inúteis.
Mas apesar de achar uma história muito enrolada, acho que a narrativa principal é bem interessante , sendo o que vale a leitura.
Não acho que é um livro necessário, mas um clássico é sempre um clássico não é mesmo....
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Lecomchaelivros 30/12/2020

Clara dos Anjos
Este livro foi muito melhor do que esperava, por meio da história da jovem Clara e do mal elemento do Cassi Lima Barreto consegue permear e criticar inúmeros atos da sociedade. Essa leitura me divertiu, mas também me fez refletir muito sobre tudo que li.
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Bruna1334 21/12/2020

Esqueci...
Esse livro é uma daqueles de escola, que você é obrigado a ler, acho que é por esse motivo que eu não lembro do livro
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lais.barbini 17/12/2020

Estou furiosa com a morte do Marramaque. É sério.
Joao 17/12/2020minha estante
Nossa... Esse livro é uma pedrada e essa parte me enfureceu também hahahaha




spoiler visualizar
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Nick.ly 07/12/2020

Interessante
dá pra refletir bastante sobre caras sem noçao
.....................
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Luke 05/12/2020

Clara dos anjos
Lima Barreto, o escritor desse livro, foi um brasileiro negro do Rio de Janeiro que sofreu muito com racismo pela sua vida, por isso ele costuma tocar nesse assunto em algumas de suas obras.

Clara, a protagonista, é uma menina mulata que vive em um ambiente simples no Rio de Janeiro, é filha de um carteiro e possui uma boa educação.

Sua vida muda quando conhece Cassi, um homem branco que costuma se aproveitar de meninas (principalmente negras) ingênuas normalmente as deixando grávidas e fugindo logo após.

Ela acaba sentindo atração por ele e têm seu coração usado como brinquedo por ele. Cassi ainda possui problemas pendentes, já que uma das "aventuras" dele causou um suicídio e apareceu no jornal.

A mãe dele sempre dá razão a ele e nunca o repreende, sendo ricos ela culpa sempre as "parceiras" de Cassi por terem "seduzido" ele.

Essa obra conta muito sobre o preconceito racial no Brasil e no machismo em sociedade, já que muitos botavam a culpa nas mulheres que Cassi ficou. Já que, por serem mães solteiras eram sempre julgadas.
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Clara 27/11/2020

Interessante
Comecei a ler esse livro porque era leitura obrigatória da escola, acho que se fosse pra ler espontaneamente, nunca teria escolhido o livro, mas acho que isso que tornou a leitura interessante, apesar de pra mim ter sido um pouco arrastada, porque nunca tinha lido um livro do Lima Barreto antes e não estava acostumada com o jeito que ele escreve. Apesar disso, até que a história é interessante, mas a parte que mais gostei foi o viés histórico e como a história de certa forma se entrelaça com aspectos da vida de Lima Barreto.
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Victor Dantas 21/11/2020

Brasil: uma sociedade de Clara's #33
“Clara dos Anjos” (1948), foi o meu primeiro contato com a obra do Lima Barreto (1881-1922).

Publicado postumamente, o livro conta a história da Família Anjos, que vivem no subúrbio do Rio de Janeiro durante os anos 1920.

Com tempo e espaço definidos, Lima Barreto escreve sobre a sociedade da época, as relações de poder, classe, gênero e principalmente, as relações raciais, que moldou a história do nosso país e que permanece até hoje sendo uma questão de intenso debate e conflitos.

A protagonista que dá nome ao romance, Clara, tem 17 anos e é filha do casal Engrácia e Joaquim dos Anjos. Diante da sua condição social, gênero e sua cor, mulata, os pais de Clara sempre foram protetores com a filha perante as desgraças do mundo afora.

No entanto, tal criação contribui para que Clara com sua inocência e inexperiência, enxergasse sempre o lado bom de tudo e de todos.
E assim sendo, sua inocência perante o mundo revelará grandes consequências.

Além da família Anjos, temos ainda outros personagens secundários que são presentes na trama: o padrinho Marramaque, o dentista Menezes, o poeta Leonardo Flores, a vizinha Dona Margarida, e o principal, Cassi Jones, o violeiro tirado a nobre, tendo a fama de galanteador, mentiroso e destruidor de lares.

O conflito principal se dá entre Clara dos Anjos e Cassi Jones, quando se conhecem no aniversário de 18 anos de Clara, e ela logo cai de admiração e paixão pelo violeiro Cassi, enquanto este vê Clara como mais uma de suas vítimas de suas canções e seu romantismo fraudulento, a sua próxima conquista.

A partir daí, os acontecimentos ganham forma, e nós acompanhamos a relação dos dois personagem, as problemáticas e consequências que irão decorrer disso e o desfecho desse "Amor Proibido".

Em suma, os debates que a obra levanta são sobre:
• GÊNERO, RAÇA, CLASSE E PATRIACARDO

O nome do romance já deixa claro que vamos ter não só um protagonista feminino, como muitas mulheres presentes na história. E é esse para mim o aspecto mais importante da obra, pois o Lima Barreto nos coloca diante uma sociedade em que as mulheres não só eram inferiorizadas, como classificadas de acordo com sua raça e classe (muita coisa não mudou aliás) diante da sociedade patriarcal brasileira.

Cassi Jones é a personificação desse patriarcado que desfruta de todos os privilégios possíveis, por sua condição de homem, branco, classe média. Vemos inúmeras passagens onde esses privilégios são manifestados, principalmente no que diz respeito as mulheres, quais o personagem manipula para se satisfazer sexualmente, e as consequências dos seus atos (gravidez, fim de casamento etc.) são praticamente justificadas.

O tema racial é muito presente na obra. Clara é mulata, sendo assim, nos deparamos com situações em que a jovem é admirada por seus iguais e sua família, e situações em que é inferiorizada e ridicularizada, principalmente pela mãe do Cassi, que se considera nobre, por sua cor e classe.

Tais questões de classe, raça e gênero aparece também no desenvolvimento dos personagens secundários. Dessa forma, o romance assume uma tridimensionalidade, onde o Lima Barreto cede o momento de cada personagem permitindo que nós leitores conheça a vida e os anseios de cada um.

Outro aspecto interessante é que a prosa foi construída contendo alguns fatos autobiográficos da vida do autor, como por exemplo, sua experiência diante do alcoolismo, e suas internações em hospitais psiquiátricos decorrente de crises emocionais e do próprio alcoolismo.

Outrossim, a escrita do Lima Barreto não é tão rebuscada quanto eu esperava, existe sim algumas palavras que estão fora de uso, mas a edição que eu li (Penguin) contém inúmeras notas que auxiliam na compreensão de tais termos, bem como na contextualização do tempo, espaço em qual a obra foi escrita.

Por fim, apesar de não ter sido um livro que me tocou emocionalmente a ponto de favoritar, foi uma experiência muito boa. Pude conhecer mais um clássico brasileiro, bem como a obra de um autor que em vida foi muito criticado, mas, que mesmo assim já dispunha de uma excelência artística que poucos escritores conseguiram alcançar, sendo considerado um dos autores mais visionários da literatura nacional.

E não é para pouco, afinal, encontrei em “Clara dos Anjos” questões que ainda permanecem na sociedade brasileira do século XXI, e parece-me que a cada dia que passa, nos distanciamos da superação efetiva.
O que me leva afirmar que... ainda vivemos em uma sociedade de Clara’s.
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