Cláudia Matta 09/11/2014Um pouco da história sobre o espiritismo no Brasil
Este livro relata a questão do sobrenatural em nossa sociedade, principalmente desde o fim do século XIX. O livro contém várias histórias interessantes e pitorescas. Além, de explicar o sincretismo religioso brasileiro, um processo de adaptação de crenças religiosas de origem africana ao contexto da colonização europeia nas Américas. O livro é uma maneira de saber sobre o nosso passado e assim entender melhor a consolidação do espiritismo no Brasil.
O primeiro capítulo é curto, e não trata das questões históricas do espiritismo. É mais um relato sobre as crenças em fantasmas, almas de outro mundo, mortos-vivos, presentes no século XIX e início no século XX.
Já o segundo capítulo, explica o que são mesas volantes, uma moda que chegou dos Estados Unidos. Também explica como surgiu o espiritismo e de como este chegou ao Brasil.
O terceiro capítulo fala dos curandeiros, cartomantes e exorcistas. Nele relata a religião espírita como um espetáculo mágico. Também relata vários casos de exorcismo. Em sua maioria, as pessoas exorcizadas eram mulheres ou pobres. As mulheres histéricas eram chamadas e diagnosticadas pela medicina da época como "endemoniadas". Triste preconceito. Na verdade, os espiritismo confundia-se com costumes africanos e dos pajés.
O quarto capítulo fala dos inimigos do além, dentre eles a igreja católica e o estado que condena a dura penas quem praticava o espiritismo ou as religiões afro-brasileiras.
Por fim, o capítulo cinco fala sobre o eterno sobrenatural no período da república. Nessa época, havia uma grande crise econômica, desemprego, inflação alta e superprodução do café. Os escravos recém libertos viviam em um estado de quase abandono. Uma pobreza muito grande marcou o início da República. Com isso, recorria-se ao além como única alternativa para cura dos males.
A autora do livro, Mary del Priore, é uma acadêmica que escreve muito bem. Foi professora de história da USP e PUC/RJ e escreveu mais de 40 livros. Foi vencedora de vários prêmios literários nacionais e internacionais.
Gostaria de encerrar a resenha com um pensamento de Inácio de Loyola citado no livro: "Para quem acredita, nenhuma palavra é necessária; para quem não acredita, nenhuma palavra é possível."