Giovanna.Wardani 07/08/2023Mais um acerto de Jojo MoyesJojo Moyes é definitivamente uma das minhas escritoras preferidas. O motivo é bem simples; todas as histórias que li até hoje dela possuem profundidade. Talvez sua carreira jornalística tenha contribuído para a sua disposição de sempre pesquisar sobre os temas que abordará no livro, de tal forma que tudo fica tão verossímil e encaixado que o leitor sente que os personagens são amigos seus e que estão contando das coisas que ocorreram no seu dia. E você acredita. Você não pensa que é uma ficção, e nem por isso a história é desinteressante, de maneira nenhuma.
Além disso, uma das minhas características preferidas de sua escrita é o fato de ela sempre focar muito nas emoções dos personagens e na psiquê deles. Por mais que as histórias sejam narradas a maior parte em terceira pessoa, nós sempre sabemos exatamente o que todos os personagens estão pensando e como eles estão se sentindo. À medida que o livro avança nós vamos sendo apresentados a eventos passados que moldam suas personalidades atuais. Essa característica costuma ser muito desvalorizada no meio da escrita, que prefere muito focar em descrições do que está acontecendo de fato ao invés de como o evento afeta os personagens. Eu, pessoalmente, sou mais fã do método da Jojo.
Focando um pouco mais no livro Um Mais Um, especificamente, quando eu comecei o livro não me vi muito ligada aos personagens, achei tudo muito clichê e até um pouco chato, porém não demorou muito pra isso mudar e, sem perceber, meu coração dava um pulo toda vez que algo atrapalhava a jornada de Tanzie para essa maldita Olimpíada e, consequentemente, para uma vida melhor.
Até o pobre do Norman, cachorro da família que quando aparece é para causar alguma confusão, acabou conquistando meu coração e me fazendo desejar tudo de melhor para ele.
Outro detalhe muito interessante foi como o personagem Nicky foi retratado. Ele era pra ser um garoto naturalmente introvertido, mas que depois de tantos anos sofrendo bullying deixou de ser apenas quieto e passou a ser silenciado. Pelo menos na primeira metade do livro ele mal aparece, recebendo descrições bem breves da autora e nenhum capítulo para chamar de seu. Após um momento decisivo na viagem em que pela primeira vez ele se depara com a possibilidade de não ser o esquisito que ninguém entende, mas sim compreendido e amado, tudo muda. Ele passa a ser um personagem muito mais ativo, com capítulos usando seu ponto de vista dos fatos e a tomar decisões decisivas para a história. De longe, ele foi o personagem que mais evoluiu e já se tornou o meu preferido.
Preciso ressaltar que quem começar esse livro apenas pelo romance vai se frustrar. Ele existe, porém de forma secundária. O foco principal da narrativa é, de fato, a família, suas dificuldades e esperanças e todas as barreiras que precisam superar (físicas e emocionais). No entanto, para aqueles que forem com o coração aberto não vão se arrepender, pois se tem uma coisa que a Jojo Moyes sabe fazer é escrever um livro que cativa.
P.S.: Quem for de humanas como eu pode ser que fique perdidinho com as teorias matemáticas e passe boa parte do livro se perguntando como uma menina de 10 anos tem um raciocínio lógico melhor que o seu kkkk