Soliguetti 03/06/2018Emocionante, mas repetitivo e com título enganosoÉ praticamente impossível que um relato sobre os campos de concentração na Segunda Guerra Mundial não causem comoção. Assim, pode-se esperar de Os Últimos Sete Meses de Anne Frank, do cineasta Willy Lindwer, histórias verdadeiramente emocionantes de mulheres que sobreviveram ao Holocausto. Apesar disso, o livro é, em partes, enganoso.
Já pelo próprio título, o leitor pode esperar, erroneamente, encontrar detalhes sobre o que aconteceu com Anne Frank depois do ocorrido em seu famoso diário. Até somos apresentados à rotina da garota quando embarcou nos campos de concentração, mas são relatos superficiais e pouco detalhados. Afinal, o foco dos relatos não é exatamente Anne Frank, mas sim a vida das mulheres que narram essa parte obscura de suas vidas, portanto o título do livro não é lá muito sincero.
Outro aspecto do livro é que é muito repetitivo. Apesar de bem escrito, as histórias são muito parecidas. É como ler a mesma história repetidas vezes, com uma narração diferente. Não imagino, afinal, como o escritor poderia ter organizado o livro de maneira diferente (acredito que, pelo caráter documental do livro, não haveria mesmo outro jeito), mas o fato é que o formato torna o livro repetitivo.
No mais, o sentimento após ler o livro é de ter sido enganado. Apesar disso, a emoção passada pelas narradoras, bravas sobreviventes de uma época inóspita, serve pra balancear um pouco essa sensação ruim. Tratam-se de vidas muito inspiradoras e de registros da maneira desumana com que os nazistas tratavam os judeus. Um importante lembrete de como um regime totalitarista pode fazer mal ao mundo, especialmente em um período de tamanho extremismo ideológico como o que vivemos hoje.