Edu_Andrade 26/10/2024
"Como você sabe, o Reino das Fadas é cheio de esquisitices e toda a sorte de coisas incrivelmente ridículas que um homem é obrigado a encontrar e tratar como existências reais, embora, durante todo o tempo, ele se sinta um tolo por isso."
Lewis escreveu sobre: "Faz mais de trinta anos que adquiri... a edição Everyman de Phantastes. Algumas horas após, percebi que havia atravessado uma grande fronteira."
Anodos, no seu aniversário de 21 anos viaja por florestas e cavernas, mar e rios, encontrando pelo caminho os habitantes do reino das fadas. Viajando, praticamente, por um sonho. Quando ele acorda tenta fazer uso do que aprendeu na terra das fadas na sua vida na "realidade".
É o primeiro romance de "fantasia" voltado para adultos, ou seja, que seus elementos foram criados pelo autor e não reutilizados do folclore ou mitologia, apesar de muito influenciado por eles.
Quando descobri é quem MacDonald incentivou Lewis Carroll a publicar "Alice no País das Maravilhas" e que George foi quem motivou Carroll a expandir uma narrativa que originalmente tinha apenas metade do tamanho, fiquei surpreso. Essa ligação entre autores sobre as quais eu tinha lido em casos como Howard e Lovecraft, mas no fim um acaba puxando o outro em uma sucessão de influência, inspiração e acaba que um autor acaba morando na obra do outro, ao menos por um tempo.
As histórias vividas pelo protagonista, quase nunca tem um desfecho, o que adiciona uma camada de onirismo ao texto. Seria como acordar de um sonho, tentar dormir para continuar o sonho e não conseguir mais.
Acho fascinante esse livro. É uma proto-fantasia. Talvez o fantástico seja analisar as bases que estavam sendo semeadas no gênero, além de ser um autor que tinha a mente livre de influências, de acatar às vontades dos leitores.
"Escrevo não para crianças", disse George MacDonald, "mas para crianças, sejam elas de cinco, cinquenta ou setenta e cinco anos".