13marcioricardo 02/07/2022
Entre o Céu e o Inferno.
Honoré de Balzac é um escritor estranho. Ao menos foi a impressão que tive com esta obra, a primeira que li dele. Dono de uma grande obra, a Comédia Humana, de 88 livros, entre os quais alguns bem famosos, é um dos escritores mais bem sucedidos da França, mas raramente mencionado pelos intelectuais, ao menos os que eu li. Mas tem a sua importância, afinal é o fundador do realismo.
A mulher de 30 anos é uma das obras mais famosas. Na altura trouxe um debate na sociedade que deu origem ao termo mulher balzaquiana ( ou balzaca ), algo muitas vezes pejorativo. No entanto, entre tantas bobagens que li, dada as generalizações do autor, esse foi, nas poucas páginas que o livro abordou o tema, um momento recheado de verdades. É bom dizer que aos dias de hoje, a mulher de 30 anos corresponde na verdade à mulher de 40 anos, e em alguns poucos casos de boa fortuna, 50 anos.
Balzac tem uma escrita pesada, mas não difícil. Densa diria. Às vezes muito bem escrito. Pareceu sempre que ia cair na monotonia, mas acabou nunca acontecendo. O livro tem erros e defeitos, mas acho que outras coisas acabam compensando, eu recomendo.
A mulher de trinta anos tem tanto de realista quanto de romantismo. Daí surgem vários exageros, afetações, excesso das emoções, utopias, etc.
Julie, a protagonista e quase sempre tratada como uma deusa pelo narrador, na verdade está mais para vilã. As primeiras páginas começam com ela desconsiderando os conselhos amorosos do pai e a partir daí, de desgraça em desgraça arruína a vida de todos à sua volta, isto é, a sua família. Nas últimas páginas acaba tentando se fazer ouvir pela sua filha, mas recebe o amor na mesma proporção que deu.
Protagonista, vilã, talvez apenas humana ? Bom, talvez um pouco de tudo. Vale a pena conhecer essa estória.