lucasfrk 06/04/2024
A mulher de trinta anos ? comentário
?As mulheres têm um inimitável talento para exprimir seus sentimentos sem empregar palavras demasiado vivas; sua eloquência está sobretudo no acento, no gesto, na atitude e nos olhares. [?] a paixão ganha em profundidade o que ela parece perder em vivacidade.? (p. 66)
Livro de cunhou o termo ?balzaquiana?, A mulher de trinta anos é uma análise das mazelas do matrimônio enfrentadas pelas mulheres. Balzac narra a triste trajetória de Julie d'Espard retratando, mesmo contra a sua intenção, o casamento como instituição basilar da sociedade burguesa (?o casamento, tal como é praticado hoje, parece-me uma prostituição legal?, p. 95). Além de elogiar o amadurecimento feminino, o autor ainda trata de expectativas sociais e liberdade individual da mulher na busca pela felicidade. Curioso como todos os homens neste livro são insípidos, indivíduos ?nulos?, como ele descreve Victor d?Aiglemont. É, por fim, um romance multifacetado e que me lembra muito Os sofrimentos do jovem Werther, de Goethe, no sentido de envolver um amor proibido pelas convenções sociais (e agora me passou pela cabeça que, por alguma razão, tem uma ?quebra? de estilo no capítulo 4?).
?Luzes súbitas geralmente aparecem após reflexões ou observações anteriores, devidas ao acaso ou primitivamente feitas com despreocupação. Com frequência uma mulher desperta, de repente, à beira ou no fundo de um abismo.?(p. 55)
?A melancolia compõe-se de uma série de semelhantes oscilações morais, em que a primeira beira o desespero e a última o prazer; na juventude, é o crepúsculo da manhã; na velhice, o da tarde.? (p. 103)