DANIZINHA 19/12/2017A mulher de trinta anosA expressão “mulher balzaquiana” tem sua origem na obra A mulher de trinta anos (Martin Claret; 176 páginas), do escritor Honoré de Balzac, publicada entre os anos 1828-1844 em seis episódios. Cada um deles revela o espírito feminino a partir do momento em que a vida adulta traz consigo responsabilidades sociais, éticas e morais como, por exemplo, a instituição do matrimônio monogâmico.
Em Primeiras Faltas, Júlia contraria as vontades do pai e casa-se com Vitor, um oficial do exército francês. Mas, diante do fracasso no casamento e do romance com Artur, um jovem inglês cativo de Napoleão, Júlia se questiona sobre como manter-se ao mesmo tempo fiel à consciência de esposa, aos deveres de mãe e aos desejos do coração numa sociedade tão conservadora.
Em Sofrimentos Desconhecidos, Júlia está de luto pela morte de Artur. Para lhe preservar a honra, ele se esconde no peitoril da janela do quarto da amante no momento em que marido chega a casa, e cai. Não bastasse a dor desta perda, Júlia continua a suportar a infelicidade de estar ao lado de um homem que não ama apenas para cumprir um dever social.
Em Aos trinta anos, Júlia faz amizade com o diplomata Carlos numa requintada festa de despedida. Durante as visitas à casa de Júlia - o que era inadmissível na época -, ambos discutem a expressão dos sentimentos femininos. Júlia, então, descobre-se novamente enamorada. Carlos desiste de sua viagem para Itália, programada anteriormente àquela festa em que conhece Júlia.
Em O Dedo de Deus, a morte do pequeno Carlos por sua irmã Helena, filhos de Júlia, é entendida como um castigo divino pelas relações extraconjugais da mãe. Helena, primogênita de Júlia e Vitor, empurrou Carlos de uma encosta, ferindo-o gravemente. Tal acontecimento perturbou a vida de Júlia, tornando-a uma mulher ainda mais sofrida.
Em Os dois encontros, na noite de Natal, Helena - já adulta - foge com um aventureiro, suspeito de ser assassino, que pedira abrigo à família D’Aiglemont durante uma perseguição. Nesta história que se repete, um casamento a contragosto da família, pai e filha se reencontram, depois de sete anos, numa batalha naval.
Em A velhice de uma mãe culpada, assistimos a morte de Júlia, aos 50 anos.
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Minha opinião: “A leitura deste enredo psicológico foi cansativa e confusa, pois, não há ‘costura’ entre os episódios e as histórias são permeadas pelos pensamentos do autor - que os expressa de modo filosófico. O que marca neste clássico da literatura mundial é a descrição pormenorizada dos cenários, dos personagens e dos sentimentos, revelando-se uma ótima fonte de conhecimento sobre as fragilidades humanas”.
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