Bambi

Bambi Felix Salten




Resenhas - Bambi


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Andreia Santana 15/06/2016

Uma fábula sobre a solidão da existência
Um cervo nasce no meio da floresta e dá os primeiros passos vacilantes. Metáfora para a própria vida, com sua cota de delícias e dificuldades,Bambi, fábula escrita em 1923 pelo austríaco Felix Salten (pseudônimo de Siegmund Salzmann), é mais conhecida pela adaptação de Walt Disney, de 1942. O livro, que chegou a ser banido da Alemanha durante o III Reich sob acusação de fazer uma analogia com a situação dos judeus perseguidos pelo nazismo, é uma bela alegoria para a conquista da independência e da sabedoria, um libelo a maturidade e a experiência adquiridas nos embates do cotidiano. Um delicado conto sobre a solidão da existência.

A edição brasileira feita pela extinta e saudosa Cosac Naify, em capa dura, traz ilustrações de Nino Cais, que com desenhos cheios de sombras e silhuetas, cria a atmosfera ideal para o texto de Salten, ao mesmo tempo belo, delicado e triste. Se você tem na memória afetiva as cores alegres do desenho da Disney, prepare-se para enxergar a vida de Bambi por uma paleta mais sóbria e menos vibrante, mas nem por isso de menor impacto. Em certa medida, a história do pequeno cervo é a prima europeia do exuberante e intenso Livro da Selva (Mogli - O menino lobo) de Rudyard Kipling.

Nesse caso, a relação de parentesco quase próximo é com a história agressiva e até certo ponto cruel do livro original de Kipling, que se passa numa voluptuosa floresta tropical (no "jângal" indiano) e não com o fofo desenho também adaptado pelos estúdios Disney nos anos 60 (o desenho de Mogli é de 1967 e foi o último em que Walt Disney se envolveu pessoalmente no projeto. Ele morreu em dezembro de 1966, meses antes do lançamento da animação). Enquanto o Bambi e o Mogli dos desenhos animados se assemelham pelo açúcar que a Disney coloca nas histórias ao adaptá-las; os dois livros tem um parentesco por oposição. Se igualam ao usar a vida selvagem como metáfora para os aprendizados humanos, com as jornadas de crescimento dos protagonistas; mas enquanto na história de Kipling existe uma fúria intensa como o rosnado de Shere Kan, na de Salten há uma profunda melancolia.

A história começa com o nascimento de Bambi e segue a existência dele até a maturidade, mostrando sua relação com a mãe e os demais cervos do seu grupo, bem como com os animais do bosque e com aquela criatura misteriosa e aparentemente invencível, detentor do poder de vida e morte sobre todos os demais: o caçador. As estações do ano e suas influências no ciclo de vida, morte e renascimento da vegetação e dos bichos da floresta criam o cenário onde o leitor acompanha a jornada de Bambi rumo a sabedoria.

Felix Salten usa o instinto de sobrevivência das espécies selvagens e a própria atmosfera livre e pulsante da floresta como espelhos que refletem a trajetória humana. Os passos de Bambi, desde a curiosidade cheia de fascínio da infância até uma certa resignação na maturidade ensinam muito sobre autodescoberta e busca por equilíbrio.

De certa forma, somos todos como Bambi ao nascer, inocentes, curiosos, desengonçados e confiantes. Com o passar dos anos e das experiências acumuladas, alguns de nós aprende a ser mais precavidos e desconfiados; e ainda que generosos e afetuosos, nos tornamos bem menos ingênuos. As passagens dramáticas do livro, principalmente aquelas envolvendo o caçador e a apreensão dos outros animais por sentir sua presença na mata, metaforizam a sensação de impotência do ser humano diante da existência de um destino que desconhecemos, tentamos adivinhar com frequência e quase nunca corresponde aos nossos anseios.

Cheio de lições profundas marcadas pelos diálogos curtos, porém reveladores e precisos, do jovem e descuidado Bambi com o velho e calejado Príncipe da Floresta (o cervo mais nobre e antigo de todos), o livrinho de Salten ensina a ouvir a intuição e a reconectar o animal humano com seu lado instintivo. Como bônus, aprendemos ainda como fazer as pazes com a solidão inerente à nossa condição de seres pensantes, abraçando-a não como um fardo, mas como aquela velha amiga (uns chamam de sexto sentido) cheia de bons conselhos...

site: https://mardehistorias.wordpress.com/
Renata CCS 24/06/2016minha estante
Adorei a resenha!


Andreia Santana 26/06/2016minha estante
Obrigada :)


29/07/2016minha estante
O título da sua resenha diz tudo! Amei!


Andreia Santana 31/07/2016minha estante
Obrigada :)




Myzlen1 09/07/2021

Temperado com cebola
Ambientação - 5
A ambientação é maravilhosa e se passa numa floresta em 4 estações.

Escrita - 5
A escrita é fantástica, um show, com um ótimo poder de imersão e bem constante consegue transitar entre o realismo e a fantasia com uma suavidade gostosa.

Protagonista - 5
Bambi dispensa apresentações e é o centro da história, extremamente carismático e convincente desde o nascimento até seu desenvolvimento completo.

Coadjuvante - 5
Perfeitos, carismáticos, convincentes e de grande importância, eles não orbitam Bambi e cada qual desempenha seu papel no mundo de forma singular!

História - 5
Perfeita, gira em torno de Bambi e sua descoberta do mundo, com inúmeras analogias ao nosso mundo e a questões humanas como o amor, o medo, o perigo, a amizade, a morte, etc aliás que capítulo 9 é esse meu Deus! Fui destacar comecei na primeira palavra do capítulo e terminei na última.

Nota - 5

Tempo de leitura
[ ] miojo
[ x ] um filme
[ ] uma série
[ ] infinito

Compreensão
[ ] dá para ler dormindo e entender tudo quando acordar
[ x ] dá uma pra ler enquanto assiste TV
[ ] requer atenção
[ ] requer material de apoio
[ ] só o autor entendeu (se pá)

Personagens
[ ] é um monólogo
[ ] meia dúzia
[ x ] uma penca
[ ] enche um trem
[ ] thanos temos um problema

Originalidade
[ ] pode copiar só não faz igual
[ ] inspirado ou seria homenagem?
[ ] eu entendi a referência
[ ] original
[ x ] pessoas irão copiar isso daqui para frente
ManiMeira 09/07/2021minha estante
Livro maravilhoso ?? de nada por recomendar kkkk


Dani Fuller 09/07/2021minha estante
será?




Gabi Martins 18/11/2021

Bambi, a história de uma vida na floresta
Desde que eu me entendo por gente eu sempre fui apaixonada nas animações da Disney e uma das primeiras que assisti na vida foi Bambi. Logo que eu descobri que ele havia sido publicado no Brasil pela Editora Wish, eu o coloquei na minha lista de leitura.

O livro conta a história de Bambi desde o nascimento até a vida adulta, apresentando seu modo de ver o mundo, seus aprendizados, suas amizades, sua solidão e como toda a vida na floresta contribuiu para ele ser quem é.

O que eu achei mais interessante no livro foi que o Felix Salten conseguiu realmente colocar no papel os sentimentos, percepção do mundo de uma corça e, de forma real e crua, seus anseios e medos. A história é de uma delicadeza sem tamanho e causou em mim um certo questionamento acerca do modo como os animais veem os seres humanos, Salten conseguiu trazer isso de uma forma elegante, inocente e sem deixar de ser realista. O Bambi já se tornou um dos meus personagens favoritos da vida, amo o jeitinho dele, todo questionador, querendo saber a todo momento as coisas do mundo, querendo entender sobre tudo ao seu redor e o modo como os adultos mostram que nem tudo vem através de respostas faladas, que muito ele teria que descobrir sendo observador. Tiveram vários outros personagens que me encantaram muito, como o Gobo, o velho e a Faline, assim como a raposa no fim do livro também, nunca esquecerei dela.
Recomendo esse livro a todos que gostam de apreciar um novo ponto de vista sobre o mundo e que goste, sobretudo, de compreender os animais, Salten foi um gênio nesse quesito.
Carol Martins 18/11/2021minha estante
Que resenha linda! Já quero ler o livro ?




Aelita Lear 09/09/2021

Um retorno à infância...
Nem preciso falar que assisti Bambi quando criança (e chorei demais), todo mundo deve ter assistido rsrs. Mas ler o livro como adulta foi uma experiência incrivel. Não lembrava direito da história e imagino que seja diferente, mas amei mesmo assim e deu vontade de ver o filme de novo. Uma graça de história. Traz tantas lições em forma de metáfora... Amei demais e recomendo a leitura!
Fabricy 09/09/2021minha estante
Fiquei com vontade de ler com o seu relato!!!!




ruanway 28/02/2021

Ainda processando a grandeza desse livro
Li Bambi num momento em que eu tava realmente precisando de uma leitura que me envolvesse e impactasse, o que veio a calhar perfeitamente com minha escolha. É um livro tão... NOSSA, sério, eu ainda tô tentando processar as palavras e o que eu senti durante a leitura, a gente se envolve de um jeito tão natural, a realidade da brutalidade é transmitida de um jeito tão específicos, por vezes faz a gente parar e refletir sobre vários assuntos e a pensar o quanto o ser humano é cruel e cria sua própria superioridade ilusória.

Definitivamente se tornou um dos meus livros preferidos.
Ohaninha 28/02/2021minha estante
Bambi se tornou um dos meus favoritos também ??




Blog MDL 02/07/2016

Iniciando a história do cervo mais famoso das animações, acompanhamos o nascimento de Bambi no coração de uma floresta. Ao contrário do que o filme nos traz, seu nascimento foi um acontecimento isolado, observado apenas por uma gralha-azul bastante inconveniente.A partir de então vamos seguir a vida e rotina de Bambi. Sua infância com a mãe, seus primos, Gobo e Falina e diversos outros animais da floresta, o afastamento da mãe por conta do inicio da maturidade do pequeno cervo, até aquele fatídico inverno, o primeiro amor, a maturidade e seu relacionamento com o misterioso príncipe dos cervos.

A característica mais evidente desse livro é o antropomorfismo de seus personagens. Sendo um recurso deveras utilizado, principalmente em fábulas e contos de fadas, trata-se de atribuir traços, emoções e intenções humanas para seres e entidades não humanos, sejam animais, objetos, ou mesmo divindades. Essa forma de escrita existe desde os primórdios da antiguidade, seja em um contextos religiosos, atribuindo sensações e emoções humanas à deuses, seja por meio de fábulas para dar lições de moral.

A questão é que aqui, o antropomorfismo está tão bem desenvolvido e intrincado, que por diversas vezes me esqueci completamente que esse era um livro sobre um reino animal! No livro, temos uma sociedade que funciona um tanto sutilmente como uma monarquia: Todos cuidando cada um de seus afazeres, seja colhendo comida para um longo inverno, seja sobrevivendo à cada dia, enquanto temos uma raça que é reconhecida por seu porta ágil, elegante e régio. E se, na savana, é o leão que é considerado o rei dos animais, aqui os cervos são admirados por todas as características antes faladas, e ser considerado amigo de um deles era sempre uma honra. Algo que reforça esse meu argumento é o fato de que, entra os cervos, todos detém um nome próprio (Bambi, Falina, Gobo, etc...), com exceção de um ou outro que o nome não é mencionado, mas entre os outros animais, eles sempre são "o coelho", "a borboleta", "a Coruja", e assim sucessivamente.

Outro exemplo de como as características humanas são muito bem exploradas, uma de minhas cenas favoritas na história é quando Bambi, já crescido e com sua coroa de chifres em desenvolvimento se vê cara a cara com um de seus parente distantes, o alce. Ambos, em suas mentes admiram um ao outro, por sua força, porte, entre outras características, porém, eles não se dirigem um única palavra, o primeiro por considerar o parente convencido e arrogante, o segundo por achar o outro tão belo e inteligente, que faria papel de bobo falando sobre o que quer que fosse. Quem nunca?

Mas o que norteia toda a história não é os relacionamentos das raças e a fusão criativamente brilhante da vida selvagem com a sociedade humana. O grande cerne do livro trata-se da relação do Homem com a natureza. Sendo uma floresta cheia de vida selvagem, provavelmente situada nos Estados Unidos, nada mais natural que o local seja periodicamente alvo de caçadores, isso cria uma discussão entre os animais sobre o Homem: suas motivações, poderes, frieza e o temor que todos os animais tem dele. Dois dos personagens mais importantes para o aprofundamento dessa discussão são Gobo e o príncipe.

Gobo desapareceu no mesmo dia do ocorrido à mãe do Bambi, tendo sido considerado por muito morto. porém, tempos depois, ele retorna à floresta e conta que foi tratado pelo Homem. Tudo seria ótimo, só que agora Gobo é um animal doméstico em meio a animais selvagens, aderindo a hábitos totalmente estranhos e nocivos à sobrevivência. Uma clara demonstração do que ocorre quando nós libertamos um animal já domesticado na natureza.

O príncipe é o mais antigo e sábio alce da floresta, uma figura quase mística, que pouquíssimos vêem, tanto que já o consideram falecido. Obviamente, ele tem um interesse bastante particular por Bambi, e sua presença na vida do cervo terá uma importância gigantesca para esse debate.

Mais que uma meiga e fofa história sobre um ser na natureza, Bambi é um apelo para que tenhamos consciência que nossas ações podem machucar e prejudicar todo um ecossistema. Portanto, pensem muito bem sobre alimentar animis selvagem, ou usar os mesmos para posar em fotos com tochas de eventos patéticos.

site: http://www.mundodoslivros.com/2016/06/resenha-bambi-por-felix-salten.html
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JosA 28/09/2016

Uma fábula singular
Envolvida por uma escrita singular, atenta aos detalhes e personagens que compõem a vida na floresta, se encontra a trajetória de Bambi. Publicada em 1923, a obra de Felix Salten, apesar de ser direcionada ao público infantojuvenil (conforme catalogação), não poupa seus pequenos leitores da narração que descreve, ainda que poeticamente, a cruel luta pela sobrevivência. Das páginas de Bambi, personagem principal e título do livro, também sobressai um caro valor ao mundo do entreguerras: a importância e a singularidade da vida diante das garras da morte. Sublime e emocionante, Bambi é uma fábula poderosa. Igualmente como um convite que exorta "carpe diem": aproveite (ao máximo) o dia.
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Larissa3666 28/10/2024

A única coisa que eu sabia sobre a história era de que a mãe de Bambi morria pelas mãos de um caçador deixando seu filhote sozinho no mundo. Nunca assisti ao filme, muito menos sabia da existência do livro. Gostei bastante do livro, fábulas como esta são sempre encantadoras para mim, e me remetem à infância. Não pude ignorar o fato de que antes da mãe do Bambi morrer, ela deixava seu filhote sozinho e caía na farra, deve ser normal no mundo animal, mas é claro que na minha ignorância achei uma tremenda falta de irresponsabilidade da mãe. Depois assisti ao filme, e cenas como esta foram deletadas, fora isso a adaptação cinematográfica foi fiel a história.
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Sanoli 01/01/2017

http://surteipostei.blogspot.com.br/2017/01/bambi.html
http://surteipostei.blogspot.com.br/2017/01/bambi.html

site: http://surteipostei.blogspot.com.br/2017/01/bambi.html
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Catarina 21/01/2017

Lindo e interessante
Em poucas palavras defino como lindo e interessante.

Conta a história, desde o nascimento, do mais famoso cervo, Bambi. Seus aprendizados de palavras, animais diferentes que se tornam seus amigos, de sobrevivência na floresta, etc. Mas o mais importante, o foco da história que o autor quis mostrar, é o ponto de vista do animal em relação ao homem. Como ele, autor, acredita que os animais nos veem.

Uma curiosidade triste é que esse livro foi proibido por Hitler. Esse maluco achava que o autor, nas entrelinhas, estava contando as barbáries que aconteciam com os judeus. O autor era judeu. Nasceu na Hungria, mas desde pequeno viveu na Áustria. Quando Hitler "deu as caras" foi viver na Suíça até seu falecimento.
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Bruna Paes 24/01/2017

DURO E ENCANTADOR COMO A VIDA, SEJA ELA NA SELVA OU NÃO
Excelente clássico de 1923, traz muitos ensinamentos e reflexões para jovens adultos através da vida na floresta dos animais e plantas.
Conhecida por muitos somente como a adaptação da Disney (inclusive por mim), não se deve confundir o público em relação ao conteúdo do filme e do livro. Pois no livro é mostrado a dureza da vida na selva (os mais fortes sobrevivem; a invasão do homem e destruição da natureza; a solidão; autopreservação, etc) com fatos e descrições nada encantadores, na verdade bem crus e diretas.
Sobre a edição, apenas não me contenho de tanto amor e fofura cada vez que toco ou observo, LIN-DA edição da Cosac Naify. Capa dura forrada com tecido, muitas ilustrações e folha super grossa.
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Aninha.Campos 06/02/2017

Forte e impiedoso
Longe do desenho infantil que encantou a infância de muitas pessoas, essa história nos faz repensar sobre a forma que tratamos os nossos semelhantes nessa terra, podendo ser compreendido literalmente e metaforicamente.
Fiquei impressionada com a realidade da luta pela sobrevivência entre os habitantes da floresta, em tudo o que senti com a presença do homem, em como fidelidade é uma questão de ponto de vista quando penso em um cão caçando sendo fiel ao homem e traidor de seus irmãos, dentre outras sensações que essa leitura me proporcionou!

Todos precisam ler esse livro, (não é a toa que foi banido por Hitler naquela época em que os semelhantes perseguidos eram judeus)!
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Jurandi.Junior 14/12/2017

Bambi além do clássico da Disney
Este livro está longe de ser para crianças, há uma crítica profunda por trás eésimplesmente impressionante, fabuloso, porém triste.
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Paulo 28/12/2017

"Bambi foi invadido por uma intensa inquietação. Cada vez mais, sentia seu coração apertado por uma nostalgia, por uma sensação dolorida, mas ao mesmo tempo prazerosa."
Há um velho ditado que diz: "nunca julgue um livro pela capa". Bambi, no entanto, foi um livro que me conquistou justamente pela capa.
Desde que soube que o clássico filme da Disney fora baseado em uma obra clássica da literatura infanto-juvenil, mantive o interesse em ler o conto de Felix Salten. Porém, já faz um tempo que não estou muito numa vibe de literatura "YA", e acabei protelando a aquisição do livro. Mas quando soube da falência da editora Cosac Naify e que os últimos exemplares de Bambi estavam se esgotando em todas as livrarias pelo país, corri atrás do meu exemplar. Encantado pelo acabamento do material, resolvi ter Bambi: Uma história de vida na floresta como minha última leitura de 2017. E que bela surpresa.
Bambi: Uma história de vida na floresta conta a história do cervo Bambi, desde o seu nascimento, até o dia em que ele irá se tornar o novo príncipe da floresta. Acompanhamos seus aprendizados no bosque, os animais diferentes que se tornam seus amigos, a sua luta pela sobrevivência, seu primeiro amor, suas primeiras perdas, e seu crescimento. Se você for ler este conto para uma criança, ela com certeza vai se divertir com as passagens pela floresta, seus aprendizados, com os amigos animais do pequeno Bambi, sua luta pela sobrevivência na floresta, e com as aparições do misterioso velho príncipe da floresta. Ademais, cada capítulo é uma lição diferente para ensinarmos aos pequenos (e porque não, para nós mesmos).
Mas há de se destacar que muito além de um singelo livro infantil, Bambi é uma história sobre amadurecimento e envelhecimento, e sobre a solidão da existência. Se você já for crescido como o velho princípe, ou estiver vivendo a transição da juventude para a vida adulta (como eu), lerá este livro como nunca imaginou. Uma história de vida na floresta é uma história dura e melancólica. Você vai se identificar com o protagonista, vai se enxergar em suas passagens, e vai ser tocado pela emoção diversas vezes durante a leitura. Porque é sobre isso que é a história de Bambi: sobre crescer, sobre abandonar a inocência e o entusiasmo da infância, e lentamente ser tomado pelo peso da experiência e pelas responsabilidades da vida adulta. O conto é uma grande metáfora sobre como a nossa visão a respeito do mundo vai se modificando conforme os anos se passam, e vamos lentamente ocupando o lugar de nossos pais, nos tornando aquela pessoa que um dia não compreendemos.
Além disso, Bambi possui uma bela mensagem sobre o meio ambiente, sobre como o homem influencia e molda o mundo a sua volta, e até mesmo arruma tempo pra discorrer sobre os perigos de se tentar domesticar um animal selvagem e depois devolvê-lo ao bosque. Um história de vida na floresta mostra sem medo como é dura a vida na floresta, e como deve ser viver em constante tensão.
Narrativamene falando, Felix Salten é dono de uma narrativa fluída e muito gostosa. Incrivelmente, eu engoli este livro. Achei que a história ia ser meio parada, e que não ia ter essa vontade de terminar a leitura, mas a narrativa e o conto de Bambi me conquistaram, e terminei o livro muito rapidamente. A narrativa de Salten em alguns momentos é tão bem escrita que eu quase consegui imaginar como deve ser ser um cervo na floresta: sentindo, ouvindo, cheirando, sempre atento e tenso. Minha única crítica a narrativa do livro é com relação a passagem de tempo: admito que me perdi um pouco, e em alguns momentos tive dificuldade para entender quanto tempo estava se passando entre um capítulo e outro dentro da história.
Enfim, mais que uma meiga e fofa história sobre um ser na natureza, Bambi é um conto melancólico sobre amadurecimento e uma carta de amor a preservação da natureza, um clássico que deveria ser lido e relido. Recomendo este livro principalmente se você estiver transitando entre a juventude e a fase adulta, para como eu, ler este lindo conto com um nó no coração do início ao fim.
PS: Uma curiosidade triste é que esse livro foi proibido por Hitler, que achava que o autor, nas entrelinhas, estava fazendo uma alegoria política às barbáries que aconteciam com os judeus (O autor era judeu. Nasceu na Hungria, mas desde pequeno viveu na Áustria). Isso não é de se estranhar. Os últimos capítulos (representados em um ácido diálogo entre o cachorro e a raposa, e posteriamente no último encontro de Bambi com seu pai) escancaram uma crítica que poderia muito bem servir a Alemanha nazista.
Nota: 9.00
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Ana :) 04/01/2018

O mundo agridoce de Bambi
O que começa com o que parece uma visão açucarada das descobertas feitas pelo jovem Bambi na floresta logo se transforma em um relato franco, forte e inteligente sobre a vida selvagem e a intervenção humana sobre ela. Salten consegue relatar a rotina e o convívio entre os animais sem projetar valores humanos em suas ações. Afeto, liberdade, solidão… Bambi sente isso, mas não da forma como um protagonista humano sentiria. A necessidade de sobrevivência e a aceitação de certas condições – inerentes ao funcionamento de qualquer ecossistema – permeiam suas atitudes e desejos. Ainda assim, temos um protagonista capaz de questionar o mundo a sua volta, sedento por entender quando é capaz de alterá-lo. Um clássico infantil que, mesmo em sua dureza e simplicidade, é tão delicado quanto complexo.

site: http://homoliteratus.com/o-mundo-agridoce-de-bambi/
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