Gustavo Simas 28/03/2020Camadas de Mistérios e SimbolismoHouve um espaço de 6 anos desde o lançamento de O Código da Vinci e a publicação de O Símbolo Perdido. Com certeza foram 6 anos bem movimentados para Dan Brown, em relação a eventos e compromissos depois da explosão de sucesso do mega-seller e da adaptação cinematográfica. Contudo, provavelmente, também foram 6 anos de organização de ideias e muita pesquisa para esta obra.
Esta terceira aventura de Robert Langdon, professor de história de Harvard, se situa em Washington. Traz diversos mistérios sobre a Maçonaria, construções, ritos, segredos sobre obras de arte, discussões sobre política e religião. O vilão Mala'kh tem como objetivo destruir uma pesquisa científica sem precedentes que, se publicada, traria mudanças mastodônticas em todo o mundo.
Assim como em todas as demais obras, Dan Brown apresenta a "zona cinza de moral", com personagens maus executando ações com intenções relativamente boas, e vice-versa. Os olhos de muitos leitores serão abertos em detalhes e explicações sobre elementos relativos à Arte e História, se encaixando de maneira concisa no livro, sempre se conectando a elementos relevantes para o progresso da trama. A narrativa corre de maneira rápida, com términos de capítulos retendo informações (withholding) ou em situações de grande risco para os personagens (cliffhangers).
Alguns eventos relatados desafiam a inteligência do leitor e acabam por deixar furos e pulgas na cabeça. Alguns plot-twists/reviravoltas são bastante evidentes. Alguns personagens realizam ação sem motivação aparente apenas para a história prosseguir. Algumas destas ações vão, até mesmo, contra o que os personagens acreditam, sem explicação apresentada...
Mesmo assim, Dan Brown promete e revela ao leitores todos os segredos apresentados, da primeira à última página.
Parabéns são devidos também à Blythe Newlon Brown, esposa de Dan, pintora, historiadora da arte que ajuda o escritor na pesquisa, em ideias e referências para as suas obras, além de ser recipiente de diversas dedicatórias na bibliografia de Brown.
Um ponto que intriga é o porquê de não haverem adaptado este livro para os cinemas. Ron Howard, diretor de Anjos e Demônios, O Código da Vinci e Inferno, afirma que esta aventura não traria "algo de tão fresco e adequado em termos cinematográficos para o público". Embora creio que o fato de haver discussão sobre muitas figuras históricas dos EUA, motivações e detalhes instigantes tenha sido um fator bastante determinante na escolha em fazer, ou não, um filme hollywoodiano...