Leitor Cabuloso 09/06/2011
RESENHA: O SÍMBOLO PERDIDO
Um dos livros mais fracos da trilogia. Por quê? Motivos não faltam. Robert Langdon, agora famoso e experiente, parece ainda o mesmo do início inseguro. “Mas ele é um professor, não um Indiana Jones!”, alguém poderia vociferar, contudo Dan Brown cometeu um outro erro, neste livro nosso caro simbologista depara-se com uma situação que ele esquivou-se nos outros dois livros de forma magistral: a fé! Sim, pois Langdon passava quase 200 páginas dizendo não acreditar naquilo que estava diante dos olhos, por isso considerei que vê-lo sendo guiado por outros personagens e agindo muitas vezes como um “leigo” não me foi agradável durante a leitura. Novamente, temos uma aula fantástica sobre a maçonaria que Langdon, por não corroborar com seus ideias, cria uma espécie de vilão do bem, pois ele quer provar que tudo aquilo é uma mentira.
Outro fato que me deixou intrigado e por mais que seja uma spoiler brutal não posso deixar de citar foi o vilão. A princípio muito bom, seus características, suas motivações, seus objetivos, sua ferocidade e violência, mas quando estamos no final e descobrimos que era o filho de Peter Solomon, senti que todo o esforço para criar um grande personagem desfizera-se como gelo ao sol o motivo de minha crítica é simples: NÃO FAZ SENTIDO! Quem leu sabe que existe um capitulo em que o autor descreve como fora o encarceramento de Zachary, filho de Peter, esta cena é narrada em 3ª pessoa como se fosse o próprio Mal’akh observando tudo, como se fosse um personagem diferente e como assim de repente ele é o filho? Não faz sentido, essa eu não consegui engolir. Voltei ao capítulo, o reli e não consegui ver “como se fosse a personalidade do Mal’akh” narrando, a descrição e construção narrativas não nos permitem esse ponto de fuga. E no final, Langdon continua sendo tratado como aluno e não crente apesar de tudo o que viveu. Uma das cenas mais antológicas de O Código Da Vinci é quando ele descobre, sozinho, onde o corpo de Maria Madalena está isto sim é um final digno de todo o conhecimento adquirido durante a jornada, por isso o Símbolo peca o transformá-lo em um mero aprendiz sendo guiado o tempo todo.
Mas o livro é de todo ruim: não! A narrativa continua fluida e os capítulos deixam aquele gancho para nos obrigar a virar a página; as explicações são uma verdadeira aula sobre a francomaçonaria, sobra a própria história americana e seus idealizadores. A pesquisa é de deixar muito professor de história com inveja, pois traz elementos consistentes, mesmo sabendo que grande parte do seu conteúdo é especulativo, pois Dan Brown nunca foi maçom, muito menos foi acusado de abandonar a maçonaria. Os personagens sabem passar a informação sem parecer um documentário longo e monótono. Como sempre fechei o livro sabendo muito mais do que antes de folheá-lo. Dan Brown realmente criou um estilo de prosa gosto de se ler, informativo e ágil. Fora que o trabalho editorial nos três livros são impecáveis. As imagens que aparecem de pequenos símbolos ou códigos que a trama nos apresenta são transcritos de forma a dar mais verossimilhança. Muitas vezes fui pego voltando páginas para ver símbolos na tentativa de compreendê-los antes dos personagens o que só reforça o caráter pedagógico do texto danbrowniano (é claro que ia terminar com essa palavra!).
Por Leitor Cabuloso
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