Sagarana

Sagarana João Guimarães Rosa




Resenhas - Sagarana


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Aa 29/12/2017

Nosso melhor autor no século XX
Guimarães Rosa a princípio parece ser mais um regionalista na linha de autores um pouco anteriores (Graciliano Ramos, Rachel de Queirós, Jorge Amado), mas depois de poucas páginas já se começa a perceber o primoroso trato que ele tem com a palavra: ele mascara, revela, eleva, renova e expande a palavra de forma surpreendente, recorrendo a arcaísmos, neologismos e ao uso criativo do léxico sertanejo e sertanejo-inventado, de modo desnorteante e elucidador. Até então não tinha me deparado com uma exploração tão profunda do vocabulário em uma obra de arte (Joyce à parte). Isso, claro, pode tornar a leitura um esforço, mas daqueles que valem à pena.

Outro ponto interessante desse livro de contos e novelas é a exploração da relação do homem com o mistério da existência, não apenas dele próprio mas também da complexa relação entre bem e mal na alma humana e não experiência de vida. O livro tem um aprofundamento filosófico e mesmo místico que com certeza escapa ao entendimento da maioria dos jovens que estão lendo o livro para os vestibulares da Fuvest e da Unicamp, mas que é um tempero especial para quem se interessa pelas tradições esotéricas de todas as religiões.

No mais, o livro é, sim, uma leitura agradável. Além do aprumo da forma e da temática, Guimarães Rosa é um excelente prosador, um contador de histórias de primeira, e com certeza um artista que merecia reconhecimento internacional e um posicionamento de destaque entre os grandes escritores mundiais, e possivelmente o de melhor desta Terra de Vera Cruz.
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Pateta 19/12/2017

HISTÓRIAS PRA BOI NÃO DORMIR
Demorei muito para ler Guimarães Rosa – apesar da consagração da crítica, ficava com medo de ele ser um autor “regionalista” demais para o meu gosto. Bem, deixei o preconceito pra trás e fiz minha primeira leitura de uma obra sua. São 9 pequenas novelas, naturalmente umas melhores que outras, mas o conjunto faz justiça a todo o prestígio desse escritor. E o que há de “regional” nos textos acrescenta um tempero diferente e saboroso à leitura.
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Colégio Evolução 22/07/2017

Sagarana é o romance inaugural de Guimarães Rosa publicado em 1946, dez anos antes de Grande Sertão: Veredas. Nos diversos contos que fazem parte do livro, Rosa reproduz a linguagem do homem simples do sertão brasileiro, mas com a característica incomum em escritores brasileiros de tentar alcançar o universal, ou seja, de falar de temas presentes no espírito da humanidade em qualqu canto do mundo.
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Nat 07/07/2017

Livro para o Vestibular
Sagarana é um livro de contos, são 9 contos ao todo, e foi a primeira obra do Guimarães Rosa a virar livro, em 1946.
É possível traçar algumas semelhanças entre Sagarana e Vidas Secas, principalmente no tocante à linguagem regionalista, uso de vaqueiros como personagens principais. Sagarana, no entanto, pertence a terceira fase modernista brasileira, que é uma literatura de caráter universal e usa bastante a inventividade. Uma outra escritora desse período é a Clarice Lispector.
Em Sagarana vamos acompanhar personagens bem regionais, com linguagem simples e regional, histórias simples, cercadas por algum tipo de magia ou superstição (uma espécie de mistura entre catolicismo e espiritualismo). E sempre com animais também. E uma pitadinha de violência.
O título Sagarana é um neologismo, uma palavra criada de SAGA, de origem nórdica, que significa LENDA, e a terminação RANA, de origem indígena, que significa À MANEIRA DE. É um título que combina bastante com a obra, já que as histórias oscilam entre real e irreal. Os contos têm ares folclóricos, costumam começar com uma musiquinha ou quadrilha popular, ou até um “era uma vez”, e os animais, algumas vezes, se transformam em heróis. E, assim como as fábulas, Guimarães Rosa procurou dar uma moral da história, um sentido, a cada conto.
No tocante ao regionalismo, podemos dizer que todos os contos se passam no interior de Minas Gerais e tem essa pegada de mineiro.

site: https://www.youtube.com/c/PilhadeLeituradaNat
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Mariana 28/03/2017

Sagarana
O conto Conversa de bois é fascinante.
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Amanda 04/02/2017

Sagarana traz nove contos, muito bem escritos, sobre encontros, desecontros, tragédias e alegrias do homem do campo. Guimarães Rosa traduz com maestria o modo de vida interiorano. Seus textos são bem descritivos, embora as expressões regionais possam dificultar um pouco a compreensão.
É um ótimo livro, de um ótimo autor. Recomendo a leitura.
Ana 31/05/2017minha estante
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wesley.moreiradeandrade 11/01/2017

''De certo que eu amava a língua. Apenas, não a amo como a mãe severa, mas como a bela amante e companheira.''
(Carta de João Guimarães Rosa a João Condé, revelando segredos de Sagarana)

O trecho acima comprova o caráter especial da prosa produzida por Guimarães Rosa que escapa a qualquer fácil definição. Reduzir o trabalho de Guimarães ao rótulo de regionalista é não compreender o trabalho artístico e apaixonado que o escritor fez com a palavra. As novelas de Sagarana comprovam este fascínio com o que as palavras carregam de mistério e musicalidade e não somente aquelas que ditam o bom falar e escrever que até hoje é apregoado pelos mais puristas, mas também aquele jargão que encontramos na rua, no campo etc., entre quem, aparentemente, não domina a norma culta, e, no entanto contribui para a riqueza da nossa língua portuguesa e sua diversidade. Outra qualidade do autor de Grande Sertão: Veredas é a capacidade de universalizar aquilo que é local, afinal o jagunço, o boiadeiro, a lavadeira, o fazendeiro dos confins do sertão também compartilham sentimentos, dúvidas, crenças, afeto, comuns a todos nós.
Sagarana é composto por nove novelas: O burrinho pedrês, A volta do marido pródigo, Sarapalha, Duelo, Minha gente, São Marcos, Corpo fechado, Conversa de bois e A hora e a vez de Augusto Matraga. Todos ambientados no sertão (de Minas Gerais, Bahia e outros locais) principal matéria-prima necessária para o escrever do mestre da literatura modernista.
São estórias de malandragem, superação ou sinestesia animal, vingança, redenção pela religião (o elemento místico e religioso circula com naturalidade em muitas das estórias narradas neste livro e é uma constante na obra roseana), traição e amor. Guimarães Rosa é um artífice da linguagem e, claro, não podemos deixar de mencionar a inovação linguística na forma de narrar, incorporando o léxico do campo, propondo novas expressões (os tão comentados neologismos) e apropriando-se de outras palavras (os arcaísmos e os regionalismos, por exemplo) para ressignificá-las em suas estórias.
O leitor pode, num primeiro momento, estranhar as narrativas e a forma como foram elaboradas, mas Guimarães tem uma escrita muito próxima da oralidade e as novelas ganham um tom de um “causo” sendo contado por alguém a quem lê e o texto flui de uma maneira muito agradável até o final de cada uma das novelas.


site: https://escritoswesleymoreira.blogspot.com.br/2016/02/na-estante-55-sagarana-joao-guimaraes.html
Paula 23/01/2017minha estante
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eneida 24/11/2016

São nove contos, cada um com sua característica, mas a "mineirisse" está presente em todos eles, ora no vocabulário, ora na característica e perfil das personagens. Fácil identificar e relembrar alguns termos e expressões e também o típico mineiro do interior, além de admirar os famosos "neologismos", palavras, verbos e expressões inventadas, que são uma delícia de ler, engraçados e ás vezes podem até passar despercebidos. Muitos trechos ficam melhores ainda se lidos em voz alta. O burrinho pedrês - um burro velho, desacreditado por todos, que consegue no final o que todos os mais novos não conseguem. Sarapalha - o típico mineirinho que come quieto, contador de histórias, que quer se dar bem. Duelo - um marido traído que busca vingança da honra e no final sua vingança se dá por um capiauzinho a quem ele havia ajudado. Minha gente- um dos que eu mais gostei, Emílo, um jovem apaixonado por sua prima, que o confunde com mensagens de duplo sentido. São Marcos- o narrador, cego consegue se orientar pelos sons, cheiros e etc da natureza. Corpo Fechado -o amor de um capiau por sua mula e por sua noiva. Conversa de bois- também um dos que eu mais gostei, uma fábula em que os bois conversam e se voltam contra o mau para ajudar o menino Tiãozinho, muito bonito. A hora e a vez de Augusto Matraga- a eterna luta entre o bem e o mal, o prazer e o dever, o certo e o errado, dentro das pessoas.
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Naty 16/11/2016

A barata diz que tem cinco saias de filó. É mentira da barata, ela tem é uma só.
Vou dividir minha análise em cada conto em separado. O livro apresenta 9 contos e possui uma grande dificuldade narrativa pela minúcia descritiva e também pelos nomes diferentes e falar mais sertanejo dos personagens.
1] O burrinho pedrês
Percebe-se, nesse conto, uma descrição minuciosa do campo, das pessoas e de seus costumes. Tudo com um olhar familiarizado com o cenário e que consegue descrever cada detalhe com clareza e aptidão. A história do burrinho pedrês narra o episódio de um afogamento de grande parte dos bois e de alguns homens que dirigiam uma boiada. Esse burrinho consegue salvar o homem montado em coma dele. A despeito de ser o animal mais velho, é o que consegue melhor aguentar o caminho e enfrentar os problemas.
Guimarães Rosa adota uma linguagem um tanto que truncada e que aborda tudo minuciosamente desde o cenário até a sociedade e retrata, através de relatos, outras histórias também com o tema campo.
2] A volta do marido pródigo
Lalino, espécie de personagem principal, quer vida de prazeres no exterior e, para isso, sai de sua terra. Lá, sua mulher já estava com outro homem e as pessoas rejeitavam sua atitude e sua presença. No entanto, assim como ocorre com o filho pródigo, que volta e ganha mais honra que antes, ele consegue impor respeito e começa a trabalhar com o coronel local arranjando sua candidatura. Ele consegue montar planos traiçoeiros e bem planejados que acabam com os inimigos do coronel além de conseguir escapar de qualquer aperto. No final, acaba reconquistando sua mulher e vencendo, por assim dizer.
A linguagem continua truncada, mas um pouco menos que antes (talvez pelo costume). A história consegue impor mais ritmo e chega a entreter. A realidade retratada é, de novo, o campo. A compra de votos fica muito evidente nesse conto e a visão que as pessoas têm dos imigrantes também é bem interessante.
3] Sarapalha
Essa história já começa com dois primos acometidos pela malária sofrendo acessos da doença e conversando de seus problemas um com o outro. Um deles tinha uma mulher que se foi de casa por outro homem e seu real marido ainda se dói pelo fato. O que ele não sabe é que o primo que ele julga ser seu amigo só foi para lá atrás de sua mulher e, a partir do momento em que o outro primo conta os seus reais motivos para terem ido ficar ali, o seu primo o expulsa da fazenda e este, também acometido com a malária, implora a misericórdia de seu primo o que não funciona e ele acaba indo embora e, bem neste momento, um dos seus acessos começa a acontecer.
Esse foi um conto um tanto que fútil e rápido. Até o próprio Guimarães Rosa diz que esse é o conto que ele menos gosta.
4] Duelo
Um homem vê sua mulher o traindo com outro e, como forma de vingança, tenta matar esse homem, mas acaba matando o irmão do cara. O que perdeu o irmão persegue o outro, mas acaba pegando uma doença. Antes de morrer, ele ajuda um homem pobre a salvar a vida de seu filho o que lhe rende grande respeito desse jovem e, na hora de sua morte, ele promete matar o rival do falecido.
O homem traído pela mulher do início, alegre por saber que seu arco inimigo estava morto, volta para casa e, no caminho, encontra o homem ajudado pelo seu arco inimigo que o aborda pacificamente, o reconhece e depois o mata.
Esse conto tem uma linguagem um pouco mais fácil e um encadeamento lógico também mais acessível, mas conserva sua linguagem típica da região e sua abordagem convincente dos locais que descreve.
5] Minha gente
Essa história fala muito dos sentimentos que o protagonista mutria por sua prima e todo o tempo que passou tentando conquista-la sendo que ela não o queria e, depois de algumas andanças, ele conhece a amiga de sua prima e ele acaba ficando com essa menina e sua prima se casa com o antigo noivo de sua amiga.
É uma história um tanto que focada nas relações pessoais do povo do campo e no amor. A política é uma das partes que mais me chamaram a atenção, pois revela a compra de votos e o enfrentamento de coronéis rivais.
6] São Marcos
Esse é um dos contos mais descritivos e demorados de todos. Mesmo com poucas páginas, ele é bem cansativo. O protagonista desdenha de feitiçaria e de coisas místicas, mas conhece uma reza que muitos dizem ser braba. Ele desdenha tanto que o cara feiticeiro do lugar faz um boneco dele e coloca uma venda nos olhos. Ele perde a visão e se perde na mata.
Sem olhos, a descrição dos sons se exacerba. Depois de muito se bater no maio do mato, ele consegue sair e faz a tal reza que conhecia, fica forte, tem visão restaurada e vai atrás do feiticeiro que o fez isso. Ele quase mata o tal mago e aí acaba o conto.
Aqui há uma descrição da natureza e da cultura religiosa desses locais de forma magistral e chata, muito, muito chata.
Foi, para mim, bem sem sentido essa história, mesmo sabendo do trabalho que deve dar para criar uma história dessas. O retrato da sociedade rural é espetacular e respeitável, mas de resto a história não marca o leitor ou não me marcou de maneira nenhuma. Como Drummond diz em Claro Enigma (não é exatamente assim): “do que vale a estética se não emociona.
7] Corpo fechado
Um dos contos que mais gostei
A fim de explicar o que era sangue de Peixoto, o narrador conta a história de um homem que sempre vivia bêbado e quem o salvava nesses dias era sua mula, muitíssimo estimada por ele, e que ele não vendia por nada. Até que um homem insulta sua honra e ele pega grande raiva do sujeito. Com isso, um feiticeiro chega e fecha o corpo do homem em troca da mula dele. Fechar o corpo evitava que o homem morresse de tiro e foi aí que ele, com raiva e com o corpo fechado, mata seu adversário e se casa.
Vira, a partir daí, o valentão da cidade. Essa foi uma das histórias que li mais rapidamente e chega a ser bem engraçada. A sociedade rural e suas relações de chefia (tipo xerife) são abordadas de forma bem-humorada.
8] Conversa de bois
Essa história também é bem interessante. Os bois e seus pontos de vista quanto aos homens são muito bem entrelaçados com a poesia de Drummond, um boi vê homens. Ambos adotam o mesmo desprezo para com a raça humana e sua maneira de pensar. Os bois até ficam tristes, pois, de tanto conviver com a espécie humana, acabam conseguindo pensar um pouco como eles.
Interessante o caso de um boi que exalta o pensamento dos homens e sua esperteza e diz que já conseguiu alcançar o mesmo nível de raciocínio dos homens. Pena que é ele mesmo que morre dentre todos os bois.
No meio disso, a história tocante de um menino que tinha o pai cocho que acabou morrendo. Enquanto vivia, o pai do menino sofria muito, pois sua mulher o traia com outro homem bem na cara de seu próprio filho. O menino tem um ódio muito grande desse homem e os bois também. Até que, quando eles estavam levando os bois para pastar, os bois perceberam que se o carro se movesse mais rápido o homem morreria e foi assim que eles mataram o homem.
Uma outra parte desse conto se parece muito com a poesia de Drummond Cantiga de Enganar, nessa parte os bois desprezam os nomes que os homens lhe deram negando-os veementemente e colocando em voga sua força perante a situação. Essa história também flui bem mesmo que a história seja um pouco triste e as coisas demorem um pouco de acontecer. Em contrapartida, acompanhar tudo sobre a visão dos animais é, além de inovador, bem interessante.
9] A hora e a vez de Augusto Matraga
Essa história é a mais conhecida e conta a história de um homem que, resumindo, era muito mau e, depois de quase morrer, se torna muito bom e acab defendendo uma vila e morrendo para salvar as pessoas.
O que se aborda muito sobre esse conto é a quebra com o maniqueísmo em que um homem antes mal se torna bom, mas não deixa de ter características más o que destrói aquela ideia de que ou a pessoa é boa ou má.
Em resumo, foi um livro difícil, principalmente no princípio. Depois, fui me acostumando, mas não foi um livro que gostei de ler. O trabalho do narrador é muito grande, mas “não comove” muito.
Queria ter gostado mais, mas percebo as características que tornam essa obra especial.
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Rodolfo Vilar 27/10/2016

Sagarana (ou a experiência de um leitor que achou que encontraria algo que não achou) | João Guimarães Rosa. 
Será um pouco impossível encontrar informações relevantes sobre o livro que dá título a este post, uma vez que isto que você está lendo irá se tratar mais de um momento de experiência do que propriamente uma resenha válida. Desculpa se o tom desse texto permear para um lado tanto dramático ou meloso sobre alguns fatos que me decepcionaram, e não, não se trata de decepção relacionada ao livro, mas sim sobre os inúmeros boatos e críticas que me acompanharam antecipadamente à leitura de Sagarana do ilustríssimo João Guimarães Rosa.

Há muito tempo que esse pequeno (sim, ele é pequeno) livro de contos (ou novelas) está na minha lista de leituras, e nunca que havia criado coragem para lê-lo, por motivos de: Nossa, que livro difícil de ler! Impossível encarar um livro com uma linguagem tão rebuscada como o do Guimarães! Não consigo entender o que diabos esse autor quer passar nos seus textos! Não, definitivamente esse livro não faz meu estilo! Que droga, só consegui ler O caso do Burrinho Pedrês.
Balela, balela e balela!

Tudo bem que Guimarães é bem especifico em seu estilo narrativo, mas dizer que ele inventou uma nova linguagem para seus livros é fazer drama demais. O que acontece nas obras de Guimarães Rosa nada mais é que uma réplica narrativa dos inúmeros “causos” e histórias que ele tanto ouviu na sua própria infância como também nas experiências que passou para coletar panos de fundo para seus romances. A linguagem narrativa de Guimarães é uma réplica exata do modo de falar do povo nordestino, o que para muitos, principalmente para aqueles que não estão acostumados com nossos trejeitos (sim, porque me incluo no sangue nordestinês) é algo estranho de ser lido e compreendido de maneira tão rápida e veloz.

Ler Sagarana, que apenas se resume em nove novelas sobre algumas histórias, folclóricas ou não, sobre os “causos” de alguns moradores do interior baiano e mineiro, foi uma maneira de recuperar, em mim, vários momentos que tive com meus avós e minha gente mais velha. Ler Sagarana foi estar de volta ao sitio onde passei alguns momentos de minha infância nas férias, ouvindo minha gente contando seus momentos mais preciosos, seus casos cabeludos, suas histórias de vingança e fé. Ler Sagarana foi resgatar uma parte do meu espirito folclórico e cultural. Foi lembrar-se das minhas origens e do meu povo, do povo nordestino, das muitas vozes que dão importância ao que o Brasil, e principalmente o interior, é.

O que muitos podem achar complicado na leitura dos livros de Guimarães Rosa, assim também presentes em outros autores como José Saramago, é a imensidão da polifonia incontável de seus personagens, o que dá o volume da narrativa do mineiro. Além das virgulas, travessões e demais pontuações, Guimarães Rosa incorpora a voz do interior aos seus enredos, fazendo com que pessoas, lugares, animais em alguns casos, se tornem a própria história em si. Para aqueles que estão acostumados com muitas das narrativas já desgastadas de inúmeros best-sellers, ler os escritos desse autor é uma tarefa que foge da rotina, já que Guimarães tinha o grandiosíssimo trabalho de interpretar em seus manuscritos a forma vívida da qual ele enxergava as coisas pulsantes de vida.

​Por isso que lá no inicio desse texto comecei deixando transparecer a minha reclamação quanto a imensidão das críticas, sem lógicas, que fazem do pobre Guimarães. Não culpem a grandiosidade do autor com a imensidão da preguiça que possa existir dentro de cada um que achou seus textos enfadonhos e sem sentido. Ler Guimarães Rosa é entender um pedaço do próprio sertão que o autor carregava dentro si, perante seus olhos e diante de seus sentimentos. Acompanhar as leituras do ponto narrativo desenfreado, que é a forma como o nordestino conta os seus “causos”, é conhecer as mil faces do sertanejo que encara por dia a questão da seca de sua terra, a preocupação com a família, a fé exagerada que ultrapassa a razão, a moralidade dos costumes que fogem questões do certo ou errado, e até mesmo, a forma da felicidade com que o sertanejo enxergava a sua terra, seu povo, seu lar. Pegue em mãos qualquer livro do Guimarães com o sentido de que você estará lendo a forma de enxergar o sertão de nós todos de uma forma esperançosa, culturalmente rica e cheia dos caprichos que só a natureza (e Deus) podem oferecer.

site: http://bodegaliteraria.weebly.com/biblioteca/sagarana-ou-a-experiencia-de-um-leitor-que-achou-que-encontraria-algo-que-nao-achou-joao-guimaraes-rosa
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Carina 25/09/2016

Virei leitora de Rosa antes ainda da obrigatoriedade de Sagarana no vestibular (livro que continua na lista, dez anos depois de ter prestado a prova). E, ao contrário de tantas obras lidas na adolescência que se tornaram mais claras para mim com o passar do tempo, os textos roseanos ainda são pequenos mistérios, carregados de possibilidades que ainda não desvendei.

Lembro-me de, aos 16, 17 anos, ter gostado muito do conto "Conversa de bois", um dos últimos do livro. Ainda que pelo seu tom fabulesco e plot twist sensacional continue sendo uma das minhas narrativas preferidas, duas outras vieram somar-se à minha lista de idiossincrasias: "Sarapalha" e "A hora e a vez de Augusto Matraga".

"Sarapalha", conto de pouca ação, é extremamente delicado ao lidar com o tema da morte, da solidão e da necessidade de perdoarmos uns aos outros. Para mim, talvez seja o conto mais triste e comovente do conjunto.

"A hora e a vez..." é, como Guimarães próprio definiu, o ápice do livro: uma história bem elaborada, passível de diversas leituras, prenhe de significados. E, como última narrativa da obra, funciona como uma espécie de "final feliz": é uma bela história de perdão e amor ao próximo.
Dani 05/11/2016minha estante
Oi, Carina. Pedi um livro seu pelo Plus há mais de um mês. Mandei algumas mensagens para você, mas, como não sei se as está recebendo, resolvi escrever por aqui. Obrigada!




SILVIA 30/05/2016

Um dos meus escritores preferidos
Meus comentários estão no Blog Reflexões e Angústias:
http://reflexoeseangustias.com/2016/05/30/livro-sagarana-de-joao-guimaraes-rosa/

site: http://reflexoesdesilviasouza.com/livro-sagarana-de-joao-guimaraes-rosa/
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Hilton Neves 14/12/2015

Os Bãos São os Difíceis
Tive uma preocupante dificuldade enquanto lia. Embora tenha crescido perto(umas três horas de carro) de onde o autor nasceu e sucedeu a maior parte das ações nos contos.
Guimarães Rosa demonstra um baita conhecimento em diversas áreas; ao passo que sou péssimo em botânica, ictiologia, e toda a vida no campo. Mas fiz um esforço e, graças a Deus, consegui ler tudo.
Formidável a maneira como ele humaniza as personagens... cê não acha o pessoal lá tão vilão, nem tão herói.
... ;-) O Skoob podia aprender com ele, né? Cê quer dar 3½ estrelas, por exemplo... e não encontra! Ou quatro, ou três. Até quando?
Micael81 18/12/2016minha estante
Eu li teu comentário no goodreads, traduzido pro inglês :).


Hilton Neves 02/03/2017minha estante
Que maneiro, Mica! Faço uns lá dveq assim, é divertido.




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