Resenhas - Um Artista do Mundo Flutuante

Julio.Argibay 10/10/2024

Flutuante
Um artista do mundo flutuante é um romance escrito pelo japonês Kazuo Ishiguro. A obra é bem intimista, que se baseia nas lembranças de um pintor japonês, famoso e já aposentado. O sr. Masuji Ono mora numa casa destacada na cidade, bem construída ecde uma pessoa importante da cidade, chamada Akira Sugimura. O pintor tinha um filho, chamado Kenji, mas este foi morto na guerra. Além desse filho, ele teve mais duas filhas. A mais velha chamada Setsuko já casada e a mais nova chamada  Noriko. Seu neto de 8 anos se chamama Ichiro. Na época, ele está negociando o casamento de Noriko. O sr. está tenso com as negociações, pois a família ficou frustrada depois de uma desistência na última negociação. O sr. Ono frequentava um barzinho chamado Migi-Hidari, cuja dona se chamava sra Yamagata. Atualmente, há montes de tijolos e madeira quebrados próximo ao bar, devido as bombas lançadas pelos americanos na guerra. Ele relembra dos alunos que estudaram com o aposentado. Ele tem a percepção de que há uma ideia geral na sociedade japonesa, que os mais velhos foram culpados pela morte de tantos jovens na guerra. O pintor lembra que quando era jovem trabalhava para o ?estúdio? do mestre Takeda. O pai do pretendente da filha se chamava dr. Saito e ele tem modos cálidos e alegres e já se conheciam antes das negociações do casamento. Certo dia, ele foii visitar um amigo antigo chamado sr. Matsuda e eles falam sobre o casamento da filha e a possível visita de um detetive da família do noivo Taro Saito para pesquisar sobre a família dele. Esse é um procedimento comum na época. Em seguida, acontece a reunião com a família dos noivos, miai. A técnica que o pinto utilizava quando jovem era retratar o ?mundo flutuante? da cidade, ou seja, o mundo noturno, de prazer, entretenimento e bebida. O sr Ono pensa muito a respeito de suas posições políticas antes da guerra, quando apoiava o imperador e no que isto poderia prejudicar o casamento da filha.  Este pensamento era comum entre os mais antigos. Inclusive um amigo chamado dele, sr. Naguchi, se suicidou depois do Japão ser derrotado. Ainda relembrando o passado, o pintor aposentado, quando jovem, trocou o seu tutor e foi trabalhar e estudar com o famoso artista Mori-san. Ele passou anos com o tutor na casa de campo, mas depoisele rompeu com o pintor, devido a sua vontade de mudar de estilo.  Assim, após se aposentar o sr. Ono passa algum tempo com as filhas e brincava com o neto.

Sté 02/08/2024

Ok.
A estória, todo o enredo e etc são muito bons, porém achei, no geral, uma leitura que não sai do lugar.
Esperava mais, ainda mais no final.

Wash2 02/07/2024

Complacência
"Complacência" é o nome dado a um quadro pintado pelo protagonista em um momento importante de seu passado. E também é uma palavra que, de alguma forma, caracteriza a história do livro.

A narrativa de Kazuo Ishiguro, em primeira pessoa, é muito boa. Leve, fluida e com bons diálogos. O ambiente (o Japão pós segunda guerra) e a cultura também são muito bem desenvolvidos.

Porém, depois de relevar como o protagonista se envolveu numa arte utilitária, engajada, em favor do governo e política da época, Kazuo atenua o envolvimento dele, ou seja, é complacente com o seu destino. A história então perde a tensão no final. Nada acontece senão uma auto absolvição que, para mim, pareceu bem questionável.

"(...) tudo o que fizemos, na época, foi de boa-fé. Claro, demos alguns passos ousados e muitas vezes fizemos coisas com excessiva determinação; mas isso sem dúvida é preferível a nunca questionar as próprias convicções por falta de vontade ou de coragem".

Cami 26/04/2024

Um texto simples mas muito difícil de engrenar.
A história é o retrato dos pensamentos de um idoso que faz viagens intercalando passado e presente, em um cenário pós guerra e de cotidiano familiar. Você até lê esperando alguma coisa além disso - não por ser simplório, mas porque não atrai - , mas é isso.

Claudio.Berlin 13/03/2024

Sutil e expressivo
Masuji Ono , um pintor , artista, fala de sua relação com a família, de suas atividades pré e pós segunda guerra mundial.
Rememora sua carreira , seus pensamentos, sua obstinação e seu amadurecimento profissional e pessoal.
A relação amorosa com as filhas e o neto é colocada de forma muito interessante.
Masuji reflete e tem consciência de suas atitudes positivas e negativas e suas consequências , e procura viver em paz com seu passado .
A transição de um Japão arcaico , influenciado pelos americanos, é bem colocada no relato.
O que mais me impressionou , foi a delicadeza, o respeito, a educação, nas relações interpessoais no Japão.
Os rituais diversos da rica cultura japonesa .
Esses aspectos dos costumes do Japão, foram uma grata surpresa.
Eu que sabia muito pouco da cultura do país , fiquei fascinado .
Chama a atenção, o fato de não haver uma história da forma como estamos acostumados.
São lembranças que vão se interconectando .
Acredito que esse fato possa ser tedioso para alguns .
Eu fiquei fascinado.

Renata1004 06/01/2024

Narrativa do ordinário
É uma leitura interessante! Não achei tão envolvente, mas a simplicidade me deixou um sentimento agradável.

Ono, pintor e aposentado, lutou para construir uma carreira extraordinária. Suas intenções e ambições o levaram a refletir, após a redenção do Japão na 2aGM, se suas ações foram corretas ou não durante aquele período.

A história vai acontecendo de forma ordinária porque trata de acontecimentos do seu dia a dia; a busca por um marido para sua segunda filha, a conexão com seu neto, a interação com amigos do passado, a adaptação da conjuntura política, as críticas (autocrítica, principalmente), lembranças? Enfim, acho que se trata da busca pela sua própria redenção.

O personagem me cativou, se despiu de vaidade e orgulho para contar sua história. Eu recomendaria, ainda mais por ser uma outra cultura, tem muitos detalhes interessantes.

Patricia 30/09/2023

Mais um maravilhoso livro do Kazuo. A escrita desse autor consegue me prender em qualquer tipo de história. Aqui, nesse livro ele apenas narra os dias do personagem e suas lembranças do passado, e mesmo assim consegue fazer com que eu não queira desgrudar do livro. A história se passa em um momento decisivo do Japão, em um momento de "virar a página". Senti que houve um choque de gerações, dos mais velhos que apoiaram a posição do país na segunda Guerra e dos mais jovens que acabam tendo de sofrer as consequências dessa escolha. A narrativa do Ono, sob seu ponto de vista, me deixou com algumas dúvidas. Não sei bem ao certo se o seu papel durante a guerra realmente foi tão significativo ou se, em sua velhice, ele apenas tá se dando mais importância do que realmente tece, seja para o bem ou para o mal. E também fiquei com a questão na cabeça "será que a sociedade workaholic que o Japão tem hoje não é consequência de toda uma geração se esforçando ao máximo para mostrar ao mundo como país tinha mudado, para mostrar o valor deles através do trabalho e também para mudar o país através desse mesmo trabalho? E que após isso, as gerações seguintes apenas se espalharam no exemplo e assim continuam até hoje?"
Bem, como sempre acontece com esse autor, ele vai me deixar um bom tempo pensando sobre seu livro.

Lusia.Nicolino 10/09/2023

Nossas escolhas norteiam nosso caminho
O artista de quem nos fala Ishiguro é Masuji Ono. Da tranquilidade de sua aposentadoria ele revê a vida e seus momentos turbulentos, como quando desafiou o pai para seguir sua vocação artística ou quando buscou espaço entre a arte tradicional japonesa para uma produção propagandística a serviço do país durante a Segunda Guerra. Com que sequelas da derrota e da reconstrução do país ele seguiu? Sua conduta, apesar de pintor renomado, interferiu nas negociações para o casamento de sua filha caçula? Que paralelo podemos traçar entre o velho artista e seu neto que esbanja referências estadunidenses? Uma viagem pelo país e pela vida do outro. Ler é poder alargar a mirada mesmo sem sair do lugar!

Quote: "Três ou quatro noites por semana, ainda me vejo descendo o caminho para o rio e a pontezinha de madeira que alguns que vivam aqui antes da guerra conhecem como a Ponte da Hesitação. Nós a chamamos assim porque até pouco tempo atrás, ao atravessá-la, você era levado ao nosso bairro do prazer, onde homens de consciência pesada – era o que diziam – podiam ser vistos vagando, hesitando entre o divertimento noturno ou voltar para suas esposas em casa. Mas se às vezes sou visto nessa ponte, pensativo, debruçado no parapeito, não estou hesitando. Simplesmente gosto de parar ali ao pôr do sol, observar minha vizinhança e as mudanças que ocorreram à minha volta."

site: https://www.facebook.com/lunicolinole https://www.instagram.com/lu_nicolino_le

PollianaCaetano 08/09/2023

Não deu match dessa vez!
Depois dessa leitura, deu vontade ler outras coisas desse autor, pois o livro é bem escrito, com uma leitura bastante fluida. Demorei um pouco para entender que as datas titulo dos capítulos, eram, na verdade, o momento em ele estava refletindo sobre os ocorridos, mas isso é inteiramente um problema pessoal e não da estrutura do texto.
Com relação à história em si, eu pessoalmente não gostei. NA MINHA OPINIÃO, a forma arrastada da história prejudicou a fluido natural do texto. Eu lia, lia, lia, lia e a história parecia não avançar. Os personagens também foram um problema para a minha conexão com a história, pois não consegui me envolver com nenhum dele - principalmente com o protagonista.
Particularmente acredito que comecei a ler esse autor pelo livro errado, pois goste muito de sua escrita. Infelizmente não tive match com esse livro, mas oriento que você leia e tire a sua própria conclusão.

Zeli Giovana 21/08/2023

O livro conta a história de três gerações de uma mesma família, num Japão pós segunda guerra mundial. O patriarca da família narra a história de sua vida, intermeando acontecimentos do passado e do presente. Ele revisa várias decisões de sua vida que acabaram afetando sua família no presente, bem como questiona os rumos do Japão sob dominação americana, na figura de seu neto. Livro muito interessante para conhecer esse período da história japonesa.

FerBonomo 01/08/2023

Um retrato da vida
No Artista do Mundo Flutuante, Kazuo vai nos levando pelas lembranças do senhor Ono, um artista que viveu os tempos das guerras e pós guerras e soube se adaptar aos obstáculos para seguir vivendo bem! Dentro de seu contexto histórico e cultura, é um lindo relato sobre como a vida flutua e nós temos que ir nos adaptando ao longo dos anos!
É necessário fazer um distânciamento histórico para conseguir curtir cada momento do livro; é preciso entender o tempo e a cultura em que a história vai sendo contada, senão fica difícil gostar dela, pelos olhos de hoje e do ocidente!

jamilesdutra 03/07/2023

Estava muito ansiosa para ler uma história do Kazuo Ishiguro, e um Artista do mundo flutuante é um belo cartão de entrada. A obra trata de Masuji Ono, um renomado pintor japonês que já não tem tanta certeza acerca do bem que a sua carreira trouxe a sociedade japonesa durante o período da 2ª Guerra Mundial. Os seus conflitos morais são muito bem representados e transmitem bem o sentimento do pós guerra japonês: uma geração mais velha que não quer dar o braço a torcer para o Ocidente, de frente com uma geração jovial que acredita que há mais a ganhar do que perder abrindo as portas para o resto do mundo.

Intrinsecamente, o livro é um grande estudo do mundo feito a partir dos olhos do protagonista; a fluidez entre as diferentes histórias narradas é admirável e me pareceu extremamente confortável ouvir tudo o que Ono tinha a contar, desde a sua trajetória na carreira artística até os arranjos do casamento de sua filha mais nova.

Não é exatamente perfeito, mas não sei se isso realmente importa tendo em vista todas as reflexões que essa leitura me proporcionou. Extremamente recomendado.

Anderson 30/06/2023

Slice of live no Japão pós guerra
Ono, um japonês tradicional que teve suas ações e reputação colocadas em cheque durante o processo de casamento de sua filha mais nova. Ambientado logo após a segunda guerra, temos uma descrição do Japão, e seus habitantes, pelos seus olhos.

A estória é bem monótona, sem grandes acontecimentos, mas ainda assim traz uma visão pouco conhecida no ocidente de como foi o choque de gerações logo após a segunda guerra mundial, sendo os mais velhos arredios com as mudanças causadas pela influência americana, e os mais novos com desprezo pela geração que apoiou a participação do Japão.

A narrativa é fluída, até mesmo agradável, mas sem grandes emoções.

Fabio293 26/06/2023

E não aconteceu nada
O livro é muito bem escrito mas fiquei o livro todo esperando algo acontecer. As páginas passavam e nada acontecia. É isso uma história em que nada acontece

Klelber 22/06/2023

Muito bom
Masuji Ono, protagonista e narrador deste primoroso romance do vencedor do prêmio Nobel de literatura, é um homem de seu tempo. Pintor de grande renome do Japão antes e durante a Segunda Guerra Mundial, ainda jovem Masuji desafiou o pai para seguir a vocação artística e, durante seu desenvolvimento criativo, lutou contra as amarras da arte tradicional japonesa para dar lugar a uma produção propagandística a serviço de seu país. Usando a influência de que gozava perante as autoridades do governo imperial, Ono buscava ajudar pessoas de bem em situações menos favorecidas do que a sua.
Ambientado nos anos imediatamente após a rendição, o romance descortina a vida de Masuji já aposentado, procurando entender as mudanças vividas pelo país e impressas na mentalidade da geração mais jovem, da qual fazem parte suas duas filhas. Ao procurar entender por que as negociações para o casamento da mais nova delas foram abruptamente interrompidas, o protagonista se vê levado a rememorar sua vida de artista e professor respeitado e a enfrentar a consequência dos próprios atos no destino de seus descendentes.
Retrato comovente de um momento histórico cujos desdobramentos se veem até os dias de hoje, Um artista do mundo flutuante é também um poderoso romance sobre a velhice, a culpa e a passagem do tempo.